DESCARGA ELETROGRÁFICA SUBCLÍNICA RÍTMICA DO ADULTO EM EEG OCUPACIONAL – RELATO DE CASO

Abstract

SREDA (Subclinical Rhythmic Electrographic Discharge of Adults) é a mais rara de todas as variantes benignas do eletroencefalograma (EEG), tendo sua incidência estimada de 0,07% a 1,2%. A prevalência geral de variantes da normalidade pode chegar a 18,3%. O objetivo neste trabalho foi descrever o achado de SREDA em EEG ocupacional de paciente assintomático e discutir as possíveis consequências da interpretação incorreta de exame com achado de variante epileptiforme benigna, de padrão incomum. Baseia-se em um relato de caso e discussão de literatura. Indivíduo do sexo masculino, 33 anos, trabalha em frigorífico e realizou exame de EEG solicitado por médico do trabalho pelo fato de trabalhar em altura. O primeiro EEG, realizado em 14 de setembro de 2015, demonstrou ondas teta de contornos apiculados, rítmicas e evoluindo para atividade teta monomórfica, sem posterior evolução na frequência, com distribuição generalizada e amplitude máxima sobre as regiões parietais e temporais. Durante a aquisição do traçado, o paciente não apresentou qualquer alteração comportamental compatível com evento epiléptico; repetiu o exame em 21 de setembro de 2015, quando foram encontradas as mesmas características eletroencefalográficas. Na data de 08 de fevereiro de 2016, compareceu à avaliação clínica neurológica, na qual não foram encontrados indícios de patologia neurológica nem na história nem no exame físico. Inicialmente reportada por Naqest et al. (1961) e mais tarde definida por Westmoreland and Klass (1981), SREDA é considerada um padrão de significado clínico incerto, porém sem correlação com epilepsia (WESTMORELAND; KLASS, 1981; DASH et al., 2013). É caracterizada por descarga bilateral e repetitiva, de contornos agudizados, da faixa teta à delta, durando de segundos a minutos e com distribuição em regiões temporais e parietais. Apresenta início e fim abruptos, em geral sem abolição do ritmo alfa dominante posterior de base (BEGUM et al., 2006), além de maior frequência em adultos mais velhos e durante vigília (BRIGO et al., 2010). Já foi descrita em associação com diversas entidades clínicas como amnésia global transitória e patologias cerebrovasculares, porém sem confirmação de associação causal ou casual (BRIGO et al., 2010). O caso enfatiza a importância do conhecimento das variantes epileptiformes benignas em EEG para que não sejam interpretadas como alterações epilépticas. O diagnóstico incorreto pode levar ao uso desnecessário de anticonvulsivantes, e, no caso descrito, também a restrições e mudanças em atividade laboral. É necessária maior discussão sobre a indicação e a adequada interpretação de EEG ocupacional.Palavras-chave: Variantes epileptiformes benignas. SREDA. EEG.

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