ARAUJO, P. B. de

CARNEIRO, A. V.

MARTINS, P. do C.

PÉRES, C. L.

RIBEIRO, D. B. de C. L.

Infoteca-e

55Comportamento recente da demandabrasileira de lácteosPaula Bottoni de Araujo, Carine Leite Péres, Daniel Brum de Cerqueira Leite Ribeiro,Paulo do Carmo Martins, Alziro Vasconcelos Carneiro Entre 2002 e 2010, o Produto Interno Bruto brasileiro acumulou um crescimento de 35,18%, enquanto a população brasileira cresceu 12%, experimentando um crescimento de renda per capita. Além disso, dois fenômenos importantes ocorreram: a in ação apresentou taxas anuais bem comportadas, se comparadas com as duas últimas décadas; o Governo adotou políticas públicas claramente com o propósito de intensi car a transferência de renda para os estratos de menor renda da população brasileira. O objetivo do presente trabalho é discutir possíveis impactos de tudo isso no consumo recente de leite e derivados no Brasil.A Figura 1 retrata o consumo per capita de lácteos por estrato de renda no Brasil em 2002 e em 2008. Na faixa de renda até dois salários mínimos o consumo anual passou de 21,56 kg por habitante em 2002 para 23,80 kg por habitante em 2008. Comportamento similar aconteceu nas faixas de dois a três salários mínimos até seis salários mínimos e acima de quinze salários mínimos. Contudo, os maiores percentuais de crescimento relativo foram registrados nas faixas entre sete e quinze salários mínimos. Entre 2002 e 2008 o consumo per capita de leite cresceu de 129 kg para 143 kg, ou 10,8 % em seis anos.O consumo de leite e derivados é fortemente afetado pelo comportamento da in ação e pelo crescimento econômico, mas de modo diferenciado. Na presença de taxas elevadas de in ação, o consumo tende a crescer pouco ou até decrescer, pois a in ação reduz o poder de compra com maior intensidade de famílias que tem menor poder aquisitivo. Já o crescimento econômico estimula o aumento do consumo de lácteos.  Em consequência do crescimento do Produto Interno Bruto nos seis anos analisados e a in ação acumulada de 41,82%, alavancou o consumo de forma geral incluindo leite. Soma-se ao crescimento da economia brasileira, a redução do nível de desemprego e a elevação do salário mínimo real, conforme Figura 2. Sabe-se que pelo efeito renda pode haver substituição, com mais renda disponível para alimentação o consumidor poderá destinar mais renda ao consumo de lácteos. O Governo Federal intensi cou programas de transferência de renda no período em análise. O Programa Bolsa Família promove transferência direta de renda, que bene cia famílias em situação de pobreza e extrema pobreza.  Este programa tem demonstrado uma expansão rápida, tendo sido introduzido em todos os municípios brasileiros. O número de famílias atendidas mudou de 7,63 milhões, em setembro de 2005, para 12,77 milhões em setembro de 2010, ou seja, uma evolução de 67%. Além disso, estão em execução outros programas como o caso do Programa de Aquisição de Alimentos – PPA que possui preços de venda, taxas de juros e prazos de pagamentos especí cos ao público da agricultura familiar, causando impacto na multiplicação de renda em municípios pequenos, em regiões pobres do Brasil, com conseqüente crescimento do consumo de alimentos. É o caso também, do PRONAF –  Programa Nacional de Agricultura Familiar –  linha de crédito criada pelo governo com o intuito de  nanciar projetos relativos à agricultura familiar no Brasil a uma baixa taxa de juros. Pode ser utilizado em várias modalidades como custeio de safra ou atividade agroindustrial, podendo englobar compra de maquinário, infra-estrutura de produção além de compra de serviços. O acesso a este crédito é permitido a agricultores com renda anual inferior a R$ 110 mil.Por estas razões houve aumento na demanda por produtos mais so sticados no mercado em conseqüência de um consumidor mais exigente e disposto a pagar por estes, dada uma maior renda, contribuindo juntamente com comportamento da in ação e crescimento econômico para a mudança do per l do consumo.57 Na Figura 3 é possível observar que o consumo de leite  uido entre 2002 e 2008 teve uma queda em todos os níveis de renda observados, porém proporcionalmente, a queda do consumo entre as classes mais altas apresentou uma maior amplitude quando comparada as mais baixas. Isso é mera indicação que as classes de maior renda estão optando por produtos lácteos com maior valor agregado em detrimento de menores valores de leite  uido. Na Figura 4 nota-se que dada uma maior renda, eleva-se o consumo de derivados. Claramente percebe-se uma substituição do leite  uido por seus derivados. Além disso, a demanda por estes produtos praticamente dobrou, exceto na classe com renda superior a 15 salários mínimos, com aumento de 66% do consumo. Com o continuo estimulo do Governo por meio de programas de redistribuição de renda, o consumo de derivados tende a continuar a crescer mais que o de leite  uido.O impacto do aumento de renda, devido a fatores como a intervenção do governo na distribuição de renda para classes menos favorecidas, foi claro na alteração do padrão de consumo de lácteos no Brasil, havendo inclusive um efeito de substituição no consumo de leite  uido por produtos de maior valor agregado como os derivados lácteos. 

Comportamento recente da demanda brasileira de lácteos.

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Comportamento recente da demanda brasileira de lácteos.

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