Um silêncio paira sobre as filosofias da educação. Dentre a constelação conceitual que perpassa noções como ideologia, poder disciplinar, emancipação, desinstalação da escola, histórico-criticismo, defesa do escolar e autodidatismo, as lutas estudantis na e pela escola permanecem nebulosas em seu potencial contestatório e inventivo. Busca-se questionar as filosofias da educação quanto ao papel das lutas escolares em seus processos de apropriação e transformação da escola, considerando, especialmente, as ocupações secundaristas – ou ocupas – e os movimentos de resistência e cooperação empreendidos por alunos e alunas. Propõe-se uma cartografia das resistências escolares a partir das enunciações filosóficas que apreendem a escola a partir das relações de poder e, por outro lado, aquelas nas quais a escola emerge como possível local de emancipação e transformação. Entre as proposições filosóficas analisadas estão a teoria dos Aparelhos Ideológicos de Estado de Louis Althusser, o dispositivo de poder disciplinar de Michel Foucault, a noção de desinstalação da escola produzida por Ivan Illich, a pedagogia do oprimido em Paulo Freire, a pedagogia histórico-crítica de Dermeval Saviani, a defesa do escolar promovida por Jan Masschelein e Maarten Simons e, enfim, o autodidatismo libertário conforme propõe David Ribeiro Tavares. Conclui-se que, ao contrário do que sugerem as ocupações secundaristas, uma longa tradição filosófica sobre a educação vem, sistematicamente, negando aos estudantes o papel de elementos ativos na invenção da escola, investindo pouco ou nenhum pensamento nas lutas estudantis.Silence over the philosophies of education. Within the concept constellation that runs through concepts like ideology, disciplinary power, emancipation, deschooling, historical-criticism, defense of schooling and self-learning, the students’ protests within and for the school are blurred in its contestant and inventive potential. We aim to question the philosophies of education regarding the role of the school protests in their processes of appropriation and transformation of the school, taking into consideration, especially, the high-school and college students’ occupations, or ocupas, and the resistance and cooperation movements undertook by all the students. We propose a cartography of the school resistances from the philosophy statements within the school from the relationships of power and, on the other hand, the ones where the school rises as a possible place of emancipation and transformation. Among the philosophical approaches analyzed are the theory of Ideological State Apparatuses, Louis Althusser, the disciplinary power dispositifs of Michael Foucault, the concept of deschooling provided by Ivan Illich, the pedagogy of the oppressed by Paulo Freire, the historical-critical pedagogy by Dermeval Saviani, the defense of the school promoted by Jan Masschelein and Maarten Simons and, finally, the liberating self-learning as proposed by David Ribeiro Tavares. We can conclude that, unlikely the suggested by the high-school and college students’ occupations, a long philosophical tradition about education is, consistently, denying students their role of active elements in the invention of school, investing little or no reflection on the students’ fights