Para Isabel Re’amo e tantas outras mulheres indígenas, em especial as que morreram vitimadas pelo COVID 19

BORGES, Águeda Aparecida da Cruz

JESUS, Naine Terena de

Portuguese

Universidade Federal de Santa Maria: Portal de Periódicos Eletrônicos da UFSM

ISSN: 1519-9894 / e-ISSN: 2179-2194Artigo Originalperiodicos.ufsm.br/fragmentumFragmentum, Santa Maria, n. 58, p. 231-232, jul./dez. 2021Submissão: 24/07/2021  Aprovação: 24/07/2021DOI: https://doi.org/10.5902/2179219466881UMA HOMENAGEMÁgueda Aparecida da Cruz BorgesUniversidade Federal do Mato Grosso, UFMT, Cuiabá, MT, Brasil Naine Terena de JesusFaculdade Católica de Mato Grosso, FACC-MT, Várzea Grande, MT, BrasilPara Isabel Re’amo e tantas outras mulheres indígenas, em especial as quemorreram vitimadas pelo COVID 191.Aproveitamos, do espaço da Revista, para imprimir um gesto de homenagem à Isabel Re’amo, uma das lideranças do povo Xavante muito ativa e conhecida tanto no Estado quanto em todo o país, era uma referência para as mulheres Xavante de Mato Grosso, e uma das pioneiras do protagonismo Xavante feminino. Vivia na aldeia Imaculada Conceição, na Terra Indígena São Marcos, localizada no município de Barra do Garças (516 km de Cuiabá).  Eu havia entrado em contato para que ela nos escrevesse um texto para a Revista, ela nos deixou antes.Isabel faleceu no dia 08 de julho de 2021. Estendemos esse gesto de homenagem a tantas outras mulheres, de tantas etnias que se foram nos últimos tempos, principalmente, vítimas da pandemia.A morte de Isabel teve grande repercussão, foram muitas as manifestações de parentes tanto xavantes quanto de outras etnias, de não indígenas que a admiravam e de organizações indigenistas do Estado.Em vida Isabel lutou pelos direitos dos povos indígenas, em especial das mulheres, participando ativamente de movimentos, encontros e manifestações. Não media esforços para mobilizar as mulheres de seu povo, na garantia de que elas pudessem participar e ser visíveis na defesa seus direitos, seja nas comunidades, em Barra do Garças ou em Brasília. Lutando pelo fortalecimento dos e das A’uwe Uptabi. Toda a equipe do documentário “Território: nosso corpo, nosso espirito” agradece por ter feito parte desta obra e nos ensinado tanto. Iremos garantir que sua história seja eternizada.  (Tsitsina Xavante).¹Ofi cialmente denominada  SARS-CoV-2 (do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2) ou síndrome respiratória aguda grave do coronavírus 2. (2020)232 Águeda & NaineÉ preciso registrar que o Movimento de Mulheres Indígenas vem se fortalecendo com base em mulheres como Isabel, por exemplo, que lutam entre outros temas contra as queimadas e desmatamentos, principalmente na Amazônia e em outras terras indígenas, pela defesa das mulheres, pelos direitos dos povos e contra Projetos de Lei como o 490 que altera a legislação de demarcação das terras indígenas e coloca em risco populações originárias que vêm resistindo “na marra”.É urgente combater a política globalizadora, individualista, os discursos que camufl am a realidade preconceituosa na qual vivemos, que negam a ciência e reafi rmam uma prática que minimiza o fator histórico de 521 anos de colonização. Além do enfrentamento a uma Pandemia que imprime um trágico discurso da/sobre a morte, em várias faces, e com ela a produção do luto funcionando em relações atravessadas pela má gestão do país. Viva a Isabel e tantas mulheres indígenas ou não! Que sejam sementes!

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