Praxia - Revista on line de Educacao Fisica da UEG
Abstract
Há um ditado popular que diz “É necessário conhecer os extremos para que se encontre o equilíbrio”. Infelizmente, não sei atribuir o autor de tamanha sabedoria, mas acredito que ela se aplica à Fisioterapia Neurofuncional. Como especialidade passamos longas décadas focando nossa atuação no manejo das deficiências, em especial nos distúrbios de tônus, enquanto sonhávamos que as limitações na atividade seriam transformadas por consequência, num futuro distante. Desde os anos 1950 até antes dos anos 2000, focamos nossos esforços em quebrar a espasticidade (e que terminologia inadequada escolhemos), melhorar as amplitudes de movimento e evitar que movimentos atípicos (antigamente denominados equivocadamente de anormais) pudessem emergir no comportamento motor dos pacientes1. Falhamos miseravelmente. Felizmente, em 2001, a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)2 nos colocou diante da urgente necessidade de olhar para a funcionalidade de modo amplo, sob a lente do Modelo Biopsicossocial, e nos fez compreender a importância dos fatores contextuais na funcionalidade dos pacientes neurológicos. Saímos, então, para uma corrida em direção à redução das limitações na atividade e restrições na participação por meio da realização das atividades a qualquer custo, a qualquer preço e sem mínimos critérios de qualidade. De um extremo ao outro em 50 anos. E, com a atuação pautada no Modelo Biopsicossocial, usando o prisma da CIF, descobrimos que não tratamos condições de saúde, mas sim suas consequências na funcionalidade do indivíduo