Adenesky Filho, Eduardo

Pescador, Rosete

Tavares, Lorena Benathar Ballod

Portuguese

Archives of the Faculty of Veterinary Medicine UFRGS

NOTA CIENTÍFICA Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 705-707, jul. 2007       Introdução Os substratos são considerados o meio onde se desenvolve as raízes das plantas em vaso, o qual deve oferecer suporte e regular a disponibilidade de água e nutrientes. No entanto, alguns substratos podem apresentar problemas como substâncias tóxicas, reter ou inibir a umidade e o crescimento das raízes e parte aérea das plantas, alto custo de aquisição e pouca durabilidade. O uso de substratos alternativos para o cultivo de espécies ornamentais é importante, pois traz uma série de benefícios ao meio ambiente, como no caso a preservação da Dicksonia sellowiana, pois a mesma encontra-se na lista das espécies ameaçadas de extinção [1, 2] uma vez que é fornecedora de substrato para o cultivo de orquídeas. Atualmente, têm-se utilizado inúmeros componentes no arranjo de substratos no cultivo de espécies ornamentais como: compostos orgânicos, poliestireno expansível (isopor), argila expandida, casca de arroz carbonizada, fibra de coco, resíduos agroindustriais, carvão vegetal e sementes [3].  Entre as várias alternativas para substituir o xaxim, os resíduos gerados pela agroindústria do palmiteiro como a fibra da bainha, folhas e estipes da Archontophoenix alexandrae, comparada ao sistema convencional de produção de mudas, poderão ser utilizados como substrato alternativo para o cultivo de ornamentais por ser uma matéria prima de baixo custo, disponível em grande quantidade no Estado de Santa Catarina e por apresentar características semelhantes ao xaxim. Portanto, o objetivo deste trabalho foi desenvolver um substrato para cultivo de espécies ornamentais, composto de folíolos, bainhas e estipes descartados no processo de industrialização do palmito proveniente da palmeira-real-da-austrália.  Material e métodos O experimento foi iniciado em janeiro de 2006, em casa de vegetação, na qual foi utilizada tela de polipropileno, com retenção de 50% do fluxo de radiação solar. Foram utilizadas mudas de Dendrobium phalaenopsis com dois anos de idade cultivadas em substrato de carvão vegetal. A seleção desta espécie foi decorrente do rápido crescimento da parte aérea e de sua importância comercial no mercado das Orquidaceae. Os resíduos oriundos do processamento do palmito utilizados como materiais que compuseram os diferentes substratos foram: Folíolos (extremidade apical da folha); Bainhas externas e internas (parte inferior das folhas imbricadas que são descartadas no corte e na agroindústria) e Estipe (caule que fica no campo). Os resíduos foram triturados até apresentar tamanho de partícula de 5cm e secos em estufa a 80°C por 24h (Fig 1A, B e C). As composições dos substratos foram: S1 (400ml de bainha, 150ml de folíolo e 250ml de estipe); S2 (400ml de bainha, 150ml de folíolo e 100ml de estipe); S3 (400ml de bainha, 50ml de folíolo e 250ml de estipe); S4 (400ml de bainha, 50ml de folíolo e 100ml de estipe); S5 (400ml de estipe, 150ml de folíolo e 250ml de bainha); S6 (400ml de estipe, 150ml de folíolo e 100ml de bainha); S7 (400ml de estipe, 50ml de folíolo e 250ml de bainha); S8 (400ml de estipe, 50ml de folíolo e 100ml de bainha) e S9 (700ml de xaxim desfibrado).  Os recipientes utilizados foram de polipropileno de coloração preta (n°3), com as seguintes dimensões: 11cm de altura por 14cm de diâmetro. Para melhorar a aeração do substrato a parte inferior do vaso foi preenchida com cerca de 1/3 de pedra brita n°3 [4,5].  As plantas foram retiradas do vaso, sendo os substratos aderidos ao sistema radicular removidos. Em seguida foram inseridas no centro do vaso (Fig 1D), deixando o pseudobulbo acima do substrato, dando firmeza à parte aérea e não permitindo a movimentação das raízes. A irrigação foi realizada a cada dois dias com volume de 50ml de água por vaso.  Após quatro meses da instalação do experimento foram avaliados o incremento radicular e altura do maior pseudobulbo, por meio de um paquímetro.  O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com nove tratamentos e cinco repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e complementados pelo teste de médias de Tukey a 5% de probabilidade de erro. Resíduo agroindustrial da palmeira real da austrália Archontophoenix alexandrae H. Wendl & Drude (Arecaceae) como componente para substrato de plantas ornamentais Eduardo Adenesky Filho1, Lorena Benathar Ballod Tavares2 e Rosete Pescador3. ________________ 1. Mestrando em Engenharia Ambiental, Fundação Universidade Regional de Blumenau. Rua Antônio da Veiga, 140, Blumenau, SC, CEP 89012-900. E-mail: eduardo_adenesky@yahoo.com.br. 2. Professor do Departamento de Engenharia Química, Fundação Universidade Regional de Blumenau. Rua São Paulo, 3250, Blumenau, SC, CEP 89030-000. E-mail: lorena@furb.br. 3. Professor do Departamento de Ciências Naturais, Fundação Universidade Regional de Blumenau. Rua Antônio da Veiga, 140, Blumenau, SC, CEP 89012-900. E-mail: rosetep@furb.br Apoio financeiro: CAPES e FURB  Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 705-707, jul. 2007  706 Resultados e Discussão Na tabela 1, encontram-se os valores médios referentes às variáveis de incremento da parte aérea do pseudobulbo e raiz da D. phalaenopsis, após quatro meses do início do experimento. Os resultados da variável incremento em altura (Fig 1F e Tabela 1) mostraram pequena diferença pelo teste de Tukey quando comparados os tratamentos S4, com incremento médio de 5,4 cm de comprimento da parte aérea, aos tratamentos S6, S7 e S8, cujos valores médios em incremento foram 2,9, 3,56 e 3,6 cm, respectivamente. No entanto, nenhuma das composições dos substratos avaliados diferiu de forma significativa com o substrato composto por xaxim (Tabela 1). Da mesma forma, o trabalho de Colombo et al. [7] mostraram não haver diferença significativa entre xaxim e os demais substratos compostos por pó de coco, fibra de coco e esfagno na aclimatação de híbridos de Cattleya sp. Ainda nesta direção, Assis et al. [6], perceberam em seus trabalhos que tendo o xaxim como substrato comparado com coco desfibrado, coco em pó e coco em cubos, não diferiram entre si na interferência do crescimento em altura nas plantas de D. nobile.  A variável incremento do crescimento de raiz (Fig. 1E), expressou diferença pelo teste de Tukey a 5% quando as plantas foram submetidas em S9, com 8,93 cm quando confrontado com os demais substratos. Diferentemente do presente trabalho, Moraes et al. [2], observaram na aclimatação de D. nobile decréscimo no crescimento radicular na substituição do substrato composto de xaxim por aquele formado por coco desfibrado, em pó, ou em cubos, no desenvolvimento das raízes de D. nobile, fato que ocorre devido às características das espécies epífitas como a D. phalaenopsis de desenvolvem-se melhor em substratos que apresentam textura relativamente grossa.  Considerando os resultados obtidos no tratamento S4 (400ml de bainha, 50ml de folíolo e 100ml de estipe) e S1 (400ml de bainha, 150ml de folíolo e 250ml de estipe), para a espécie D. phalaenopsis, pode-se recomendar a utilização dos resíduos da agroindústria da palmeira-real-da austrália, como substrato alternativo. O Trabalho deverá ser continuado para se definir as melhores condições de crescimento da espécie ornamental.   Agradecimentos  Aos órgãos financiadores Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).  Referências [1] LORENZI, H.; SOUZA, H.M. 1996. Plantas ornamentais do Brasil. Nova Odessa: Editora Plantarum. v.1. p.34-37. [2] MORAES, L.M.; CAVALCANTE, L.C.D.; FARIA, R.T. 2000. Substratos para aclimatação de plântulas de Dendrobium nobile Lindl (Orchidaceae) propagadas in vitro. . Acta Scientiarum. Maringá, v.24, n.5, p.1397-1400. [3] KÄMPF, A.N. 2000. Produção comercial de plantas ornamentais. Guaíba: Editora Agropecuária. 254p. [4] SILVA, W. 1998. O cultivo de orquídeas no Brasil. São Paulo: Editora Nobel. 98p. [5] PAULA, C.C.; SILVA, H.M.P. 2004. Cultivo prático de orquídeas. Viçosa: Editora UFV. 106p. [6] ASSIS, A.M.; FARIA, R.T.; COLOMBO, L.A.; CARVALHO, J.F.R.P. 2005. Utilização de substratos à base de coco no cultivo de Dendrobium nobile Lindl (Orchidaceae). Acta Scientiarum Agronomy. Maringá, v.27, n.2, p.255-260. [7] COLOMBO, L.A.; FARIA, R.T.; ASSIS, A.M.; FONSCECA, I.C.B. 2005. Aclimatação de um híbrido de Cattleya em substratos de origem vegetal sob dois sistemas de irrigação.Acta Scientiarum Agronomy. Maringá, v.27, n.1, p.145-150.               Tabela 1. Incrementos médios de altura e tamanho de raiz de Dendrobium phalaenopsis, após quatro meses de crescimento em casa de vegetação nas composições de substratos: S1 (400ml de bainha, 150ml de folíolo e 250ml de estipe); S2 - (400ml de bainha, 150ml de folíolo e 100ml de estipe); S3 - (400ml de bainha, 50ml de folíolo e 250ml de estipe); S4 - (400ml de bainha, 50 ml de folíolo e 100ml de estipe); S5 - (400ml de estipe, 150ml de folíolo e 250ml de bainha); S6 - (400ml de estipe, 150ml de folíolo e 100ml de bainha); S7 - (400ml de estipe, 50ml de folíolo e 250ml de bainha); S8 - (400ml de estipe, 50ml de folíolo e 100ml de bainha); S9 - (700ml de xaxim desfibrado); Médias seguidas da mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.  Tratamento Incremento em altura (cm) Incremento em raiz (cm) S1 4,8 a 2,18 b S2 4,3 ab 2,16 b S3 4,0 ab 1,48 b S4 5,4 a 1,66 b S5 4,46 ab 2,6 b S6 2,9 b 1,28 b S7 3,56 ab 0,96 b S8 3,6 ab 2,06 b S9 4,42 ab 8,93 a CV% 24,7 40,7 DMS 2,14 2,2    Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 705-707, jul. 2007  707  Figura 1. A, Bainha triturada e seca; B, Estipe triturado e seco; C, Folíolo triturado e seco; D, Raízes de Dendrobium phalaenopsis, em vaso, após dois meses no tratamento S4 (400ml de bainha, 50ml de folíolo e 100ml de estipe); E, Raízes de Dendrobium phalaenopsis mostrando o incremento no comprimento da raiz em centímetros, ir; F, Planta inteira com incremento da altura da parte aérea em centímetros, após quatro meses no tratamento S4 (400ml de bainha, 50ml de folíolo e 100ml de estipe), ip.  

Resíduo agroindustrial da palmeira real da austrália Archontophoenix alexandrae H. Wendl & Drude (Arecaceae) como componente para substrato de plantas ornamentais

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