Dilatar o tempo, criar espaços: alianças afetivas para adiar o fim do mundo

Abstract

Adiar o fim do mundo é parte das preocupações e reflexões com que Ailton Krenak nos provoca frente aos imaginários e temores que surgem na era das mudanças ambientais. O pensador e autor dos livros A vida não é útil (2020) e Ideias para adiar o fim do mundo (2019) critica de forma profunda a “humanidade que pensamos ser” como um ideal longamente perseguido de configuração de mundo que se sustenta na desfiguração de tantos outros mundos. Adiar o fim do mundo, assim, é uma possibilidade apenas sob a condição da reconfiguração radical daqueles que o consomem: a humanidade precisa deixar-se cair, ou seja, tornar-se outra coisa. A exemplo dos povos que cantam e dançam para suspender o céu, conceber a possibilidade de alianças afetivas com todos os seres é ampliar o horizonte existencial subjetivo e coletivo. Para o pensamento dos vínculos, diferentes tempos e espaços são concebíveis e “a recriação do mundo é um evento possível o tempo todo” (KRENAK, Ailton 2020)

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