Amaro, Amanda Cristina Estevez

Ferreira, Gisela

Zucareli, Valdir

Portuguese

Em Questao

GA4+7 + N-(fenilmetil)-aminopurina na Emergência de Passiflora cincinnata Mast.

Archives of the Faculty of Veterinary Medicine UFRGS

NOTA CIENTÍFICA  Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 834-836, jul. 2007   Introdução  A espécie Passiflora cincinnata Mast. é silvestre não comercial [1], popularmente conhecida como maracujá-mochila, maracujá-do-mato ou maracujá-tubarão [2,3]. Pode ser aproveitada como fruto comestível, planta ornamental ou como planta medicinal [1,3] e também em programas de melhoramento genético [4], sendo  considerada potencialmente importante para porta-enxerto, uma vez que apresenta tolerância a doenças e nematóides [4,5]. Para uma espécie ser usada como porta-enxerto é necessário que tenha facilidade de propagação, principalmente, nos aspectos relacionados à germinação, crescimento e desenvolvimento das plantas no viveiro, uma vez que a viabilização comercial dessa prática necessita que as plantas tenham crescimento uniforme e sejam vigorosas, atingindo o ponto de enxertia num período de tempo curto [6].  Relatos da literatura sobre as sementes de passifloráceas se referem ao período lento e irregular de germinação [7, 8, 9]. Dessa forma, os reguladores vegetais têm sido estudados em diversas espécies do gênero Passifora, principalmente na embebição de sementes com giberelina, citocinina e etileno para promover a superação da dormência e uniformidade de germinação e emergência [7,8,9].  Segundo Moraes et al. [10] Taiz & Zeiger [11] as giberelinas, as citocininas e o etileno promovem a germinação, enquanto o ácido abscísico induz a dormência. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito dos reguladores vegetais GA4+7 + N-(fenilmetil)-aminopurina na emergência e desenvolvimento inicial de mudas de P. cincinnata Mast..  Material e métodos O trabalho foi realizado em casa de vegetação do Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp) Campus de Botucatu-SP. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com 11 tratamentos e cinco repetições de 24 sementes por parcela. Os tratamentos foram constituídos pelas concentrações 0 (testemunha), 100, 200, 300, 400, 500, 600, 700, 800, 900 e 1000 mg L-1 de GA4+7 + N-(fenilmetil)-aminopurina. As sementes permaneceram submersas nas respectivas soluções durante cinco horas sob aeração constante, posteriormente foram tratadas com fungicida Captan® (2 g kg-1) e semeadas em badejas de isopor com 72 células preenchidas com substrato comercial para hortaliças Plantmax®, sendo colocada uma semente por célula.  A contagem da emergência foi realizada diariamente durante 50 dias. Ao final do experimento, foram calculados a porcentagem de emergência, o índice de velocidade de emergência, o comprimento médio de raiz e caule, diâmetro do caule, número de folhas e a área foliar média.  As médias das variáveis de desenvolvimento foram obtidas pela soma dos números obtidos em cada planta dividida pelo número de plantas de cada repetição. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Para os dados em porcentagem foi utilizada a transformação arco-seno da raiz de x/100.   Resultados e discussão Na Tab. 1, observa-se que houve baixa porcentagem de emergência no tratamento testemunha (11%) e que as concentrações acima de 300 mg L-1 de GA4+7 + N-(fenilmetil)-aminopurina promoveram maiores valores médios para porcentagem de emergência. Estes resultados assemelham-se aos encontrados por Leonel & Pedroso [9] que obtiveram 97,5% de emergência, com sementes de Passiflora alata Dryand tratadas com GA3 300 mg L-1. Foi observado que o uso de 800 mg L-1 de GA4+7 + N-(fenilmetil)-aminopurina proporcionou maior índice de velocidade de emergência (IVE). Da mesma forma, Lima et al. [12] estudaram a germinação e crescimento de espécies de maracujá e concluíram que as espécies de P. edulis e P. flavicarpa apresentavam maiores índices de velocidade de emergência, e conseqüentemente, as plantas obtidas mostraram-se aptas ao processo de enxertia em menor período de tempo.  Além do aumento da porcentagem de emergência de plântulas e índice de velocidade de emergência, verifica-se que os reguladores promoveram diferenças significativas no desenvolvimento inicial de plântulas (Tab. 1). Para os parâmetros número de folhas e área foliar houve incremento em todos os tratamentos que receberam reguladores vegetais, no entanto, para área foliar as concentrações de 900 e 1.000 mg L-1 foram prejudiciais quando comparadas aos demais tratamentos, exceto quando comparados à testemunha.   Para altura e o diâmetro de caule, o tratamento controle apresentou as menores médias, diferindo significativamente dos demais tratamentos. Os resultados GA4+7 + N-(fenilmetil)-aminopurina na emergência de Passiflora cincinnata Mast. Valdir Zucareli1, Gisela Ferreira2 e Amanda Cristina Esteves Amaro3 ________________ 1. Aluno de Pós-Graduação (Mestrado) do Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista. Distrito de Rubião Junior, s/n. Botucatu, SP. CEP 18618000, CP-510. E-mail: valdirzucareli@yahoo.com.br 2. Professora do Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista. Distrito de Rubião Junior, s/n. Botucatu, SP 3. Aluna do Curso de Ciências Biológicas, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista. Distrito de Rubião Junior, s/n. Botucatu, SP.   Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 834-836, jul. 2007  835 deste experimento confirmam as informações de Taiz & Zeiger [12], que relatam que o crescimento das plantas em altura ocorre porque a giberelina atua promovendo a divisão e o alongamento celulares, evidenciados pelo maior número de células e pelo maior alongamento celulares observado em plantas tratadas com giberelina. Para comprimento de raiz, observa-se que não houve diferença entre os tratamentos (Tab.1). Conclui-se que, os reguladores vegetais GA4+7 + N-(fenilmetil)-aminopurina promoveram aumento significativo no processo de emergência e o desenvolvimento inicial de P. cincinnata Mast..  Referências [1] APONTE, Y.; JÁUREGUI, D. 2004. Algunos aspectos de la biología floral de Passiflora cincinnata Mast. Revista de la Facultad de Agronomia, Universidad del Zulia, 21(3): 211- 219. [2]   NUNES, T.S.; QUEIROZ, L.P. 2001. A família Passifloriaceae na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Sitientibus: Série Ciências Biológicas, 1: 33-46. [3] BERNACCI, L.C.; VITTA, F.A.; BAKKER, Y.V. 2003. Passiflora L.; In: Wanderley, M. G. L.; Shepherd G.J.; Giulietti, A.M.; Melhem, T.S. (Eds). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: RiMa/FAPESP. 3: 248-274. [4]   FERREIRA, F.R., OLIVEIRA, J.C. 1991. Germoplasma de passiflora. In: São José, A.R. (Ed.), A cultura do maracujá no Brasil. Jabuticabal: FUNEP, p.187-200. [5]   SÃO JOSÉ, A.R. 1994. Maracujá: produção e mercado. Vitória da Conquista: UESB. 255p. [6]   VASCONCELLOS, M.A.S.; SILVA, A.C.; SILVA, A.C.; REIS, F.O. 2005. Ecofisiologia do Maracujazeiro e implicações na exploração diversificada. In: Faleiro, F.G.; Junqueiro, N.T.V.; Braga, M.F. (Eds.). Maracujá: Germoplasma e melhoramento genético. Planaltina: Embrapa Cerrados, p. 295-313. [7]   FERREIRA, G. 1998. Estudo da embebição e efeito de fitorreguladores na germinação de sementes de Passifloráceas. Tese de doutorado, Curso de Pós-Graduação em Agronomia, Unesp, Botucatu. [8]   FERREIRA, G.; FOGAÇA, L.A.; MORO, E. 2001. Germinação de sementes de Passiflora alata Dryander (maracujá-doce) submetidas a diferentes tempos de embebição e concentrações de ácido giberélico. Revista Brasileira de Fruticultura, 23 (1): 160-163. [9] LEONEL, S; PEDROSO, C. J. 2005. Produção de mudas de maracujazeiro-doce com uso de biorreguladores. Revista Brasileira de Fruticultura, 27 (1): 107-109. [10] MORAES, C.R.A; MODOLO, V.A; CASTRO, P.R.C. 2002. Fisiologia da Germinação e Dominância Apical. In: CASTRO, P.R.C; SENA, J.O.A; KLUGE, R.A. (Eds.). Introdução à fisiologia do desenvolvimento Vegetal. Maringá: Eduem, 255p. [11] TAIZ, T.; ZEIGER, E. 2004. Fisiologia Vegetal. 3 ed. Porto alegre: Artimed, 719p. [12] LIMA, A.A.; CALDAS, R.C.; SANTOS, V.S. 2006. Germinação e crescimento de maracujá. Revista Brasileira de Fruticultura. 28 (1): 125-127.   Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 834-836, jul. 2007  836Tabela 1 – Médias para porcentagem média de emergência, indice de velocidade de emergência (IVE), número de folhas, área foliar, altura e diâmetro do caule de Passiflora cincinnata Mast. cujas sementes foram submetidas a tratamento com GA4+7 + N-(fenilmetil)-aminopurina. Dose Emergência IVE Número de folhas Área foliar Altura Diâmetro Comprimento de raiz (mg L-1) (%)   (cm2) (cm) (mm) (cm) 0 11 d 0,85 g 2,60 c 11,25 c 4,46 b 1,01 b 15,54 a 100 38 c 7,10 f 5,51 ab 43,39 ab 7,27 a 1,42 a 17,48 a 200 50 bc 13,51 e 4,89 b 41,43 ab 7,25 a 1,30 a 17,49 a 300 70 a 26,81 d 6,29 a 44,66 ab 8,09 a 1,49 a 17,53 a 400 65 ab 27,45 cd 5,66 ab 40,05 ab 7,89 a 1,39 a 15,94 a 500 73 a 32,90 abc 6,37 a 48,81 ab 9,10 a 1,56 a 15,74 a 600 68 ab 31,29 bcd 6,52 a 56,54 a 9,35 a 1,55 a 17,59 a 700 65 ab 29,93 bcd 5,95 ab 39,26 ab 7,72 a 1,41 a 15,42 a 800 73 a 36,88 a 5,70 ab 41,92 ab 7,73 a 1,34 a 14,34 a 900 69 ab 27,01 d 5,42 ab 33,39 b 7,47 a 1,30 a 14,86 a 1000 68 ab 34,72 ab 5,54 ab 35,31 b 7,24 a 1,33 a 15,57 a Valor F 26,21** 107** 17,34** 7,54** 8,22** 6,96** 1,12 ns C.V. (%) 11 10 10 23 13 9 14,34 Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. 

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