O livro é dividido em dez capítulos. Apresenta um conjunto de pesquisas que "orbitam no estudo da linguagem, no campo da liguística, da literatura, da filosofia, da história, resultantes de reflexões acadêmicas- científicas (MACHADO; FIGUEIRA-BORGES; SILVA, 2021, p.10), de forma a estabelecer um cenário crítico-reflexivo no que diz respeito a questões contemporâneas que envolvem os estudos da linguagem

Luterman, Luana Alves

Machado Oliveira, Bruno Henrique

Mariano Vieira, Wânia Gomes

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Portal de Periódicos da Universidade Estadual de Goiás

                                            Revista CORALINA                                 ISSN 2675-1399  Cidade de Goiás, vol. 3, n. 1, p. 123- 127,  julho/2021 123  DISCURSIVIDADES EM ESTUDOS DA LINGUAGEM Apontamentos sobre o livro “Questões de Linguagem”  Discursivities in Language Studies Notes on the book “Language Questions”  Bruno Henrique Machado Oliveira (UEG)1 bhmo1996@gmail.com https://orcid.org/0000-0002-3258-4333  Wânia Gomes Mariano Vieira (UFCAT)2 waniagomesmv@gmail.com https://orcid.org/0000-0003-4368-007X  Luana Alves Luterman (UEG)3 luanaluterman@yahoo.com.br https://orcid.org/0000-0001-6491-4045  A obra Questões de Linguagem, publicada em 2021 sobre a organização de Alan Oliveira Machado, Guilherme Figueira-Borges e Márcia Aparecida Silva, apresenta um conjunto de pesquisas que “orbitam no estudo da linguagem, no campo da linguística, da literatura, da filosofia e da história, resultantes de reflexões acadêmico-científicas” (MACHADO; FIGUEIRA-BORGES; SILVA, 2021, p. 10), de forma a estabelecer um cenário critico-reflexivo no que diz respeito a questões contemporâneas que envolvem os estudos da linguagem.  O livro é dividido em dez capítulos, sendo o último destinado a descrição acadêmica dos autores presentes no organizando e o primeiro destinado a uma introdução, desenvolvida por Alan Oliveira Machado, Guilherme Figueira-Borges e Márcia Aparecida Silva, composta por explanações das questões de linguagem que envolvem assim como um resumo reflexivo sobre cada artigo que se arrolam no livro.                                                 1 Mestrando no programa de Pós-graduação em Língua, Literatura e Interculturalidade (POSLLI) na Universidade Estadual de Goiás, Campus Cora Coralina. Membro do “Grupo de Estudos do Discurso e de Nietzsche” GEDIN/CNPq E-mail: bh.machado@hotmail.com  2 Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem (PPGEL) na Universidade Federal de Catalão, Campus Catalão.  Membro do “Grupo de Estudos do Discurso e de Nietzsche” GEDIN/CNPq E-mail: waniagomesmv@gmail.com  3 Docente da Universidade Estadual de Goiás e no Programa de Pós-graduação em Língua, Literatura e Interculturalidade (POSLLI/UEG). luanaluterman@yahoo.com.br  DISCURSIVIDADES EM ESTUDOS DA LINGUAGEM Apontamentos sobre o livro “Questões de Linguagem”                                                                          Cidade de Goiás, vol. 3, n. 1, p. 123-127,  julho/2021  124 Outrossim, no segundo capítulo, o primeiro artigo da obra, intitulado “Língua como ‘objeto de amor’: o discurso de educadores de professores sobre o idioma Inglês” de Marcela Henrique de Freitas e Cristiane Carvalho de Paula Brito, somos apresentados a uma proposta de estudos que se subsidia nas correntes teóricas da Análise do Discurso e nos estudos da Linguística Aplicada. Para a constituição da base de dados as autoras utilizam, depoimentos de seis “educadores de professores”, docentes que atuam na formação de futuros professores, no curso de Letras, com habilitação em Língua Inglesa. A este ponto, encontramos o foco de pesquisa destinado a análise da produção de discursividades de professores que ensinam-aprendem a Língua Inglesa. No capítulo, encontramos debates que envolvem a memória discursiva, processos de enunciações em batimento com a discussão sobre as condições de existência de um ensino de língua estrangeira voltado a problematização da multiplicidade de possibilidades de ensino do inglês, com foco na comunicação de forma a desenvolver no discente condições possíveis para que o mesmo se aproxime da outra língua como objeto de estudo/ensino, meio de acesso à uma nova cultura, e também, como quesito imposto no curso de graduação. Nos depoimentos, em contrapartida, as autoras reconhecem que há no processo de enunciação de educadores de professores o desenvolvimento do sentimento de encantamento, prazer e desejo o que, tensiona a proposta da pesquisa a uma nova leitura do processo de formação de professores, no qual, são apresentados a formas de ensino de uma segunda língua como objeto de afeto. A partir dos postulados teóricos da análise do discurso francesa, em especial do meio cinematográfico, a pesquisa “Discurso Crítico cinematográfico: o cinema entre a crítica acadêmica e a crítica Mass Media” de autoria de Grenissa Bonvino Stafuzza apresenta uma discussão sobre as materialidades que rondam a crítica cinematográfica, problematização a produção da crítica formal acadêmica e a crítica informal inserida no meio do mass media (meios de comunicação social). Nas palavras da pesquisadora, a crítica cinematográfica acadêmica “baseia-se em quatro princípios norteadores [a) A legitimação de um objeto; b) a posição teórica do crítico; c) a sustentação de um posicionamento crítico; d) validação da argumentação crítica com utilização de exemplos] que não são observados no discurso crítico da praça pública” (STAFUZZA, 2021, p.33). No decorrer do trabalho, a pesquisadora verticaliza o debate sobre a produção científica, a formação da vontade de verdade do fazer crítico e a produção do exame administrado sobre determinado material audiovisual. Para além, notamos na pesquisa a utilização de um corpora variado para que, a teoria arrolada no debate se tensione em suportes variados, versados a produção do fazer crítico a materiais fílmicos. Bruno Henrique Machado de Oliveira/ Wânia Gomes  Mariano Vieira/ Luana Alves Luterman Cidade de Goiás, vol. 3, n. 1, p. 123-127,  julho/2021 125 Temos no capítulo quatro “O mito como esclarecimento e o esclarecimento como mito, na dialética do esclarecimento” de Alan Oliveira Machado, o autor expõe acerca da dialética do esclarecimento, ensaio de Theodor Adorno e Max Horkheimer (1985), no que diz respeito ao conceito de esclarecimento que trata do trânsito do pensamento mítico para o esclarecimento. No desenvolvimento do texto, o autor nos direciona a compreender que os mitos desempenham papéis de narrativa explicativa da realidade. Na concepção do autor o mito já é esclarecimento ao passo que, compreender as críticas à razão segundo Adorno e Horkheimer (1985) possibilita analisar o surgimento da razão como esclarecimento a partir da criativa interpretação da Odisseia, de Homero. No passo da leitura do texto o autor, com base na obra de Adorno e Horkheimer (1985) aponta uma teoria Crítica, do exercício do pensamento em constante renovação. Desse modo, o esclarecimento humano recria o mundo, conceitua, e dá sentido às relações de poder e de dominação e possibilita reconhecer as  condições históricas que não cessam de produzir seus efeitos. No capítulo “De mãos dadas com os camponeses: interpretações do espaço agrário goiano na obra de Bernardo Élis”, de Ricardo Junior de Assis Fernandes Gonçalves, apresenta uma série de reflexões sobre as obras literárias de Bernardo Élis que demonstram a aproximação entre Geografia e Literatura ao problematizar relações contidos no cotidiano do espaço agrário goiano. No texto, o autor apresenta a literatura regionalista de Bernardo Élis que “vasculha as coisas miúdas do cotidiano rural, palmilha o mundo de exploração, conflito e desigualdade em Goiás” (GONÇALVES, 2021, p. 74) . Isso nos diz respeito por trazer uma reflexão em relação às posições políticas expostas nas obras de Élis, compreendidas sob o prisma das lutas pela emancipação dos trabalhadores e camponeses expropriados pelos latifúndios em Goiás. O capítulo coloca em destaque a solidariedade do escritor com as mazelas sofridas pelos camponeses ao expor a exploração e injustiça vivida pelos trabalhadores do campo. Igualmente, a discussão possibilita interpretar o espaço dos confins de Goiás e amplia o dizer do geógrafo sobre o mundo.  De acordo com o autor, a literatura de Élis explora os espaços geográficos, históricos, sociológicos, culturais, econômicos e imagéticos impregnados de significados. O capítulo “O ensino de língua portuguesa no período jesuítico e os PCN: uma abordagem historiográfica, escrito por Liliam de Oliveira e Sonia Maria Nogueira nos convida a discutir sobre algumas (in)adequações do ensino elementar de Língua Portuguesa no Brasil, pela vertente  da historiografia. Isto a partir da construção de considerações sobre a política de implantação da Língua Portuguesa assumida pelos jesuítas no Brasil, e sobre a atualidade brasileira, por meio da proposta dos PCN, de Língua Portuguesa.  O texto apresenta considerações acerca do ensino nos séculos XVI, XVII e XXI, sob o enfoque historiográfico. DISCURSIVIDADES EM ESTUDOS DA LINGUAGEM Apontamentos sobre o livro “Questões de Linguagem”                                                                          Cidade de Goiás, vol. 3, n. 1, p. 123-127,  julho/2021  126 Os jesuítas durante gerações cobraram excessivamente o ensino da norma culta. Nesse sentido, a reflexão apresentada pelas autoras buscou traçar um paralelo entre as questões educacionais do período jesuítico com a atualidade brasileira. A proposta dos PCN sugere que nas séries iniciais os conceitos de relevância e o valor dos usos da linguagem sejam discutidos e que se produzam conteúdos de Língua Portuguesa relevantes ao momento presente. Dessa forma, a respeitar as demandas sociais levando em consideração as variações dialetais do educando, e evita o ensino da Língua Portuguesa descontextualizado restrito ao ensino do vernáculo realizado desde os primórdios da educação no Brasil.  O sétimo capítulo da obra, intitulado “Diário reflexivo e autoavaliação: possibilidades para o ensino da língua portuguesa”, de Ana Angélica Lourenço de Souza e Márcia Aparecida Silva, observamos os desafios de ensinar a linguagem  como instrumento de construção do conhecimento e da vida social dos estudantes. Para isso, as autoras empreendem uma reflexão sobre diários reflexivos que podem servir tanto para o professor quanto para o aluno. Nas análises apresentadas às autoras nos possibilitam refletir sobre uma intervenção pedagógica na sala de aula por meio dos diários reflexivos. Desse modo, interpretar a escrita dos alunos de uma escola do ensino médio sobre observações do contexto escolar possibilita uma análise do processo de ensino-aprendizagem. Ao ler os diários reflexivos dos alunos e refletir juntamente com eles, o professor tem a oportunidade de fornecer feedback, avaliar a situação e assim compartilhar com o aluno o que pode ser feito, o que pode ser mudado para agir de forma mais cooperativa em sala de aula, identificando os dilemas sobre avaliação e aprendizagem. Ao ler os diários reflexivos o professor torna-se consciente das dificuldades dos alunos e busca soluções pedagógicas para melhorar o ensino-aprendizagem, pois, ao considerar as individualidades pode agir de forma mais cooperativa em sala de aula. A pesquisa, intitulada “Sentidos de/sobre transexual/transexualidade em depoimentos de professoras trans”  de Raika Beliny Barbacena da Silva, Fernanda Surubi Fernandes e Samuel Carlos Melo, propõe a análise de discursividades acionadas em enunciações de mulheres trans, com ênfase no depoimento de professoras trans. Na composição do corpus de análise, observamos a utilização de depoimentos contidos no documentário “Transexual: a luta pela identidade” e depoimentos vinculados em alguns canais do Youtube. Na pesquisa, observamos o perscrutamento sobre os sentidos atribuídos à identidade transexual, com ênfase em observações lexicológicas em oposição a estudos sobre o fazer/ser transexual buscando a constituição de um artigo calcado nos postulados teóricos da análise do discurso francês. Assim, no desenvolvimento do estudo, contemplamos o arrolar de um debate sobre alguns dos limites Bruno Henrique Machado de Oliveira/ Wânia Gomes  Mariano Vieira/ Luana Alves Luterman Cidade de Goiás, vol. 3, n. 1, p. 123-127,  julho/2021 127 interpretativos aplicado a sujeitos transexuais a partir do batimento sobre o espaço de luta e resistência do corpo transexual na sociedade, e no fazer docente.  Em “Constituição discursiva do corpo feminino em pronunciamento de Michel Temer” de Sueli Paiva dos Santos e Guilherme Figueira-Borges encontramos a discussão de uma análise discursiva de fragmentos do pronunciamento de 2017 do então presidente da república, Michel Temer, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Na pesquisa, encontramos a filiação de um campo de análise do discurso ancorada em postulados foucaultianos, assim como o debate do gênero feminino a partir da percepção de uma regularidade sócio-histórica de exclusão e inferiorização. Em discussão, os autores apostam em uma análise que “retrata as condições sócio-históricas de produção de enunciados machistas” que se desenvolvem “enquanto dispositivos de controle e de dominação governamental” (SANTOS; FIGUEIRA-BORGES, 2021, p. 154) versando a constituição de uma regularidade discursiva que normaliza sanções disciplinares na procura de um chancelamento de docilidade de corpos femininos, pelas esferas da condução das condutas e os órgão de governamento do estado. Há no artigo o processo de esquadrinhamento das ressonâncias discursivas presentes no discurso de Temer, no qual se procura mapear e analisar materialidades discursivas que replicam e validam um ordenamento discursivo de inferioridade do fazer feminino, assim como a articulação discursiva de uma abjeção a valorização do corpo social feminino.  A partir da leitura realizada e da breve discussão levantada sobre o livro Questões de Linguagem, empreendemos que a obra, aqui resenhada, apresenta uma discussão concisa e alinhada à divergentes/convergentes modos de se estudar a linguagem a partir de perspectivas discursivas. Indicamos a leitura do livro a todos os interessados em estudos da linguagem por possibilitar um espaço de debates plurais sobre o discurso e, para além, abrir vazão a pesquisas outras que puderam, com as chaves de leituras apresentadas na obra, (re)criarem espaços do fazer crítico-científicos em/para novas percepções da lingua(gem). Enfim, recomendamos a leitura desta obra por ser uma importante fonte de investigação de múltiplos olhares, pois a discussão levantada pelo autores e autoras nos orienta na interpretação de temas que percorrem os discursos literários, filosóficos, fílmicos, pedagógicos, os quais contribui para o diálogo acadêmico nas questões concernente aos estudos discursivos pois, temos a questão da linguagem como ferramenta de sustentação dos enunciados que incidem sobre a constituição dos sujeitos. Recebido: março/2021 Aceito: julho/2021  

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