Santos, Antonio Marcos dos

Silva, Joélia Natalia Bezerra

Portuguese

Universidade Federal de Roraima: Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas da UFRR

   RESENHA VITTE, A.C., GUERRA, A.J.T. (Orgs.). Reflexões sobre a geografia física no Brasil. 6ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. 282p.  Joélia Natalia Bezerra Silva Universidade de Pernambuco joelia_nathy@hotmail.com   Antonio Marcos dos Santos Universidade de Pernambuco geo_fisica@yahoo.com.br   O livro organizado por Vitte e Guerra (2012) é voltado para o debate sobre a geografia física no Brasil, onde são apresentados estudos científicos e acadêmicos dos autores, voltados à epistemologia, metodologia e ao conhecimento empírico centrado na perspectiva geográfica. Os oitos capítulos que compõe o livro foram escritos por pesquisadores da geografia física e áreas afins totalizando 12 autores.  O primeiro capítulo, “Os fundamentos metodológicos da geomorfologia e a sua influência no desenvolvimento das ciências da terra”, escrito pelo organizador Vitte (2012), foca no discurso do pensamento de Charles Sanders Pierce, e sua influência nos estudos direcionados a geomorfologia. Neste contexto, vale destacar a base metodológica elencada por Pierce, o qual aponta que a indução classifica a observação e a hipótese explica os fenômenos dos estudos. Neste capítulo é trabalhada a origem da hipótese na pragmática de Pierce e Davis, os quais tinham como preocupações levar o conhecimento pragmático para que os estudos metodológicos norteassem a prática das pesquisas em geomorfologia. As ideias de Pierce são também correlacionadas com o estudo de Thomas Chamberlin reforçando assim, o leque de discussão teórica do capítulo.  O segundo capítulo, “Mudanças climáticas” escrito pelo professor Antonio Carlos Tavares, discute e conceitua a problemática do clima no planeta Terra. Inicialmente, o autor conceitua clima e tempo, oscilação, tendência e variabilidade climática, prática de fundamental importância quando se discute questões climáticas incluindo o polêmico tema referente às mudanças climáticas globais. No decorre do capítulo Tavares discute sobre os papéis dos gases originários das atividades antropogênicas, a exemplo do dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, os clorofluorcarbonos e o ozônio. É traçado um histórico referente às mudanças climáticas, além da situação com forte discussão dos aspectos do funcionamento do sistema ISSN 1980-5772 eISSN 2177-4307                                                                                                            ACTA Geográfica, Boa Vista, v.14, n.36, set./dez. de 2020. Pp. 232-235  233  atmosférico. Acrescentam-se apontamentos referentes às consequências das mudanças climáticas, atualmente, e os papéis das ações de prevenção no âmbito global e no Brasil. Apesar das considerações pertinentes ao tema apresentado no capítulo dois, vale destacar que as discussões poderiam ter incluído uma pequena discussão ou abordagem referente às correntes de pensamentos que discutem as causas das mudanças climáticas atuais (fatores antrópicos e/ou naturais). O terceiro capítulo, intitulado “Sistemas dinâmicos: as abordagens da teoria do caos e da geometria fractal em geografia”, de autoria de Anderson Luís Hebling Christofoletti, aborda as perspectivas analíticas e holísticas aplicada aos estudos da geografia. O autor contextualiza os sistemas dinâmicos, onde classifica-os como sistemas simples e compostos. Inclui no leque das discussões a teoria do caos, relatando sua origem, definição de caos e o uso nos estudos da organização espacial. É também destacada a geometria fractal, de uso maciço na matemática este enfoque teórico, segundo o autor, pode muito bem ser trabalhado na geografia, principalmente nos estudos de abordagem dos sistemas-físicos naturais.   A inserção dos temas abordados anteriormente nos estudos geográficos nacionais, ainda são tímidas e na busca de suprir esta timidez a leitura e análise do capítulo três do livro no desenvolvimento dos componentes curriculares da geografia, grupos de estudos, trabalho e pesquisa poderão contribuir para a expansão dos estudos com enfoque teórico-metodológico nos sistemas complexos, na geometria dos fractais e na teoria do caos.  O quarto capítulo “Biogeografia: natureza, propósitos e tendências” do professor Adler Guilherme Viadana traz uma abordagem sobre o domínio que integra a ciência geográfica à biogeografia, fazendo uma ponte entre essas duas áreas. O autor descreve os propósitos e tendências da biogeografia sendo algumas delas: as florísticas/ faunísticas, sociológica, histórica, fisionômica entre outras, seguindo das tendências fundamentadas da visão holística, com ideias sistematizadas. Viadana faz um relato do estudo de campo no Alto Corumbataí – São Paulo, onde ele descreve a atual distribuição dos seres vivos, tendo a considerar os processos evolutivos na concepção de que esta se realiza através da seleção natural, na ictiofauna da bacia do córrego dos Emboabas. O quinto capítulo ”Percepção, cognição, dimensão ambiental e desenvolvimento com sustentabilidade” tem como autoras Lívia de Oliveira e Lucy Marion Calderini Philadelplo Machado. As pesquisadoras trazem a abordagem da percepção e cognição ambientais, tendo como princípios a estrutura, função e transformação que podem nortear as citadas abordagens.  O escrito debate e defende a abordagem holística dentro do contexto ambiental mundial, firmando assim, a necessidade de discutir a problemática ambiental sem dissociar a civilização humana da estrutura dos sistemas-físicos da terra. A discussão traz à tona a  234  importância do uso da percepção e cognição nos estudos ambientais, fornecendo assim, subsídios maiores no entendimento e nas políticas de mitigações dos problemas ambientais. Refletido sobre o capítulo cinco o mesmo surge como um grande aporte conceitual e prático para os estudos ambientais, o qual incentiva a não restrição dos citados estudos as visões que não levam em consideração a percepção humana. O sexto capítulo “Bacia hidrográfica e qualidade ambiental” dos autores Rosangela Garrido Machado Botelho e Antonio Soares da Silva faz referência ao estudo ambiental das bacias hidrográficas dentro da perspectiva sistêmica. Os autores fazem uma abordagem aos estudos das bacias hidrográficas do Brasil e discutem as definições e conceitos de microbacia. Eles dão ênfase a Lei Federal dos Recursos Hídricos (9.433/97), onde são definidos os papeis de cada organização e suas obrigações na gestão desses recursos. No decorrer do capítulo os pesquisadores relatam estudos nas bacias dos rios Piracicaba, Capivara e o rio Paraíba do sul. Os autores concluem relatando que nos últimos anos tem se tornado maior a preocupação com o manejo e gestão dos recursos hídricos e, com isto, mostram a importância da discussão desenvolvida no referente capítulo. No sétimo capítulo “Aspectos ambientais dos escorregamentos em áreas urbanas” escrito pelos autores Cláudio Amaral e Rogério Luiz Feijó mais uma vez a geomorfologia aparece como tema de discussão no livro. Trata-se de um debate que envolve os usos e a importância dos inventários de escorregamentos visando novos estudos e o planejamento e gerenciamento das áreas de riscos. Como exemplo de estudo é utilizado o caso do Rio de Janeiro, um dos estados com os maiores números de escorregamentos de massas do Brasil. Ainda no referente capítulo são destacadas as avaliações de riscos de escorregamentos nas cidades tendo como exemplo o estado do Rio de Janeiro. Uma reflexão que pode ser aferida ao escrito é que ele não se resume em mostrar exemplos de casos, ele vai, além disto, proporcionando aos leitores uma abordagem metodológica para novos estudos locais e em outras localidades frequentemente atingidas pelos movimentos de massas. O último capítulo “Erosão dos solos e a questão ambiental” é escrito por Antonio Teixeira Guerra e Jane Karina Silva Mendonça. Os autores chamam atenção para os processos erosivos levando em consideração os solos, assim como, as paisagens como sistemas abertos. São discutidas também as escalas de monitoramento das erosões dos solos tendo destaque a unidade ambiental da bacia hidrográfica. Os autores também apresentam a problemática da erosão dos solos em ambientes urbanos e rurais e exibem casos estudados no território nacional. O encerramento do capítulo expõe os pontos positivos do monitoramento preventivo das erosões dos solos, assim como, das práticas conservacionista.  235  Diante do apresentado, o material analisado traz uma grande contribuição aos estudos de cunho ambiental desenvolvidos no seio da ciência geográfica e afins, contemplando os mais diversificados sub-ramos da geografia física a exemplo da geomorfologia, pedologia, biogeografia, teoria da geografia física e climatologia. Quanto ao título do livro “Reflexões sobre a geografia física no Brasil”, vale destacar que se esperava uma reflexão do ponto de vista do evoluir epistemológico e metodológico dos estudos do citado sub-ramo da geografia no cenário nacional. No entanto, ao analisar a obra os capítulos apresentam casos que aparentemente divergem do título central não apresentando assim uma reflexão sobre a geografia física no Brasil. Porém, o que foi relatado anteriormente não descredencia a contribuição do livro no avançar científico da geografia no âmbito nacional e internacional.     

VITTE, A.C., GUERRA, A.J.T. (Orgs.). Reflexões sobre a geografia física no Brasil. 6ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. 282p.

https://revista.ufrr.br/actageo/article/download/2120/3231/26562

VITTE, A.C., GUERRA, A.J.T. (Orgs.). Reflexões sobre a geografia física no Brasil. 6ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. 282p.

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