BARBOSA, R. K. da C.

FERREIRA, M. C.

LAMEIRA, O. A.

MEDEIROS, A. P. R.

Infoteca-e

Capítulo 5 - MediCinais 1063Myrcia multifloraPedra-ume-caáana pauLa ribeiro medeiros1, osmar aLves Lameira2, márLia CoeLho Ferreira3,  renata KeLLy da Costa barbosa4FAMÍLIA: Myrtaceae.ESPÉCIE: Myrcia multiflora (Lam.) DC.SINONÍMIA: Aulomyrcia caerulescens O.Berg; Aulomyrcia caesia O.Berg; Aulomyrcia cama-reana (DC.) O.Berg; Aulomyrcia glaucescens O.Berg; Aulomyrcia multiflora (Lam.) O.Berg; Aulomyrcia ovalifolia O.Berg; Aulomyrcia ovalis O.Berg; Aulomyrcia perforata O.Berg; Au-lomyrcia sphaerocarpa (DC.) O.Berg; Aulomyrcia vinacea Steyerm.; Cumetea multiflora (Lam.) Raf.; Myrcia caerulescens O.Berg) Kiaersk.; Myrcia camaraeana DC.; Myrcia debilis Cambess.; Myrcia ellipticifolia Cambess.; Myrcia glaberrima Barb.Rodr. ex Chodat & Hassl.; Myrcia glaucescens (O.Berg) Kiaersk.; Myrcia ovalifolia (O.Berg) Kiaersk.; Myrcia sphaero-carpa DC.; Myrtus multiflora (Lam.) Spreng (Flora do Brasil, 2017).NOMES POPULARES: Camboí, camboí-brabo, camboim, cambuí, cambuí-bravo, cambuim, guamirim, insulina-vegetal, mata-fome, pedra-ume-caá, uvá.CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS: Árvores ou arbustos, com ramos monopodiais, tricomas simples e dibraquiados. Caule descamante esbranquiçado. Folhas simples, geralmente opos-tas, elípticas com ápice acuminado e base atenuada; tricomas esparsos revestindo o pecí-olo; tricomas esparsos na nervura central especialmente mais próximo da base enquanto o limbo é predominantemente glabro em ambas as faces da folha; apresenta coloração verde, e cavidades secretoras de óleos essenciais, as quais po-dem ser visualizadas como pontos translúcidos na lâmina foliar. Suas flores são brancas e pequenas (Figura 1). Os frutos são globosos, pequenos, imaturos verdes, madu-ros com coloração arroxeada (Figura 2). (Souza; Lorenzi, 2005; Flora do Brasil, 2017).     DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: Espécie nativa, não en-dêmica do Brasil, com distribuição nas regiões tropicais e subtropicais da Austrália, Ásia e América (Angiosperm, 2009). No Brasil, conforme Mapa 1, ocorre nas regiões 1 Eng. Florestal. Universidade Federal de Lavras2 Eng. Agrônomo. Embrapa Amazônia Oriental3 Bióloga. Museu Paraense Emílio Goeldi4 Bióloga. Universidade Federal do ParáMAPA 1 - Distribuição geográfica da espécie. Fonte: Flora do Brasil Plantas Para o Futuro - região norte1064Norte (Acre, Amazonas, Pará, Tocantins), Nordeste (Bahia, Rio Grande do Nor-te), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), Su-deste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Cata-rina) (Flora do Brasil, 2017).HABITAT: Ocorre mais fa-cilmente em áreas de ca-poeira. Habita os domínios fitogeográficos dos biomas Amazônia, Caatinga, Cer-rado e Mata Atlântica, nos tipos de vegetação Área An-trópica, Campo Rupestre, Cerrado (lato sensu), Flo-resta de Terra Firme, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila (= Floresta Plu-vial), Floresta Ombrófila Mista (Flora do Brasil, 2017).USO ECONÔMICO ATUAL OU POTENCIAL: Planta de uso medicinal e ornamental. Suas folhas são ricas em tanino e lipídios, empregada na medicina popular como hipoglicemiante. Cruz (1995) refere-se a esta planta como insulina vegetal, em virtude dos efeitos que ela produz. Yoshikawa et al. (1998) relatam que seu potencial hipoglicemiante possivelmente está ligado à presença de dois compostos: o myrciacitrin I e o myrciaphenone B. Sixel (1996) atribui à Myrcia multiflora (Lam.) DC., propriedade antidiabética. Assim como outras mirtá-ceas, é boa produtora de óleos essenciais (Alves, 2012), que possuem ação anti-inflamató-ria, anticancerígena e antioxidante.A espécie, pelo seu porte arbustivo e belas inflorescências, pode ser usada com finali-dade ornamental. A madeira é bastante resistente, utilizada por populações de áreas rurais como lenha e para construções de tramas de cerca para o gado, entre outras construções (Alves, 2012). Seus frutos podem ser consumidos in natura e apresentam boas quantidades de polifenois (1007mg/100g), antocianinas (2869mg/100g) e flavonoides (2858mg/100g) (Alves-Pinto et al., 2017).Como a maioria das espécies medicinais, a produção é essencialmente extrativista e a comercialização ocorre de forma restrita à feiras e casas de produtos naturais. PARTES USADAS: Folhas com uso medicinal e aromático; frutos como alimento; tronco para madeira e a planta inteira como ornamental.Fonte: Mateus Beise – Flora Digital do Rio Grande do Sul e de Santa CatarinaFIGURA 1 - Myrcia multiflora em fase de floraçãoCapítulo 5 - MediCinais 1065ASPECTOS ECOLÓGICOS, AGRONÔMICOS E SILVICULTURAIS PARA O CULTIVO: As plantas apresentam forma arbustiva quando ocorrem em vegetações mais abertas, com solo arenoso, caso da vegetação de transição entre dunas e restinga, até árvores de grande porte em vegetação de floresta ombrófila, com solo de maior influência argilosa (Flora do Brasil, 2017).Nas condições da Mata Atlântica, M. multiflora floresce entre novembro e dezembro; frutifica do final de janeiro até fevereiro. Já na Amazônia, essa espécie floresce durante o ano inteiro, as flores são alvas e aromáticas, com frutificação de janeiro a maio e de setem-bro a dezembro. O fruto tende a apresentar coloração amarelada, alaranjada ou avermelha-da, quando imaturo e negro a arroxeado quando maduro (Silva et al., 2015).As mudas desta espécie devem ser cultivadas com tutor de 2m de comprimento, para monitorar e alinhar o crescimento. As mudas devem ser espaçadas de 3x3m e as covas adu-badas com matéria orgânica. Na colheita evitar retirar casca da base do caule. PROPAGAÇÃO: Por sementes e estaquia de ramos e raízes.EXPERIÊNCIAS RELEVANTES COM A ESPÉCIE: Pedra-uma-caá é o nome popular atribu-ído a diversas espécies medicinais na Região Norte. Silva et al. (2015) elaborou um levan-tamento sobre as principais espécies que são comercializadas no mercado de Belém/PA com esta denominação genérica. A literatura destaca sete espécies conhecidas como pedra-ume--caá: Eugenia punicifolia (Kunth) DC., Myrcia amazonica DC., M. citrifolia (Aubl.) Urb., M. guianensis (Aubl.) DC., M. multiflora (Lam.) DC., M. salicifolia DC. e M. speciosa (Amshoff) McVaugh. Na cidade de Belém/PA foram identificadas três espécies comercializadas com este nome popular: Eugenia biflora (L.) DC., Myrcia multiflora (Lam.) DC. e Myrcia sylvatica (G.Mey.) DC. M. multiflora é comercializada nestes mercados em pequenas embalagens con-tendo folhas, que são utiliza-das na forma de chá, para o tratamento de diabetes e hemorragias e na forma de banhos ou macerados, para o tratamento de problemas gi-necológicos.SITUAÇÃO DE CONSERVA-ÇÃO DA ESPÉCIE: Espécie não avaliada quando ao seu nível de ameaça. Entretanto, dentre as mirtáceas neotropi-cais, é considerada a espécie mais amplamente distribuí-da no Brasil (Flora do Brasil, 2017), não sendo relatadas, até o presente, graves ame-aças à sua existência na na-tureza. A conservação ex situ Myrcia multifloraFonte: Mateus Beise – Flora Digital do Rio Grande do Sul e de Santa CatarinaFIGURA 2 - Frutos de Myrcia multifloraPlantas Para o Futuro - região norte1066tem sido praticada, ainda que de forma bastante reduzida, por meio de hortos medicinais em diferentes comunidades e em pequenas coleções de germoplasma em campo, em insti-tuições de pesquisa. PERSPECTIVAS E RECOMENDAÇÕES: Myrcia multiflora apresenta grande potencial de uso medicinal, aromático e como alimento. No entanto, é uma espécie pouco estudada e que carece de informações básicas de produção de mudas, cultivo, tratos culturais, bem como informações que permitam o manejo de populações nativas. Estudos fitoquímicos e farma-cológicos também são importantes, para avaliar as propriedades medicinais e o potencial na produção de óleo essencial. Alves (2012) estudando o aproveitamento econômico da espécie no Paraná, recomenda o desenvolvimento de planos de manejo para as diversas finalidades (madeira, alimento, aroma e remédio), pois a poda das árvores não segue um padrão para a extração das folhas e, em alguns casos, observou-se a retirada total das folhas, o que pode levar as árvores à morte. São essenciais também, a realização de estudos sobre adubação, a fim de estimular à produção de folhas e, consequentemente, a quantidade de óleo. Outro aspecto importante, tanto para a exploração econômica medicinal quanto aromática, é a determinação de níveis adequados de poda, avaliando-se a poda dos ramos em 25%, 50%, 75% e 100% para verificar regeneração da espécie. referÊnciAsALVES, E. Diversidade arbórea e potencial de produção de óleo essencial de Eugenia uniflora L. e Myrcia multiflora (LAM.) DC. no município de Turvo-PR. 2012. Disserta-ção (Mestrado). Unicentro, Guarapuava.ALVES-PINTO, M.K.N.; NAZARENO, L.S.Q.; RUFINO, M.S.M.; SILVEIRA, A.G.; LOPES, M.M.A. MIRANDA, M.R.A. Quantificação de compostos fenólicos e atividade antioxidante total do cambuí (Myrcia multiflora) maduro. XXXVI Encontro de Iniciação Científica. Anais. Univer-sidade Federal do Ceará. 2017.ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP. An update 4. of the angiosperm phylogeny group clas-sification for the orders and families of flowering plants: APG III. Bot J Lin Soc, 161(2), 105-21, 2009. CRUZ, G.L. Dicionário das plantas úteis do Brasil. 5.ed. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand do Brasil, 1995. 599p. FLORA DO BRASIL. Myrcia in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB10730>. Acesso em: 20 Dez. 2017.SILVA, F.K.S.; ROSÁRIO, A.S.; SECCO, R.S.; ZOHGBI, M.G.B. Levantamento das espécies conhecidas como pedra-ume-caá (Myrtaceae), com ênfase nas comercializadas na cidade de Belém, Pará, Brasil. Biota Amazonica, 5(1), 7-15, 2015. Capítulo 5 - MediCinais 1067SIXEL, P.J. Aspectos gerais no preparo e no controle de qualidade de plantas e fitoterápicos hipoglicemiantes. In: BRAGANÇA, L.A.R. Plantas medicinais antidiabéticas: uma aborda-gem multidisciplinar. Niterói: EDUFF, 1996. p.105-22.SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica sistemática. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2005. 640p.YOSHIKAWA, M.; SHIMADA, H.; NISHIDA, N.; LI, Y.; TOGUCHIDA, I.; YAMAHARA, J.; MAT-SUDA, H. Antidiabetic Principles of Natural Medicines. II. Aldose reductase and α-glucosidase inhibitors from brazilian natural medicine, the leaves of Myrcia multiflora DC. (Myrtacae): structures of myrciacitrins i and ii and myrciaphenones A and B. Chemical and Pharma-ceutical Bulletin, 46(1), 113-119, 1998.Myrcia multiflora

Myrcia multiflora: Pedra-ume-caá.

http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1144681/1/Plantas-para-o-Futuro-Norte-1064-1068.pdf

Myrcia multiflora: Pedra-ume-caá.

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