PanAmérica, obra do escritor brasileiro José Agrippino de Paula, se inicia com a descrição de uma cena inusitada: o narrador-protagonista (cujo nome nunca chegamos a conhecer), com um megafone em mãos, sobrevoa um dos vários estúdios que utiliza em Hollywood, supervisionando a produção do mar de gelatina verde que servirá como cenário para a sequência. Descobrimos, algumas linhas abaixo, que a cena em questão visa recriar -- cinematograficamente -- o mito bíblico do êxodo, mais especificamente a fuga dos hebreus pelo Mar Vermelho (PAULA, 2001, p. 13-27). O presente artigo visa problematizar a questão do sagrado na presente obra, através do uso que faz de imaginário cristão e de ações do narrador em relação a tal imaginário.