Cavalcante, Mônica Magalhães

Paiva Brito, Mariza Angélica

Portuguese

Entrepalavras

7ApresentaçãoPresentationA temática da edição do IV  WORKSHOP EM LINGUÍSTICA TEXTUAL/2021 – Texto e interações digitais – foi escolhida pelo grupo Protexto não para pôr em causa o futuro do texto, nem para redefinir uma noção de “textualidade”, a qual foi proposta numa era pré-digital e aos moldes de uma concepção de texto como uma tessitura semântica em uso, cujas propriedades internas podiam ser descritas por um conjunto de fatores preestabelecidos. Mesmo que as affordances tecnológicas cada vez mais condicionem a produção, a circulação e a interpretação dos usos linguageiros, tais CAVALCANTE, Mônica Magalhães; BRITO, Mariza Angélica Paiva. Apresentação. Entrepalavras, Fortaleza, v. 12, n. esp., p. 7-11, out./2022.usos vão sempre se coordenar em torno de uma unidade de situação de comunicação e de sentido em ambiente discursivo. Essa unidade, que é o texto, é o próprio meio pelo qual os gêneros são praticados nas inúmeras esferas de atividade humana e tecnológica. É pela relação entre textos, nos padrões discursivos e sociais dos gêneros, que nos comunicamos, que entramos em “inter-ação” por gestos tecnolinguageiros.  Pensados para serem produzidos em inter-relação com outros textos nas páginas de um ecossitema das redes sociais por exemplo, como o Instagram, 8v. 12 (esp)07-11out.2022ApresentaçãoO segundo artigo, intitulado O textiel/“infotexto” e a enunciação editorial, de Maria Eduarda Giering (Unisinos) e Juliana Alles de Camargo de Souza (Unisinos), discute a singularidade do texto digital nativo. As autoras corroboram as ideias de Paveau de que o texto digital nativo exige um enfoque diferenciado pela dimensão técnica envolvida e destacam a noção de textiel (Després-Lonnet, 2020), que, designando texto e softwares, contempla o funcionamento textual operativo das escritas digitais.Em Green Text: um tecnogênero na mídia Facebook?, de Mayara Arruda Martins (UFC), Marina Rodrigues Falcão (UFC) e João Pedro Andrade (UFC), as autoras e o autor discutem  os traços genéricos do tecnogênero Green Texts em sua estrutura esquemática própria, que envolve aspectos multimodais - imagem e texto verbal -, a alta interatividade dos atores sociais envolvidos, e as técnicas  de armazenamento, busca e gerenciamento que lhe são particulares. Em A ciberviolência em práticas textuais do ambiente digital, Mariza Angélica Paiva Brito (UNILAB/FUNCAP), Ananias Agostinho da Silva (UFERSA) e Ana Lúcia Tinoco Cabral (PUC-SP) tratam do o WhatsApp, o Facebook,  o Telegram, os textos se desafiam a se encadear, por linkagem, com o imprevisível e com o não linear. Mas o princípio que guia os atos linguageiros em direção a um projeto de dizer de quem se instaura como sujeito para estrategicamente influenciar o outro não deixa de existir, nem o texto deixa de se estabelecer como enunciado, não importa qual seja sua dinâmica operatória.Esta Edição Especial da Revista Entrepalavras nos presenteia com a primeira parte da publicação dos trabalhos (treze artigos) das professoras e professores que se apresentaram e discutiram com seus pares e com o público durante os três dias do evento.Texto e interação em ambiente digital, da autoria de Mônica Magalhães Cavalcante (UFC) Isabel Muniz Lima (UFC/UNL), sugere uma proposta de consideração do fenômeno da interação tendo em vista algumas práticas textuais que se realizam em ambiente digital. As autoras assumem com Paveau (2017) a importância de observar o fenômeno da interação numa perspectiva pós-dualista, que toma como intrínseca a relação entre fatores tecnológicos e linguageiros nas produções textuais em ambiente digital on-line.9As organizadorasISSN 2237-6321fenômeno da ciberviolência, que, para Paveau (2021), são acontecimentos discursivos morais desencadeados por enunciados violentos relacionados à noção de decência de uma época, de uma cultura e de um espaço. As autoras e o autor mostram que os gestos ciberviolentos dependem das características do auditório, do gênero, do contrato comunicativo, das modalidades argumentativas e de todos os modos de organização textual, dentre os quais destacam os processos referenciais. O quinto artigo, Uma análise textual dos efeitos patêmicos em campanhas publicitárias educativas, de Francisca Tarciclê Pontes Rodrigues (IFCE), Rafael Lima de Oliveira (UFC) e Geana Barbosa da Silveira (UFC), faz uma articulação teórica entre a Teoria Semiolinguística e a Linguística Textual para desenvolver uma análise textual dos efeitos patêmicos. Assumem as reflexões sobre patemização, de Charaudeau (2010a), mas defendem, em consonância com Oliveira (2020), que, além de analisadas pelo contrato de comunicação, as estratégias de patemização sejam vistas sob o prisma das estratégias de textualização, especialmente pelos processos referenciais. Um recorte do mundo na mídia sob o olhar da Semiolinguística, o sexto artigo, de Maria Aparecida Lino Pauliukonis (UFRJ) e Rosane Santos Mauro Monnerat (UFF), tem como proposta discutir o conceito de texto como discurso sob os fundamentos da Teoria Semiolinguística (CHARAUDEAU, 2006, 2007, 2008, 2010). As autoras analisam como se dá a apreensão dos sentidos de um texto, tomando por base o exame de operações discursivas realizadas pelos sujeitos enunciadores em uma situação social específica e regidos por um contrato comunicativo. Concordam com Charaudeau ao admitirem que uma análise do discurso das mídias, deve-se atentar para as diferentes características situacionais e enunciativas, e não apenas para as marcas explícitas da enunciação. O posicionamento do sujeito enunciador pode, por exemplo, aparentar um certo apagamento da subjetividade, mas, na verdade, seu propósito pode ser marcar um ponto de vista em relação ao objeto de discurso, atribuindo “lugares e posições” a seu destinatário, ou utilizando recursos de patemização. O sétimo artigo, Argumentação emocionada em cartas e em postagens do Instagram, de autoria de Evandro de Melo 10v. 12 (esp)07-11out.2022ApresentaçãoCatelão (UTFPR) e Suzana Leite Cortez (UFPE), mostra o fazer argumentativo de textos pré-digitais e digitais nativos, marcadamente passionais, que visam a agir sobre o interlocutor através da mobilização de emoções. É discutido, pela comparação entre carta de suicídio e postagem no Instagram, que tipo de orientação argumentativa é explorada pelos enunciadores. Entre o dissenso e o pathos: descortesia e ethos, de Isabel Fuzeta Gil (Universidade de Coimbra/CELGA-ILTEC), mostra que a patemização do discurso condiciona a reação dos interlocutores em determinadas situações, a partir das estratégias de influência desenvolvidas no discurso político (Charaudeau, 2005, 2007, 2008), marcado por traços de polemicidade, dicotomização e polarização (AMOSSY, 2010, 2014), e  da realização de atos ilocutórios caracterizados pela impolidez no conflito (KERBRAT-ORECCHIONI, 2017). No nono artigo, Polidez e impolidez em charges políticas, de Maria Elias Soares (UFC) e Adriana Regina Dantas Martins (UFC),  o objetivo é analisar a polidez e a impolidez em duas charges políticas, com base em Brown e Levinson (1987), Culpeper (1996) e Leech (1983). As autoras tomam como categorias de análise as estratégias off-record de Brown e Levinson e constatam que o que é polido ou impolido pode pode ser diferentemente considerado dependendo da situação comunicativa, como aconteceu nas charges políticas analisadas.Em Interação e descortesia: uma visão pragmática, de Luiz Antônio da Silva (USP), o autor considera que há dois polos, cortesia e descortesia, entre os quais existe um continuum gradual que precisa ser observado (FUENTES RODRIGUEZ E BRENES PEÑA, 2013). O objetivo do artigo é tecer considerações a respeito desses dois polos, embasados em dois modelos: de Brown e Levinson (1987), e de Culpeper (1996).O décimo primeiro artigo, A construção dos ethé de Karol Conká: uma análise discursiva e textual de autoria de André Brito da Silva (UFC), de Francisco José Gomes de Sousa (UFC) e de Letícia Teixeira Lobo Rodrigues (UFC), analisa a construção da prova argumentativa do ethos a partir de três imagens discursivas constituídas pela rapper brasileira Karol Conká. Observam os autores como essas imagens construídas apresentam os posicionamentos discursivos assumidos e a orientação argumentativa dos textos produzidos pelo sujeito enunciador em questão. 11As organizadorasISSN 2237-6321O artigo Estereótipos, intertextualidade e argumentação em gêneros digitais, da autoria de Rosalice Pinto (Universidade Nova de Lisboa), é centrado na Linguística Textual (CAVALCANTE et. al., 2021) atualmente preconizada no Brasil, e mostra de que forma a depreensão dos estereótipos (tanto ao nível da produção, quanto ao da interpretação) pode vir a colaborar para a (re)construção da dimensão argumentativa de gêneros nativos digitais. No décimo terceiro artigo, Texto, comunicação, interação: considerações sobre a possível delimitação dos conceitos, de Luiz Carlos Travaglia (UFU), o autor tece uma discussão em torno da imprecisão das fronteiras entre texto, interação e comunicação. O trabalho analisou as características distintivas das noções de texto, interação e comunicação e os traços que as superpõem, fazendo com que seus limites sejam fluidos e difusos. Boa leitura!As organizadoras

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