Os marcadores de tempos indígenas e a etnomatemática: a pluralidade epistemológica da ciência

Abstract

Este trabalho tratou o fenômeno dos marcadores de tempos indígenas enquanto uma manifestação sociocultural, a partir do olhar dos professores de diferentes etnias indígenas do estado do mato grosso, acadêmicos da faculdade indígena intercultural da Unemat. Esse fenômeno revela-se como um exemplo de extraordinário conhecimento que as sociedades indígenas têm de si e dos territórios que habitam, numa relação recíproca entre as pessoas e destas com o ambiente, o que traz a possibilidade de uma produção científica impregnada e legitimada por eles, que tenha como fim e como condição para validá-la o bem-estar ambiental e social. O tempo, caracterizado como resultante da construção e da expressão dos modos de vida de uma sociedade, é concebido a partir do “saber matemático” e das respostas às necessidades de transcendência espiritual e teórica dos seres humanos. O saber matemático, na perspectiva do programa etnomatemática, de D’ambrosio, perpassa toda essa dinâmica de relações e acomoda em seus fundamentos a compreensão de que ambiente e sociedade fazem parte de um único e indissociável corpo de pesquisa sobre os saberes produzidos por grupos culturalmente distintos, bem como sobre o processo dinâmico de produção, organização intelectual e social e disseminação desse conhecimento, além dos processos de adaptação e reelaboração que a acompanham

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