Orientador: Dr. Nelio Roberto dos ReisDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Biológicas, Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas - ZoologiaInclui referências: p. 71-79Resumo: O estudo sobre a estrutura de comunidade de quirópteros no Parque Estadual Mata dos Godoy, Londrina - Paraná foi desenvolvido durante o período de setembro de 1993 a agosto de 1994. Foram abordados aspectos referentes à ocorrência, capturabilidade, o nicho ecológico incluindo basicamente as dimensões espacial, temporal e trófica. Realizaram-se coletas noturnas mensais, com auxílio de redes de neblina, em 7 estações de coleta pré-estabelecidas. De cada exemplar, foram anotados medida do antebraço, horário de atividade, e as fezes foram recolhidas. Foi obtido um total de 608 indivíduos, distribuídos por 19 espécies. Artibeus lituratus, Carollia perspicillata e Sturnira lilium foram as espécies com o maior número de indivíduos capturados, ao passo que, em 7 espécies (Myotis ruber, Eptesicus diminutus, E. furinaiis, Lasiurus borealis, Platyrrhinus lineatus, Molossops abrasus e Molossus molossus) foi obtido um número abaixo de 10 indivíduos. O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) foi de 1.920, considerado um valor próximo dos estudos feitos com comunidades de quirópteros na região neotropical. Para o estudo da organização da comunidade, foram somadas às 19 espécies coletadas no Parque, mais 10 com ocorrência nas proximidades do local, resultando num complexo de 29 espécies, as quais foram separadas segundo seu tamanho corporal e hábito alimentar, que são características que estimulam a competição. Quanto ao padrão de utilização espacial, notou-se que algumas estações de coleta propiciaram boa amostragem de espécies e indivíduos. Na sua maioria, as espécies tiveram boa amostragem em uma determinada estação de coleta. Fato que pode estar relacionado com a distribuição de alimentos na floresta, e com a presença de abrigos. Entre os frugívoros houve uma certa segregação espacial vertical, onde Artibeus lituratus foi um forrageador de dossel, podendo incluir A. jamaicensise Platyrrhinus lineatus. Já Carollia perspicillata e Sturnira lilium, forragearam principalmente nos estratos mais baixos. Quanto aos insetívoros, os vespertilionídeos ocuparam estratos de até 3m e dentro da floresta. Os molossídeos se deslocaram sobre o dossel e em áreas abertas a maiores altitudes que outras famílias de quirópteros. Quanto à atividade anual, foi obtido maior número de indivíduos no outono, e menor número no inverno. Quanto ao número de espécies, foi obtido maior número durante a primavera, e menor número no verão. Em relação ao horário de atividade, Desmodus rotundus apresentou sincronia com a diminuição de atividade dos bovinos. Chrotopterus auritus, Anoura caudifer e os insetívoros, apresentaram uma sincronia com o horário de atividade de suas presas (artrópodos e pequenos vertebrados). Micronycteris megalotis teve um pico de atividade no final da duração de coleta, diferenciando com o horário de atividade dos frugívoros e dos insetívoros. Entre as espécies frugívoras, não houve diferenciação horária. Quanto à dimensão trófica, a espécie D. rotundus preferiu sangue bovino. Nas fezes de C. auritus, foram encontrados polpa de fruto e restos de grandes insetos. No caso dos frugívoros C. perspicillata, S. lilium, houve preferência por frutos diferentes, respectivamente por Pipere Solanum. C. perspicillata teve o nicho alimentar mais amplo. Já na dieta das 3 espécies de Artibeus, predominou Ficus. E de acordo com os cálculos de sobreposição alimentar, provavelmente poderá ocorrer competição entre A. lituratus e P. lineatus, A. fimbriatus e P. lineatus, A. fimbriatus e A. lituratus. Entretanto, por ser mais abundante, A. lituratus é a espécie de maior sucesso adaptativo no local. Em relação aos insetívoros, separou-se espacialmente os vespertilionídeos dos molossídeos, consequentemente consumirão insetos diferentes. Myotisnigricans foi a espécie que apresentou a dieta mais variada. De uma forma geral as espécies insetívoras, diferiram quanto ao tipo e/ou tamanho de suas presas. Esse fato foi verificado da seguinte forma: a) quanto à textura: espécies que se alimentaram de presas "duras", também consumiram presas "moles". Porém, houve espécie que consumiu exclusivamente presas "moles", como no caso de Histiotus velatus. b) quanto ao tamanho: espécies de quirópteros de tamanhos extremos (C. auritus X vespertilionídeo), consumiram presas de tamanhos diferentes