Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Socioeconômico.A presente pesquisa analisa as políticas sociais de assistência às mulheres a partir do acervo e das práticas do Centro de Estudos, Documentação e Informação Popular de Criciúma (CEDIP), que funcionou de 1983 a 1998, na cidade de Criciúma, região sul de Santa Catarina. O CEDIP foi um órgão articulador de movimentos e demandas sociais surgidos no contexto de reorganização frente a políticas articuladas no fim do regime ditatorial. De maneira geral, era formado por pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores, a pastorais e movimentos de bairros. Desse modo, o CEDIP organizava, documentava e arquivava o que estivesse relacionado à militância social, promovendo ainda cursos e palestras de formação popular, política e sindical. Esse Centro funcionava e se reconhecia como uma ONG, prestando serviços e assessoria às classes populares. Para esta pesquisa, focamos nos documentos referentes aos cursos de formação pedagógica, voltados à maternidade, principalmente aqueles que se referem ao Grupo de Incentivo ao Aleitamento Materno (GIAM). Os documentos analisados consistem em imagens, relatórios, recortes de jornais, panfletos, cartilhas educativas e materiais pedagógicos pertencentes ao acervo do CEDIP. Dentre os documentos analisados, alguns são de produção própria do Centro, outros foram produzidos por seus membros e publicados e outros não são de sua produção. Esses últimos foram produzidos por outros grupos e instituições do contexto das décadas de 80 e 90, mas que tinham alguma relação com o CEDIP. Como problemática central de nossas análises, focalizamos nas questões de gênero discutindo como os discursos sobre mulheres e maternidade, produzidos no contexto específico das décadas de 80 e 90 no sul de Santa Catarina, foram utilizados por grupos e instituições como o CEDIP. Nesse sentido, identificamos que muitas práticas e discursos voltados às classes populares buscavam regular as condutas familiares através de assessorias e assistência que reproduziam a noção de maternidade ideal e tradicional, não desconstruindo as desigualdades e os estereótipos de gênero, mesmo em grupos de articulação social que buscavam, supostamente, fazer oposição ao regime e às normas vigentes