Amaro, Amanda Cristina Esteves

Ferreira, Gisela

Silvério, Evandro Rodrigues Vargas

Zucareli, Valdir

Portuguese

Archives of the Faculty of Veterinary Medicine UFRGS

NOTA CIENTÍFICA  Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 840-842, jul. 2007   Introdução O Brasil ocupa lugar de destaque mundial por produzir e comercializar grande número de espécies de anonáceas. A família Anonaceae possui mais de 120 gêneros e algumas centenas de espécies, destacando-se os gêneros Rollinia e Annona [1, 2] A Annona squamosa L. é conhecida popularmente como fruta-do-conde, pinha ou ata. Originária das terras baixas da América Central, foi introduzida no Brasil pelo Conde de Miranda, o que explica o nome “fruta-do-conde”. Muito cultivada no Brasil, desenvolve-se bem em regiões de clima quente [2]. A polpa do fruto é perfumada, doce, de sabor agradável [1]. Numa produção comercial de mudas há interesse tanto na uniformidade como na porcentagem de sementes germinadas. Para algumas espécies a luz constitui fator de importância na germinação das sementes e sobrevivência das plântulas [3]. De acordo com a sensibilidade à luz as sementes são classificadas em fotoblásticas positivas, fotoblásticas negativas, e não fotoblásticas ou indiferentes à luz [3, 4]. Esse requerimento de luz para a germinação das sementes, em algumas espécies, é fortemente influenciado pela temperatura [5].  Segundo Bewley & Black [6], é importante a determinação das temperaturas mínima, ótima e máxima para a germinação das espécies, pois, a temperatura ótima propicia a máxima porcentagem de germinação em menor espaço de tempo, enquanto sob temperaturas máxima e mínima as sementes pouco germinam. De acordo com os mesmos autores a temperatura pode afetar a absorção de água e as reações bioquímicas que regulam o metabolismo envolvido nesse processo, sendo a faixa de temperatura dentro da qual as sementes podem germinar característica de cada espécie. Referindo-se a trabalhos realizados com sementes de anonáceas, Ferreira et al. [7] estudaram o efeito do GA3 e da temperatura na germinação de sementes de dois cultivares de atemóia e concluíram que a temperatura alternada 20-30ºC por todo o período germinativo das sementes, foi mais adequada para germinação.  De acordo com o exposto, o presente trabalho teve como objetivo estudar a influência da luz e da temperatura na germinação de sementes Annona squamosa L..   Material e métodos O experimento foi instalado em delineamento experimental inteiramente casualizado, em esquema fatorial 4x2 (temperatura x fotoperíodo) com 5 repetições de 20 sementes por parcela. Foram empregadas 4 condições de temperatura (20ºC, 25ºC, 30ºC e temperatura alternada 20-30ºC, 8 e 16 horas, respectivamente) e duas condições de fotoperíodo (8 horas de luz e escuro constante).  As sementes foram tratadas com fungicida Captan® (2g kg-1) e, em seguida, colocadas para germinar em caixas tipo gerbox sobre duas folhas de papel umedecido com água destilada na proporção de duas vezes e meia o peso seco do papel [8]. As caixas foram mantidas em câmaras de germinação e a contagem do número de sementes germinadas foi realizada diariamente durante 30 dias, sempre em sala escura sob luz verde. Foram consideradas germinadas as sementes que apresentaram raiz primária com aproximadamente 2 mm de comprimento [9]. Ao final do experimento foram calculados a porcentagem de germinação [9], o tempo médio e a velocidade média de germinação [10]. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Para os dados da porcentagem de germinação foi utilizada a transformação arco-seno da raiz de x/100 e para os dados de tempo e velocidade de germinação foi utilizada a transformação raiz de x+0,5.  Resultados e discussão Não foram observadas interações entre os fatores avaliados, mas diferenças significativas entre as condições de temperatura cujo desdobramento é apresentado na Tab. 1. Observa-se, na tabela 1, que as sementes submetidas temperatura de 20ºC não apresentaram germinação, o que corrobora com a informação de Kavati [2] de que esta é uma espécie de regiões com clima quente. A maior média para porcentagem de germinação foi obtida na temperatura de 30ºC (71,5%) o que não diferiu significativamente do tratamento com temperaturas alternadas (62%). Estes resultados assemelham-se dos Luz e Temperatura na Germinação de Sementes de Annona squamosa L. Valdir Zucareli1, Gisela Ferreira2, Evandro Rodrigues Vargas Silvério3 e Amanda Cristina Esteves Amaro4 ________________ 1. Aluno de Pós-Graduação do Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista. Distrito de Rubião Junior, s/n. Botucatu, SP  2. Professora Doutora do Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista. Distrito de Rubião Junior, s/n. Botucatu, SP. CEP 18618000, CP-510. E-mail: gisela@IBB.unesp.br.  3. Biólogo estagiário do Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista. Distrito de Rubião Junior, s/n. Botucatu, SP 4. Aluna do curso de Ciências Biológicas do Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista. Distrito de Rubião Junior, s/n. Botucatu, SP.  Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 840-842, jul. 2007  841 encontrados por Ferreira et al. [7] em sementes de atemóia, que obtiveram maiores médias de germinação com uso de temperatura alternada 20-30ºC. Em contrapartida as sementes sob temperatura constante de 30ºC apresentaram menor tempo e maior velocidade média de germinação quando comparadas às demais temperaturas, mas não diferiram quanto ao fotoperíodo. Resultados semelhantes foram mencionados por Godoi & Takaki [11] que obtiveram maior porcentagem e velocidade de germinação de Cecropia glaziovi na temperatura 30°C. Conclui-se que as sementes de Annona squamosa apresentam-se indiferentes às condições de luz empregadas e que as temperaturas mais elevadas favoreceram o processo germinativo.  Referências [1] MANICA, I. 1997. Taxonomia, Morfologia e Anatomia In: SÃO JOSÉ, R.; SOUZA, I.V.B.; MORAIS, O.M. & REBOLÇAS, T.N.H. Anonáceas: Produção e Mercado (Pinha, Graviola, Atemóia e Cherimólia). Vitória da Conquista-BA: DFZ/UESB. p. 20-31. [2] KAVATI, R.O. 1992. Cultivo de atemóia. In: DONADIO, L.C.; MARTINS, A.B.G. & VALENTE, J.P. Fruticultura tropical. Jaboticabal, FUNEP, p. 39 – 70. [3] BORGES, E.E.L. & RENA, AB. 1993. Germinação de sementes. In: AGUIAR, I.B., PINÃ-RODRIGUES, F.C.M. & FIGLIOGLIA, M.B. (ed). Sementes florestais tropicais. Brasília: Abrates, p.83-135. [4] CARVALHO, N.M. & NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4 ed. Jabuticabal: Funep, 588 p. [5] SMITH, H. 1975. Light quality and germination: ecological implications. In: HEYDECHER, W. Seed ecology. London: Buttrworth, p.131-219. [6] BEWLEY, J.D. & BLACK. M. 1994. Seeds: Physiology of development and germination. New York: Plenarum Press, 445p. [7] FERREIRA, G.; RODRIGUES, J.D..; DIAS, G.B.; DETONI & A.M.; TESSAR, S.M. 2002. Semillas de atemoya (Annona cherimola Mill x Annona squamosa L.) cv. ‘Thompson’ sometidas a temperaturas y concentraciones de ácido giberélico. In: Congreso Internacional De Anonáceas. Chile Quillota – LaSerena. Memorias... Universidade Católica de Val Paraíso. p.16. [8] BRASIL, 1992. Ministério da Agricultura. Departamento Nacional de Produção vegetal. Divisão de Sementes e Mudas.  Regras para análise de sementes, Brasília, 188p. [9] HADAS, A. 1976. Water uptake and germination of leguminous seeds under changing external water potential in osmotic solution. Experimental of Botany, p.480-489. [10] LABOURIAU, L.G. 1983. A germinação de sementes. Washington: Organização dos Estados Americanos, 174p. [11] GODOI, S. & TAKAKI, M. Efeito da temperatura e a participação do fitocromo no controle da germinação de sementes de embaúba. Revista Brasileira de Sementes, vol. 27, n.2, p.87-90, 2005.     Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 840-842, jul. 2007  842Tabela 1: Germinação, tempo e velocidade de germinação em sementes de Annona squamosa em função do fotoperíodo e da temperatura.  Germinação (%) Tempo (dias) Velocidade (sementes/dia) Temperatura Luz Escuro Média Luz Escuro Média Luz Escuro Média 20ºC 0 0 0 c - - - d 0,000 0,000 0,000 d 25ºC 34 58 47,5 b 13,19 12,17 12,68 b 0,076 0,082 0,079 b 30ºC 71 72 71,5 a 10,32 9,59 9,95 c 0,098 0,105 0,101 a 20-30ºC 59 65 62 ab 14,74 14,37 14,55 a 0,067 0,069 0,068 c Média 41,75 A 48,75 A  9,56 A 9,03 A  0,060 A 0,064 A  F          Fotoperíodo 2,53 ns 3,51ns 3,12ns Temperatura 91,80** 1354** 442** Fot. X Temp. 1,05 ns 0,615ns 0,64ns CV. % 22,62 4,39 0,6 Médias seguidas de letras iguais, maiúsculas na linha e minúsculas na coluna, não diferem entre si pelo Teste Tukey. ns – não significativo a 5% de probabilidade. ** - significativo a 1% de probabilidade.    

Luz e Temperatura na Germinação de Sementes de Annona squamosa L.

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Luz e Temperatura na Germinação de Sementes de Annona squamosa L.

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