Este trabalho teve como objetivo testar o efeito de diferentes tipos de lesão no tempo de vida pós-colheita de caquis ‘Fuyu

de Carvalho, Ruy Inacio Neiva

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44 Agropec. Catarin., v.13, n.1, mar. 2000Fisiologia vegetalEfeito de lesões em frutos do caquizeiro FuyuRuy Inacio Neiva de Carvalhocaquizeiro  é  uma  das  espéciesfrutíferas de melhor adaptaçãonas regiões de clima temperado. Estaboa adequação em condições adversasde clima e solo faz com que o caquizeiroseja uma fruteira preferida empomares domésticos ou pomarescomerciais com poucos recursos.Os tratos culturais no pomar, comoadubação, capinas e roçadas, são defácil realização. O manejo da plantatambém não é difícil, uma vez quepoucas pragas e doenças aparecemdurante o cultivo. A poda de conduçãoe de frutificação da planta é simples,pois os ramos novos e produtivos nãose desenvolvem excessivamente numaestação de crescimento. A poda deinverno, além de auxiliar na formaçãoda planta, tem efeito de desbaste deramos em excesso e mal localizadosna copa, sem provocar encurtamentodos ramos mantidos na planta.A colheita de caquis ocorre de feve-reiro a junho, de acordo com a cultivarplantada e o local de cultivo (1). Osfrutos colhidos têm boa aceitação nomercado, principalmente aqueles quenão possuem tanino, substância quenos dá a sensação de adstringência ouamarração na boca ao consumirmosa fruta.O caqui é uma fruta que continuao amadurecimento após a colheita(fruta climatérica) e pode ser colhidadurante a maturação. Somente osfrutos taninosos, com elevado teor detanino, têm limitação de colheita pre-coce. Desta forma, os caquis sem tani-no ou doces, pertencentes ao grupoAmagaki, têm preferência pelo mer-cado. A principal cultivar deste grupoé o Fuyu. Esta cultivar deve sercolhida antes da maturação final naplanta, quando ainda estiver firme,pois desta forma o período decomercialização torna-se mais amplo,trazendo benefícios ao produtor. Damesma maneira, as operações de co-lheita, beneficiamento e conservaçãosão facilitadas, uma vez que o fruticul-tor tem mais tempo para realizarestes trabalhos e a maior firmeza dosfrutos facilita o seu manejo. Assim, osfrutos chegam ao mercado em bomestado de comercialização.Embora a colheita de frutos nãocompletamente maduros seja umaoperação mais fácil, o produtor deveter muito cuidado desde a forma dedesligamento do fruto da planta até oseu acondicionamento em embalagensno galpão ou no armazém. Pequenaslesões, invisíveis na realização da co-lheita, podem diminuir a vida doscaquis após a colheita, provocandomurcha acelerada ou adiantamentoda maturação.Este trabalho teve como objetivotestar o efeito de diferentes tipos delesão no tempo de vida pós-colheita decaquis Fuyu.Metodologia utilizadaNo pomar experimental da Fazen-da Gralha Azul da PUC-PR, situadano município de Fazenda Rio Grande,região metropolitana de Curitiba, oscaquis foram colhidos quando apre-sentavam até 25% da casca com colo-ração amarela do lado oposto aopedúnculo do fruto. O desligamentodos frutos foi feito por meio de cortecom tesoura, colocando-os, em segui-da, em caixas de papelão formandoapenas duas camadas de fruto, deforma que o pedúnculo de um caquinão ferisse a casca de outro. Após acolheita, os frutos foram levados auma sala com monitoramentoambiental para a simulação de lesões.O peso médio dos frutos utilizados foide 142,06g.Foi adotado o delineamento emblocos ao acaso com cinco repetiçõesnum arranjo fatorial (5x3), sendo umfator os tipos de lesão e outro asépocas de avaliação. Utilizaram-se dezfrutos por tratamento.Para a aplicação dos diferentes ti-pos de lesão, os frutos foram divididosem cinco grupos que representaramum grupo testemunha (sem lesões) eoutros quatro que receberam as se-guintes lesões: Batida: queda livre do fruto deuma altura de 20cm sobre uma mesade fórmica. Perfuração: queda livre do frutode uma altura de 5cm sobre umasuperfície pontiaguda (pregos de 2mmde diâmetro), provocando em médiadoze pequenos orifícios com uma pro-fundidade de até 2mm. Corte: foram feitos  três corteslongitudinais (3cm de comprimento) esuperficiais (até 2mm), por meio deum estilete, na região mediana dofruto. Raspagem: passagem do frutosobre uma lixa (100/123 da Norton)em três regiões na lateral da casca, deforma que apenas a casca fosselesionada.Em seguida, os frutos foram man-OAgropec. Catarin., v.13, n.1, mar. 2000 45Fisiologia vegetaltidos em ambiente com temperaturade 18 a 22,5oC e umidade relativa do arentre 71 e 82,5%, simulando condi-ções de comércio.Aos 7, 14 e 21 dias foram feitasavaliações de percentagem de perdade peso, avanço da maturação e sinto-mas visíveis de murcha.Para avaliar visualmente amaturação determinou-se a seguinteescala:Nível 1: até 25% da casca comcoloração amarela;Nível 2: entre 25 e 50% da cascacom coloração amarela;Nível 3: entre 50 e 75% da cascacom coloração amarela;Nível 4: mais que 75% da cascacom coloração amarela ou laranja.Acima do nível 3 de maturação osfrutos já estariam aptos para o consu-mo, com sabor agradável e boa quan-tidade de suco.Para avaliar visualmente os sinto-mas de murcha determinou-se estaoutra escala:Nível 1: sem sintoma de murcha;Nível 2: início de sintomas de mur-cha próximos ao cálice;Nível 3: murcha muito visível nametade superior do fruto;Nível 4: murcha generalizada.O nível 2 representa frutos comlimitações ao mercado e os níveis 3 e4 representam frutos inaptos ao mer-cado, embora possam ser utilizados deforma caseira desde que não ocorramdeteriorações por doenças ou enve-lhecimento natural.Perda de pesoJá aos sete dias após a colheita oscaquis apresentaram rápida perda depeso, independentemente da presen-ça ou do tipo de lesão (Tabela 1). Estaperda de peso média de 5,2% é repre-sentada principalmente pela perda deumidade inicial, que ocorre natural-mente nos frutos após seu desliga-mento da planta.Para muitas frutas, perdas de pesoentre 3 e 6% são suficientes paralimitar a qualidade da fruta, porém,em alguns casos, perdas de até 10%ainda permitem a comercialização doproduto (2). Neste estudo, a perda depeso entre 5,5 e 11% foi o limiteaceitável para a comercialização. Jáaos catorze dias após a colheita, frutosperfurados, cortados ou raspados so-freram maior perda de peso que osfrutos batidos.Os tratamentos para retardar aperda de peso em caquis, como oarmazenamento à baixa temperatura(0 oC) e elevada umidade relativa do ar(85 a 95%), associado ao uso de emba-lagens plásticas ou ceras de revesti-mento, devem ser preferencialmenteutilizados antes que os frutos sejamlevados ao comércio (3).Qualidade visual do frutoA perda de peso média de 5,2%ocorrida aos sete dias após a colheitafoi aceitável e não determinou sinto-mas de murcha nos frutos (Tabela 2).Embora a murcha não fosse visívelneste período, as lesões do tipo perfu-ração, corte ou raspagem deprecia-ram a qualidade visual do fruto poissão facilmente detectáveis mesmo emfrutos firmes e recém-colhidos. Osfrutos batidos não apresentaram sin-tomas visíveis na primeira semana.O efeito das lesões passou a servisível aos catorze dias principalmen-te naqueles frutos que sofreram rom-pimento da casca pela lesão (perfura-ção, corte e raspagem). Esta respostasalienta a importância do manejo ade-quado na colheita, pois os danos nãosão visíveis no fruto em início dematuração mas tornam-se evidentesdurante a sua vida pós-colheita.Aos 21 dias os frutos com lesõesmais severas (perfuração, corte ouraspagem) já apresentaram murchamuito evidente, tornando-se inaptosao mercado. Os frutos sem lesões e osbatidos também apresentaram mur-cha, porém menos evidente. A batidanão causa rompimento da casca, ape-nas desorganiza os tecidos lesionadostornando-os mais moles. Como a cas-ca não é rompida, a perda de umidadenão é tão facilitada, porém o processode maturação é acelerado.MaturaçãoAs lesões nos frutos também inter-feriram na maturação final. Os caquisTabela 1  Percentagem de perda de peso em caquis Fuyu que receberam diversos tiposde lesãoDias após a colheitaTipos de lesão7 14 21Sem lesões 5,2 Aa 7,7 BCb 10,7 CDcBatida 5,2 Aa 7,6 Cb 10,4 DcPerfuração 5,0 Aa 8,7 Bb 11,5 BCcCorte 5,2 Aa 8,6 Bb 11,9 ABcRaspagem 5,4 Aa 9,6 Ab 12,7 AcMédia 5,2 a 8,4 b 11,4 cNotas: a)Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas e minúsculas nas linhas nãodiferem significativamente pelo teste de Tukey a 5%.b) Coeficiente de variação = 6,5%.Tabela 2  Relação entre nível de perda de peso e sintomas de  murcha em frutos de caquiFuyu colhidos com 25% da casca com coloração amarelaNível médio de perda de peso%Até 5,5 Sem sintomas visíveisEntre 5,5 e 11 Início de sintomas próximo ao cáliceEntre 11 e 12 Sintomas muito visíveis na metade superior do frutoAcima de 12 Murcha generalizadaSintomas de murcha#46 Agropec. Catarin., v.13, n.1, mar. 2000Fisiologia vegetallesionados por corte ou batida avança-ram mais rapidamente sua maturação,atingindo aos 21 dias o nível 3 prede-terminado, ou seja, com 50 a 75% dacasca com coloração amarela, enquan-to os outros frutos permaneciam comaté 50% da casca com coloração ama-rela.O avanço da maturação não foi ofator limitante para a manutenção daqualidade de caquis colhidos com ape-nas 25% da casca com coloração ama-rela e lesionados de diversas formas.ConclusõesA murcha conseqüente da perda depeso foi o fator limitante à possibilida-de de uso de caquis Fuyu no comér-cio até três semanas após a colheitade frutos em início de maturação. Aslesões que provocaram rompimentoda casca depreciaram o fruto pelaaparência inicial da lesão e determi-naram perda de peso mais acelerada.Desta forma, todos os cuidados paranão danificar a casca da fruta durantea colheita, armazenamento ecomercialização devem ser tomadospara aumentar a vida pós-colheita decaquis Fuyu.Literatura citada1. BIASI, L.A.; MORIMOTO, F.; CARVALHO,R.I.N.; ZANETTE, F. Trabalhador nafruticultura: cultivo do caquizeiro.Curitiba: SENAR-PR, 1998. 40p.2. CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologiae manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE,1990. 320p.3. CARVALHO, R.I.N. Conservação de fru-tas. In: CARVALHO, R.I.N. (Coord.);ZANETTE, F.; MORIMOTO, F.; BIASI,L.A.; ZAWADNEAK, M.A.C.;FAVARETTO, N.; TRATCH, R.;SALLES, R.F.M. Produção de frutasem pomar doméstico. Curitiba:Champagnat, 1998. 156p.Ruy Inacio Neiva de Carvalho, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 24.342-D, Crea-PR,Pontifícia Universidade Católica do Paraná,Campus São José dos Pinhais, Centro deCiências Agrárias e Ambientais, Rodovia BR376, km 14, 83010-500 São José dos Pinhais,PR, fone (0XX41) 382-1454, fax (0XX41) 382-1223.oFundagroFundação de Apoio aoDesenvolvimento Rural Sustentáveldo Estado de Santa CatarinaUma organização não-governamental para apoiar o setoragrícola público e privado do Estado de Santa Catarina.• Diagnósticos rápidos.• Pesquisas de opiniões e de necessidades do setor agrícola.• Consultorias.• Realizações de cursos especiais.• Projetos para captação de recursos.• Produção de vídeos e filmes ligados ao setor agrícola.• Projetos de financiamento do Pronaf e outros.• Serviços de previsão de tempo.Rodovia  Admar  Gonzaga,  1.347,  Itacorubi,  C.P.  1.391,fone  (0XX48)  234-0711,  fax   (0XX48)  239-5597, e-mail:fundagro@climerh.rct-sc.br, 88010-970 Florianópolis, SC.

Efeito de lesões em frutos do caquizeiro ‘Fuyu’

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