Amador, Fernanda Spanier

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Archives of the Faculty of Veterinary Medicine UFRGS

INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO: teoria & prática      Porto Alegre, v.13, n.1,  jan./jun. 2010.  ISSN digital 1982-1654ISSN impresso 1516-084X9EditorialOs textos reunidos neste número da revista Informática na Educação: teoria e prática encontram-se na sinergia das temáticas trabalho, tecnologias e subjetivação.Sendo o trabalho contemporâneo cada vez mais audaciosamente marcado pela microeletrônica, que cria um mundo de conectividades entre modos de gestão, máquinas e subjetividades, as indagações dos autores aqui reunidos problematizam o ponto de contato entre humanos e máquinas explorando as peculiaridades deste processo no que tange aos modos de trabalhar.Bruno Latour em texto intitulado Do Humano nas Técnicas menciona nossa tendência a cometer dois erros simétricos: um, que diz da própria definição de humano visto como coisa frágil e maleável a ser protegida da objetivação e das forças, por vezes, nefastas das máquinas, e outro que se refere aos objetos técnicos, os quais se pensa como protegidos da paixão, da subjetividade ou dos interesses sociais. Pelo argumento do autor, se partimos desses dois pólos fazemos desaparecer tudo o que há entre os dois, lugar este de entremeio no qual vivemos, local de próteses intermediárias, de objetos técnicos “impuros”, manchados de humanidade e vice-versa. Por esta razão, seguindo o rastro de Latour, ressaltamos que os textos reunidos para esta edição tratam, cada um a seu modo, de maquinarias humano-tecnológicas já que todos, sem exceção, abordam a operação de humanos com as máquinas ressaltando processos inventivos que tanto favorecem a criação e a recriação de si mesmos, quanto dos Objetos Técnicos e dos modos de trabalhar. Objetos Técnicos que, em linguagem simondoniana consistem em uma unidade de devir que evolui convergindo e adaptando-se a si mesmo, resultando das incompatibilidades que residem em seu próprio funcionamento e derivando dos esgotamentos nele próprio presentes. Assim, é por uma espécie de aproximação entre vida e máquina que o tema trabalho, tecnologia e subjetivação, emerge nas linhas traçadas pelos autores.Trata-se de textos que vêm criar uma atmosfera de sensibilidade acolhedora para uma im(pli)cação ativo-maquínico-subjetiva presente no mundo do trabalho cada vez mais informatizado, dando passagem para que figure nesta edição, três frentes de discussão: uma primeira que trata das tecnologias como dispositivos de intervenção institucional e em clínicas do trabalho, tal como abordam Yves Clot e Gabriel Fernández, na seção Em Foco desta revista, Fernanda Spanier Amador no texto (Tecno)poéticas da Atividade: artesanias por entre imagem, trabalho e subjetivação, Dulcinea Sarmento Rosemberg, Maria Elizabeth Barros de Barros e Susane Petinelli-Souza com o artigo A Utilização do Vídeo como Dispositivo Metodológico na Clínica da Atividade Docente, Claudia Osório no texto Experimentando a Fotografia como Ferramenta de Análise da Atividade de Trabalho, Vanessa Maurente no artigo O Trabalho de Enfermagem em Saúde Mental a partir de Proposição de Acoplamentos Tecnológicos, Paula Marques, Jaqueline Tittoni, Grace Tanikado e Renata Ghisleni de Oliveira no texto A Fotografia na Pesquisa Acadêmica: sobre visibilidades e possibilidades de conhecer e Renata Lima Aspis, com o artigo Documentar a Si Mesmo: resistência nas Sociedades de Controle. Em uma segunda frente, apresenta-se o texto de José Mário d’Avila Neves e Tania Mara Galli Fonseca, problematizando o que está emergindo hoje no ambiente tecnocientífico da tecnologia digital – com seus fluxos imateriais, sua tendência virtualizante e seu modelo informático-molecular no artigo intitulado Devires Contemporâneos: mutações do homem, do trabalho e da tecnologia. A seguir, na terceira frente estão reunidos textos que analisam diferentes situações de trabalho docente pelo emprego de tecnologias digitais e informatizadas. Nesta direção contamos com o artigo intitulado A Dialética da Comunicação Síncrona no Ciberespaço na Produção de Sentido de autoria de Maria Rosangela Bez, Liliana Maria Passerino e Evandro Alves e ainda, as autoras Lívia de Rezende Cardoso e Veridiana Santos de Oliveira e seu texto O Uso das Tecnologias da Comunicação INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO: teoria & prática      Porto Alegre, v.13, n.1,  jan./jun. 2010.  ISSN digital 1982-1654ISSN impresso 1516-084X10Digital: desafios no ensino de Genética mendeliana no Ensino Médio. Citamos também, Marcelo Souza Motta no artigo Contribuições do Superlogo ao Ensino em Geometria e Paula Patrícia Barbosa Ventura com o artigo Relações Interpessoais em Comunidades Virtuais de Aprendizagem. Compõem ainda essa terceira frente o artigo A Informática no Processo de Ensino Aprendizagem do Instituto Federal Baiano - campus Guanambi/Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – BA de autoria de Naidson Clayr Santos Ferreira, o texto de Heloiza Barbosa, Roseli Zen Cerny intitulado O Curso de Letras - Libras na Modalidade a Distância: avaliação de um percurso e o texto de autoria de Leonéia Hollerweger, Sionara Tamanini de Almeida e Johannes Doll, Adultos Maduros e Informática: o mouse no caminho. Incursionando pelos diferentes textos reunidos nesta edição, desejamos que os leitores e leitoras instiguem-se pela abordagem de agenciamentos humanos e inumanos que no âmbito do trabalho, tanto institucionalizam modos de viver e trabalhar quanto fazem verter vida em focos instituintes de produção do inédito. Interessa-nos alimentar um projeto ético que dança por entre humanos e máquinas, lançando para isso, linhas que dêem consistência ao pensamento por uma interface maquínica, como sugere Félix Guattari ao tratar da “paixão das máquinas”. Paixão que em sentido etimológico remete a excesso e nos conduz a pergunta: Como, então, excedem-se as máquinas? Sugando-nos um tanto de humanidade? Vertendo-nos um punhado de maquinaria? Parece-nos que é preciso instalar-se em uma zona de adjacência para abordar o tema trabalho, tecnologias e subjetivação como bem nos indicam Francisco Varela e Félix Guattari ao proporem que a máquina busca seus componentes no exterior dela mesma, em um encontro com o vivo dos corpos, em um agenciamento mútuo.Este é o convite que deixamos ao apresentar este Editorial: excedamo-nos ao ponto de embarcarmos na vertigem onde se afirmam, ontologicamente, modos e trabalhar, de maquinar e de subjetivar.Fernanda Spanier AmadorEditora associada Psicóloga, Professora Doutora do Departamento de Psicologia Social e Institucional/UFRGS

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