Estética(s) realista(s) e imaginário urbano: estudo sobre as diferentes concepções do realismo literário e sua configuração na obra de Marcelino Freire
A realidade empírica é inacessível. Qualquer concepção que se venha a estabelecer sobre o real constitui, na verdade, uma representação das tantas diversas representações que se podem estabelecer por meio da multiplicidade de discursos presentes na sociedade. Essa instabilidade influenciou a contestação da narrativa histórica e garantiu a ambiguidade e a plurissignificação de definições como “Realismo”, “Realismo Estético” ou “Realismo Artístico”. Na literatura brasileira, a partir da década de 70, intensificaram-se as representações urbanas nas narrativas ficcionais. Essas representações muitas vezes marcadas por uma imposição representacional, ou uma tentativa de reduplicação fiel da realidade, são definidas por Jaguaribe (2005) como “os novos realismos”. Esses realis-se são influenciados principalmente pelos veículos midiáticos de comunicação em massa, que utilizam a imagem como recurso preponderante. A literatura absorve essa imposição de realismo mediado pela imagem. Outras obras, entretanto, diferenciam-se dessa tendência buscando representações mais densas e significativas do que aquelas já demarcadas e naturalizadas no cotidiano dos grandes centros brasileiros