Amorim, Marney C. A. L.

Junior, Rosiberto S. S.

Lyra, Roberto F. F.

Rabelo, Flávia D.

Ramos, Diogo N. S.

Portuguese

Universidade Federal de Santa Maria: Portal de Periódicos Eletrônicos da UFSM

                          VII Workshop Brasileiro de Micrometeorologia                                  47Erosão da camada limite planetária em região tropical(Rondônia) – RBLE3, 1994Roberto F. F. Lyra, Rosiberto S. S. Junior, Diogo N. S. Ramos,Flávia D. Rabelo, Marney C. A. L. AmorimGrupo de Micrometeorologia /UFALe-mail: robertolyra@pq.cnpq.br1. IntroduçãoA camada limite atmosférica ou camada limite convectiva (CLC) sedistingue da atmosfera livre (AL) através de uma inversão térmica na chamadazona de Entranhamento (ZE) [1].  Trata-se de um modelo conceitual desenvol-vido em regiões de clima temperado. Nas regiões de clima tropical, em muitoscasos, a CLC não se adequa a este padrão. Isto se deve a vários fatores comoalta temperatura e umidade, proximidade do equador, convecção, etc.O objetivo deste trabalho é propor a adoção de um valor limite paraa diferença de temperatura entre a CLC e a AL visando identificar aerosão da CLC.2. MetodologiaForam utilizados os dados obtidos durante o experimento RBLE3,em dois sítios experimentais em Rondônia (ver descrição detalhada em [2]).O primeiro em região de floresta nativa (FLORESTA - 10º05’S; 61º55’W; 120m)e o segundo em área desmatada e utilizada como pasto (PASTAGEM - 10º45’S;62º 22’W; 293m). Foram utilizados perfis de temperatura potencial virtual (θv),calculados a partir de radiossondagens realizadas simultaneamente nos doissítios experimentais entre 14 e 24 de agosto de 1994.3. Resultados e conclusõesDurante a estação seca de 1994, foram encontrados muitos casosonde a CLC se comportou de maneira diferente ao padrão: espessura superiora 2 km; diferença de temperatura entre a CLC e a AL muito pequena. etc. NaFigura 1 é mostrado o exemplo do dia 20 de agosto na pastagem. Às 11hl(Figura 1a) o perfil de qv segue o padrão proposto por [1].48                                             Ciência e Natura Ed. Suplementar, UFSMFigura 1. Perfil de θv do dia 20 de agosto na pastagem: (a - primeira) 11hl; (b - segunda) 14hl.Assetas indicam as alturas da CLC (zi), da base da AL (Za) e do nível de subsidência (Zsub).Temperatura potencial virtual (K)Altura (m)Temperatura potencial virtual (K)Altura (m)                          VII Workshop Brasileiro de Micrometeorologia                                  49Às 14hl, verifica-se um aquecimento da CLC e fica difícil a iden-tificação de Zi. A única inversão forte é a de subsidência cuja altura (Zsub)é de cerca de 2400m, conforme indicado na Figura 1b.  Nestes casos,existe duas hipóteses com relação ao que ocorreu com a CLC: H1) con-siderar que a CLC cresceu exageradamente; H2) identificar o topo daCLC em outro nível mais baixo, ainda que a inversão térmica não sejabem definida.  As duas hipóteses implicam em situações atípicas. Naprimeira, o crescimento da CLC seria muito grande (de 770m às 11hpara 2400m as 14h). Na segunda, existem dois valores possíveis para Zi(1375m e 1750m). Nestes dois níveis a diferença de temperatura entre Zie Za é da ordem do décimo de grau. Considerando que CLC com 3000mde espessura é típica de regiões desérticas [1], no caso presente a hipóte-se mais viável é que tenha havido erosão da CLC. Vale salientar, queestudos anteriores realizados com resultados do RBLE3 consideraramque houve crescimento excessivo da CLC. Neste trabalho são propostosdois critérios para identificar os casos de erosão. Para tal foi feitoincialmente o seguinte: a) Identificação dos casos onde haja suspeita deerosão da CLC através dos perfis verticais θv; b) identificação das altu-ras da Zi, Za e Zsub, e das temperaturas em Zi [T(Zi)] e em Za [T(Za)]; c)cálculo da diferença de temperatura na ZE [DT(ZE) (K)=T(Za)-T(Zi)] e da razãoentre Zi e Zsub [RZ=Zi/Zsub]. Os cálculos foram feitos separadamentepara os três grupos de sondagens: i) Normais; ii) Suspeita de erosãoaplicando H1; iii) Suspeita de erosão aplicando H2.  Na Tabela 1 sãomostrados os valores médios obtidos. Comparando os valores dos ca-sos suspeitos com os normais, verifica-se que, quando H1 é assumida,RZ (0,80) representa cerca de 2,3 vezes a média para CNs (0,35) e DT(ZE) (K)(1,18K) é da mesma ordem da média para CNs (1,01K). Quando H2 éassumida, DT(ZE) (K)0,19K) é muito pequeno (0,19 da média para os CNs)e RZ (0,58) é 1,7 vezes a média para os CNs.Tabela 1. Valores médios de DT(ZE) e de RZ  para as sondagens normais, e suspeitas de erosão(assumindo as hipóteses 1 e 2).sotiepsussosaC1esetópihsotiepsussosaC2esetópihsiamronsosaCZR ZR ZR81,1 08,0 91,0 85,0 10,1 53,0DT(ZE) (K) DT(ZE) (K) DT(ZE) (K)50                                             Ciência e Natura Ed. Suplementar, UFSMPara definir os valores limite de ∆T(ZE) e de RZ para identificar aerosão da CLC foram tomados como base as médias destes termos paraos 3 grupos de dados. Uma condição foi imposta: aplicando os valoreslimite aos CNs, nenhum caso de erosão pode ser detectado. Obedecen-do esta condição, nos CNs o menor valor para ∆T(ZE) foi de 0,26 e omaior  valor para RZ  foi 0,88.  Finalmente,  são propostos como valorlimite para erosão da CLC, ∆T(ZE) ≤ 0,25K e/ou RZ ≤ 0,9.Referências[1] STULL, R. B. An introduction to boundary layer meterology.Dordrecht: Kluwer Acadm. Publishers, 1988.[2] LYRA, R.F.F.; MOLION, L.C.B.; DA SILVA, M.R.G.; FISCH, G.; NO-BRE, C.A.; 2003: Some Aspects of the Atmospheric Boundary Layer OverWestern Amazonian: Dry Season 1994. Revista Brasileira de Meteorologia,v. 18, N° 1, p. 79-85.

Erosão da Camada Limite Planetária em Região Tropical (Rondônia) - Rble3, 1994

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