O conceito de uma "filosofia política" platônica é paradoxal. Nenhum outro lugar revela melhor esse paradoxo do que a imagem da caverna na República. Um discurso verdadeiro sobre a polis deveria expressar o conhecimento das sombras, uma vez que o filósofo se torna habituado à escuridão. No entanto, é possível distinguir uma dupla "descida" do filósofo entre os prisioneiros: em um primeiro momento, ele se torna objeto de escárnio e violênia; em um segundo momento, ele obtém o poder político. A teoria política parece ser justificada pela atividade filosófica do governo (a segunda descida), então é ncessário questionar a respeito do sentido de uma teoria desenvolvida por alguém que é apenas um observador da polis, não tendo poder político (a primeira descida). Essa é a posição de Sócrates, quando descre a imagem da caverna. Essa é também a posição de Platão enquanto autor da República.Trata-se da tradução do artigo "La doppia discesa del filosofo. Una lettura politica della caverna platonica" de Paulo Butti de Lima, originalmente publicado com o título de La doppia discesa del filosofo. Una lettura politica della caverna platonica, em La Cultura, n.1, 2017. Texto traduzido por Pedro Mascarenhas Baratieri. E-mail: [email protected] Texto originalmente publicado com o título de La doppia discesa del filosofo. Una lettura politica della caverna platonica, em La Cultura, n.1, 2017, traduzido por Pedro Mascarenhas Baratieri. E-mail: [email protected]