Dias, H. Annes

Souza, Tenak W.

Portuguese

Archives of the Faculty of Veterinary Medicine UFRGS

2 ARCHIVOS RIO GRANDENSES DE MEDICINAAS TROCAS CHLOROAZOTADAS NA PNEUMONIA.H. ANNES DIAS, professor da Faculdade de Porto Alegre (com o collaboração do Dr. Tenak W. de Souza,assistente do Serviço Clinico).VoI. Chloretos Uréa CI.Na.350cc. O,!~5 25,7'1 20co%850 " 0,34 23,80 20" %850 "2900 " 0,45 24,76""820 " Suoo o2000 " 0,65 26,70 ];1650 " ~fg1::500 " ;S"1200 " 6,31 17,60 "Urina"--------------~falta de sal na alimentação, porque, mes-mo quando se administra sal aos pneu-monicos, estes continuam a 1'etel-o; dissoé um exemplo o doente da observação se-guinte:Pneumonia do apice direito. M. L., 45annos. Leito n° 4, papeleta n° 7848. En-trou para a enfermaria a 25-10-29 muítoagitado, delirante. Tosse frequente, dys-pnéa accentua~a (50 respirações por mi-nuto) ; escarros côr de tij 010, Suores pro-fusos; lingua secca e fortemente sabur-rosa. Macissez do apice direito, com es-tertores crepitantes e sopro tubario. Du-rante 3 dias foi esse o seu estado. A 28m.elhorou consideravelmente.Os exames de chloreto e de uréa, nosangue e na urina deram os seguintes re-sultados:0,385,15 0,955,45 0,854,93 0,665,382526272829303'156DiasOonhecida e inexplicada, a retençãosalina na pneumonia attesta um bruscoe profundo desequilibrio metabolico. Emnenhuma outra doença se observa essaretenção com a mesma intensidade, aponto de, algumas vezes, desappareceremda urina por cOIupleto os chIoretos.Tão constante é tal facto, que a ob-servação clinica viu, no grau dessa re-tenção, um dos elem.entos de prognosticoda pneumonia e Achard, e1nbora julgandoque não se póde avaliar a gravidade destapela intensidade da retenção, affirma queas variações da excreção dos chIoretosestão em relação com a evolução do pro-cesso pneumonico.l)Muito se tem escripto para explicaressa curiosa e brusca retenção. A fracaeliminação chloretada não é devida 8Sangue~Chloretos UróaSera então essa fraca excreção devi-da a uma causa renal? Para alguns auto-res o comproniettimento do rim é quasiconstante na pneumonia ;2) outros fazemintervir o factor renal de modo indirecto.E' assim. que MacLean e Snapper,3) ob-servando nos pneumonicos que o chlo-reto de sodio do s6ro sanguineo se con-servava abaixo do liIniar - 5,60 - acha-ram que, por isso, não podia elle ser e?!--cretado pelo rim, tanto que a excreçaomelhorava desde que fosse augmentadaa sua concentração no sangue. Essa af-firmaçilo é fortemente contrariada porPrigge,4) que diz haver na pneumoniauma retencão duradoura de Nabl, re-tenção qu'e se mantem immutayelmesn10 após inj ecções dessa substan-cia, ao contrario do individuo são, noqual, após uma il'lj ecção salina, os chlo-retos são eliminados rapidamente em :1a B dias, havendo excreção tolalmaior doque a quantidade injectada. Ora, quan-do se faz uma injecção hypertonica deaugmenta-se, embora passageiramente, asua concentração no sangue, mas, em vezde passar pelo rim, elle se dirige paraos tecidos que o aUrahem.Que o rim não está impermeavel ao sal,temos a prova na descarga deste que sa-brevem na convalescenca. E' incontesta-veI que o rim se fecha á. excreção salina,não porque haja impermeabilidadc reIlalaos chloretos, mas 1'o1'qu8 o organismo1) Achard-Troubles de E'changes Nutritife, voI. L pag.247.2) Landouzy et Griffon - 'l'l'aitó de Thoinot et Gilbert, voI. 19.3) E. Dubois - Endocrinology and Metabolismo, voI. IV, pag.127.4) Deutsches Arch. f. Klin. Mediz. 1922, Bd. 139.ARCHIVOS RIOsero-albuminosa com queda dos epithe-lios e diapedése polynuclear; em seguidase faz a exsudação sero-fibrinosa, coa-;sulando-se a fibrina. Admitte-se, assim,que a necrose epithelial dos revestimen-tos alveolares determina toda a evoluçãoulterior do processo, principalmente essasduas phases successivas: exsudação se-l'osa e precipitação fibrinosa. Ora, sabe-se que essa precipitação se faz em pre-"ença do chloreto de sodio. Terá o aug-::nento deste no pulmão por objectivo fa-vorecer ahi a coagulação da fibrina? Asobservações mostram que no sangue haexcesso de fibrina e falta de chloreto, aopasso que no fóco pneumonico ha excessolas duas substancias. Não nos parecerue seja aquelle objectivo a razão da for-~nidavel retenção salina nO$ pneumonicos.Será então augmentando a, concen-traçã.o do meio pulmonar que elle vaeagir contra o pneumococco.A questão da concentl'ação mollecu-;ar', - Vimos que ha uma maior quan-:.idade de sal no pulmão atacado, que o'~hloreto de sodio ahi se acha acompanha-do de agua, que ha, como lesão inicialconstante, a necrose da parede alveolar;-iabemos que, durante todo o periodo fe-:wil e mesmo um pouco além deste, o'lrganismo retem sal; que, durante esseeITlpO, tanto ha falta de eliminação uri--aria como abaixamento da cifra sangui-,íea do sal e que, num dado momento selaz uma, descarga de chloretos, duplicandos vezes, de um dia para outro, a elimina-'ão salina. Conclue-se que o sal se tor-ou necessario ao organismo e ahi foi re-ido e que, desde o momento em que o;rocesso inflammatorio cedeu, não maisendo necessario o sal, o organismo o ex-;eIle em massa.Attrahindo-o e fixando-o no pulmão, organismo consegue elevar ahi a ccin-'3ntração moIlecular que, como se sabe,onstitúe col1dição desfavoravel para oesenvolvimentÓ do pneumococco. Essaxplicaçã.o, si bem que razoavel, nã.o al-''alça todos os aspectos da questão, poisão faz rcferencia a outros disturbios me-lbolicos que são coetaneos da retençãoalina.Os disturbios do metabolismo azo-1do. - Como bem accentuou Du Bois,pneumonia differe de outras pyrexiasar haver neIla uma lesão local impor-'0) Loc. cito pago 246.") In Du Bois, loco citoDEtante, com formação e de:saT)pIlre:cÍlnerrtlc),••rapidos de uma notavel eXi3U(laç:aoque, em nenhuma outra, se nota tãotaxa de chloretos urinarios, oscomo se sabe, pódemdesapparecer. Ao mesmo tempo seserva no periodo de estado, umaminuição da quantidade dasminas de sôro, principalmentecasos graves. Quanto a uréa,card acha sensivelmente normal nossos não complicados, Meige aaugmentada nos casos mortaes e '-'''''IJ'J>diz que a taxa azotemica se elevaproximar-se a crise da pneumonia,tambem Achard 10) de opinião que atemia as eleva durante a crise. Comovado gráu de metabolismo pr.oteinicopneumonia, diz Du Bois, nãodente haver algum augmento dos conSl~htuintes azotados do sangue; achaa retenção ureica augmenta na dll~eccao,da crise e desapparececonvalescença. A observação nosmostrando que a azotemia pódecoce nos casos graves e é ahi consta]rit!~.Jobling, Petersen e Eggstein nnhn'nTYlrante a crise, uma diminuiçãoteoses e no azoto não coagulavelgue. Whipple e Van Slykeo azoto não proteico oscillavae 0,85. A formação rapida de umdato fortemente albuminoso deve V'AJ""""U-nar um brusco desequilibrioalém d'isso ha, como vimos, um orOCl3ss:0de necrose no pulmão; motivostam, pois, para se admittir a azot!~UJr}Q;esteja na razão directa da desirltegraç.âq:proteinica. Obtemperam algunsazotemia é devida á insufficienciae que, cessada esta, a uréa se elimjlmvficilmente, baixando seu nivel noEsta theoria, seductora á primeiranão resiste á critica. Em primeiroo rim não está insufficiente, poiso doente póde eliminar a uréaconcentração, como se póde vêrservação que apresentamos,evidenciado o bomnos casos estudados porham.ll ) Este autor, em quatropneumonia do typo 1, encontrouligeiramente augmentada e normalva da phenolsulfonophtaleina; ecasos de typo 4, dois tinham a P.Sangue----.........-'...........:,...----.-Uréa Chloretos1,33 4,271,71 5,201Sangue~-~c/'-.._________Chloretos Uréa4,93 0,474,18 0,52o balanço dos chloretos se torna negatlvQiRoehrich e Wiki observaram umqual, na quarta semana dasobreveiu um consideravelexcreção salina.Ainda nas observações 1° ever que são os chloreLos os ul1;írrwsequilibrarem a sua excreção; no detJUl'$Oda pneumonia, mesmo quando senistra sal, a retenção continua; orlmelr'Ü'/se restabelece o equilíbriosó depois, muito depois, vem a de:5c8lrgl1,·urinaria.Observacão 3a - Pneumonia a-- J. R., solteiro, brasileiro. Leito 4.Urinas~~~-._-.ChIoretos Uréa Vol. Temp.0,3!~ 20,97 450,0 39,50,34 22,80 750,0 40,20,34 22,84 900,0 40,00,23 26,66 2020,0 38,5OA6 39,52 2000,0 39,31,50 32,381200,0 38,74,27 12,85 1500,0 36,9A observação 4° mostra comorem as trocas chloroazotadas,benigno.Urina~--~--~~-Chloretos Uréa V01.0,91 26,9 . 450 cc.1,37 21,42 1250"1200 "0,68 24,76 1200"950 "0,57 20,0 1800"1400 "1250 "8,14 21,90 1200"das e salinas desencadeadas pelação; vem em seguida a descargaque renecte a volta á normalidadetabolismo proteinico, e, por fim,vém a crise salina como a tra,dUZlrrestabeleCido o equilibrio rlllh,ifi,rr.guardião de integridade cellular, abancllna em massa o campo de lucta.Para maior destaque dona defeza organica, representa ode sodio, para mostrar como odoente solicita e attráe o sal,os interessantes trabalhos de· R.fazendo injecções hypertonicasreto de sodio (25%) em pneu:mclni'Qcem individuos sãos,primeiros, logo após0,475,07Data4-95-96-99-910-9 0,6612-9 5,0317-9 0,24 5,40Fez durante o periodo da doença, usoconstante de caldos salgados.disturbio metabolico continuou grave atéá intervenção da therapeutica salina, eque a crise chlorurica só se fez quandocorrigido o desequilibrio azotado. AliásMenetrier e Stevenin já haviam mostradoque as crises clinica e humoral não sãosimultaneas, sobrevindo a chlorurica ge-ralmente 2 ou 3 dias após a defervescen-cia e que, em vez de uma, ha uma succes-são de crises: toxica, ureica e chlorurica.Loeper já havia tambem notado que a po-lyuria toxica eui'eica procede sempre adescarga dos chloretos. Segundo TerrayDu Bois) a retenção chloretada aug-menta até á crise, depois diminue poralguns dias e só no fim de 10 a 11 diasData2Eí-1026-1027-1028-1029-1030-1031-105-116-11 5,78 0,33De todo o exposto resalta a conni~vencia dos disturbios azotado e chlore-Lado. De inicio, e brutalmente, os chlo-retos urinarios são retidos, em seguida apropria taxa salina do sangue é abaixada,tanto mais quarito maior é a gravidade docaso. ·Verifica-se ainda que, sem estarcompromettida a excreção azotada na uri-na, a cifra da uréa sanguinea se eleva noscasos graves, o que traduz a desintegra-ção proteinica. Por outro lado as crises.'5e succedem numa ordem que diz bemJom a natureza do processo morbido: do-minada a infecção, cáe a temperatura edesapparecem os signaes clinicos depen-dentes daquella, mas ainda continuam atéproximo equilibrio as perturbações azota-

As Trocas Chloroazotadas na Pneumonia.

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