Após um longo período de instabilidade política, a República Democrática do Congo iniciou
em 2002 uma reforma dos seus sectores extractivos, que visava melhorar a governança do
país, favorecendo o crescimento económico, ao mesmo tempo que permitiria uma distribuição
mais equitativa dos recursos e a protecção do ambiente, lançando, assim, as bases necessárias
à construção do desenvolvimento sustentável no país.
No que diz respeito ao sector florestal em particular, o processo teve início com a
publicação de uma nova lei quadro, o Code Forestier, e com uma revisão fiscal visando a
concretização dos objectivos acima descritos. Ambos os procedimentos teriam em teoria sido
desenvolvidos no contexto de uma metodologia participativa.
A Bacia do Congo possui a segunda maior floresta tropical do mundo, que se estende
por aproximadamente 145 milhões de hectares, dos quais a maior parte se situa em território
congolês. Os múltiplos valores que encerra aos níveis local, nacional, regional e mundial
atraem interesses muito distintos, que podem ser complementares entre si mas que podem
também ser concorrenciais ou mesmo contraditórios.
Visando equilibrar os pilares económico, social e ambiental, a construção de uma gestão
sustentável deste imenso património florestal tem que ter em conta estes diferentes interesses
e associar ao processo de reforma a multitude de actores que constituem partes interessadas.
Ora estes actores podem ter percepções muito diversas da floresta e dos seus valores, que os
conduzirão a definições distintas dos objectivos a alcançar.
Através de 5 Estudos de Caso, analisamos como é que, tendo sido essencialmente
concebida sob uma perspectiva externa, a reforma não parece ter tido realmente em conta os
conflitos a que a sua aplicação no terreno poderia dar origem, nem o poder efectivo que cada
um dos actores detém sobre elementos fragmentados mas essenciais para o seu sucesso.
As relações impossíveis que se criaram entre os diferentes actores parecem ter reforçado
a convicção com que cada um defende os seus interesses individuais, produzindo o efeito
contrário ao desejado e tornando cada vez mais improvável a gestão sustentável das florestas congolesas.Après une longue période d’instabilité politique, la République Démocratique du Congo initie
en 2002 une réforme des secteurs extractifs qui visait améliorer la gouvernance du pays et
favoriser sa croissance économique, en même temps qu’elle permettrait une distribution plus
équitable des ressources et la protection de l’environnement, lançant ainsi les bases
nécessaires à la construction d’un développement durable pour le pays.
En ce qui concerne le secteur forestier en particulier, le processus a commencé par la
publication d’une nouvelle loi de bases, le Code Forestier, et par une revue fiscale supposée
favoriser l’atteinte des objectifs énoncés ci-dessus, les deux théoriquement développés à
travers une démarche participative.
En effet, le Bassin du Congo possède la deuxième plus grande forêt tropicale au monde,
portant sur approximativement 145 millions d’hectares, dont la plus grande partie se trouve en
territoire congolais. Ses valeurs multiples aux niveaux local, national, régional et mondial
attirent des intérêts très divers, qui peuvent se complémenter mais aussi être concurrentiels ou
même contradictoires.
Visant équilibrer les piliers économique, social et environnemental, la mise en oeuvre
d’une gestion durable de cet immense patrimoine forestier doit tenir compte de ces différents
intérêts et associer au processus de réforme la multitude d’acteurs en présence. Or ces acteurs
peuvent avoir des perceptions très diverses de la forêt et ses valeurs ce qui les conduira à des
définitions distinctes des objectifs à atteindre.
A traves 5 études de cas, nous analysons comment, ayant été essentiellement conçue à
travers d’un regard extérieur, la réforme ne semble pas avoir réellement pris en considération
les conflits que son application pouvait créer sur terrain et encore moins le pouvoir effectif
que chacun des acteurs détient sur des éléments fragmentés mais pourtant décisifs pour sa
réussite.
Les relations impossibles qui se sont créées entre les différents acteurs semblent avoir
renforcé leur conviction dans la défense de leurs intérêts individuels, produisant des effets
contraires aux prétendus et rendant de plus en plus improbable la construction et de la mise en
oeuvre de la gestion durable des forêts congolaises.After a long period of political instability, the Democratic Republic of the Congo launches in
2002 a reform of its extractive sectors that aimed to improve the country’s governance and to
ensure economic growth, while allowing a more balanced distribution of revenues and
assuring the protection of the environment, and thus create the bases for the construction of
the country’s sustainable development.
Regarding the forest sector, the process started with the publication of a new law, Le
Code Forestier, and with a fiscal review, both theoretically conducted through a participative
approach and built to attain the sustainable development objectives wanted.
The Congo Basin detains the second most important rainforest in the world, of
approximately 145 million hectares, most of which are located in Congolese territory. Its
multiple values at local, national, regional and worldwide levels appeal to many different
interests that may be complementary but also concurrent or even contradictory.
As it aims to balance the economical, social and environmental pillars the development
of a sustainable management of this huge patrimony must take into consideration these
different parties or interests as well as associating to the process the multiple actors at steak.
These actors may have different perceptions of the forest and its values which will lead them
to different definitions of the objectives to achieve.
Through 5 case studies, we analyse how, having been mainly designed under an
external perspective, the reform doesn’t seem to have really taken into account the conflicts
its application could lead to on the field and even less the effective power each actor detains
over fragmented but essential elements of its success.
The impossible relations that have been developed between the actors seem to have
reinforced their conviction in the need to defend their own individual interests and to have led
to undesired consequences, that make even more improbable an effective sustainable
management of the Congolese forests.Mestado em Estudos Africano