Governança global no setor saúde: mudanças na “ordem mundial”, na arena internacional e impactos na saúde

Abstract

This paper examines global governance in the health sector, drawing on discussions of the context in which this term emerged along with other related denominations such as global health, global health governance (or global governance for health), and health diplomacy (or global health diplomacy). It is framed by policy analysis theory, on the assumption that both domestic policies —including foreign policy— and international policies are considered public policies, given that they interrelate different actors, ideas and preferences at the various different stages in the decision-making process: agenda-setting, policymaking, implementation and outcomes. The methodology is qualitative and applies the non-systematic literature review technique.  The far-reaching changes in the world order that became evident in the post-Cold War period (the 1990s) are examined and serve as a reference for the theoretical and conceptual discussion of these terms’ meanings in the new world dynamics in place since then. The study concludes that global governance in the health sector is part of a broader process comprising global governance and its specific variants in a world context of major political, institutional and ideological changes in which the neoliberal perspective is overwhelmingly predominant.  As a result, the term global has itself acquired a particular meaning, embedded in the term global health, which has come to replace international health. The effects of this dynamics on the health sector are seen concretely in the entry of certain health problems as global onto foreign policy agendas and in their utilisation as instruments of geopolitics. Changes to WHO funding and the emergence of new institutional alignments have increased private sector participation in decision-making processes and in health sector regulation, expressed in the privatisation of service provision, cooperation and international aid in health to developing countries, as vertical programmes proliferate and national governments are bypassed to the detriment of public and universal health systems strengthening.El artículo se propone discutir la gobernanza global en el sector de la salud, a partir del análisis del contexto de su aparición, y otros términos relacionados: salud global, gobernanza de la salud global (o gobernanza global para la salud), diplomacia de la salud (o diplomacia de la salud global). El marco teórico utilizado es el análisis de las políticas públicas, bajo la premisa de que tanto las políticas nacionales, incluida la política exterior, como las políticas internacionales se consideran políticas públicas, ya que articulan diferentes actores, ideas y preferencias en el proceso de toma de decisiones, en sus diferentes etapas —formación de agenda, formulación de políticas, implementación y resultados. La metodología es cualitativa y utiliza la técnica de revisión no sistemática de la literatura. Los cambios profundos en el orden mundial, que son evidentes en el período posterior a la Guerra Fría (1990), son analizados ya que sirven como referencia para la discusión teórica y conceptual del significado de estos términos en la nueva dinámica mundial. Se concluye que la gobernanza global en el sector de la salud es el resultado de un proceso más amplio que incluye la gobernanza global y sus especificidades en un contexto mundial de grandes transformaciones políticas, institucionales e ideológicas, con un predominio abrumador de la perspectiva neoliberal. Como consecuencia, el término global adquiere un significado particular, incorporado en el término salud global, en lugar de la salud internacional. Los efectos sectoriales de esta dinámica se materializan en la entrada de ciertos problemas de salud considerados globales en las agendas de política exterior y su uso como instrumento geopolítico. Los cambios en la financiación de la Organización Mundial de la Salud (OMS) y la aparición de articulaciones institucionales aumentan la participación del sector privado en la toma de decisiones y en la regulación del sector, de lo que resulta la privatización de la provisión de servicios, de la cooperación internacional y de la ayuda a los países en desarrollo, la proliferación de programas verticales y el bypass de los gobiernos nacionales en detrimento del fortalecimiento de los sistemas públicos y universales de salud.Este artigo se propõe a discutir a governança global no setor saúde a partir da análise do contexto de emergência deste e de outros termos correlacionados —saúde global, governança da saúde global (ou governança global para a saúde), diplomacia em saúde ou diplomacia em saúde global. O referencial teórico utilizado é a análise de políticas públicas, a partir da premissa que tanto as políticas domésticas, incluída a política externa, quanto as políticas internacionais são consideradas políticas públicas, uma vez que articulam diferentes atores, ideias e preferencias no processo decisório, em suas distintas etapas —formação de agenda, formulação da política, implementação e resultados. A metodologia é qualitativa e emprega a técnica revisão bibliográfica não sistemática. As profundas mudanças na ordem mundial que se evidenciam no período pós-Guerra Fria (década de 1990) são analisadas e servem de referência para a discussão teórica e conceitual do significado desses termos na nova dinâmica mundial instaurada desde então. Conclui-se que a governança global no setor saúde é caudatária de um processo mais amplo, que incluí a governança global e suas especificidades em um contexto mundial de grandes transformações políticas, institucionais e ideológicas, com predomínio avassalador da perspectiva neoliberal. Como consequência o termo global adquire significado particular, incorporado no termo saúde global, em substituição ao saúde internacional. Os efeitos setoriais dessa dinâmica se materializam na entrada de determinados problemas de saúde considerados globais nas agendas de política externa e na sua utilização como instrumento geopolítico. Mudanças no financiamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o surgimento de novas articulações institucionais aumentam a participação do setor privado no processo decisório e na regulação setorial, traduzida na privatização da provisão de serviços, da cooperação e ajuda internacional em saúde aos países em desenvolvimento, proliferando os programas verticais e o bypass dos governos nacionais, em detrimento do fortalecimento dos sistemas públicos e universais de saúde

    Similar works