This study aimed to evaluate the amount of lymphoid tissue associated with the rectal mucosa obtained by rectal biopsy and the possibility of two consecutive biopsies at different time intervals, for monitoring and ante-mortem diagnosis of scrapie. Rectal mucosa samples were collected from 56 sheep and 32 goats in two steps. In the first step, on day 0, all animals were tested and, for the second step, the animals were divided into groups and each group was subjected to collection on different dates: for sheep 7, 14, 21, and 28 days after the first one and, for goats, on days 14, 21, and 28. From 176 samples, 151 (85.8%) were collected from the rectal mucosa, and in 25 (14.2%) there was a collection failure. Considering the rectal mucosa samples (151), 56.86% of the sheep samples and 51.61% of the goat samples, on day 0, had more then ≥3 lymphoid follicles (LF). In the second collection, 58.97% of the sheep samples showed ≥ 3 LF and 33.33% of the goat samples. Comparing the number of LF of the same animals between the first and second collections, there was a significant difference (p <0.05) between days 0 and 7 for sheep (with more FL on day 0) and days 0 and 28 (with more LF on day 28) and days 0 and 28 for goats (with more FL on day 0). There was no significant difference in the number of FL assessed on dates 0, 14, and 21 when comparing the different species, sheep and goats. On day 28, sheep samples showed a higher number (p <0.05) of LF than goats. It was concluded that rectal biopsy technique involves useful method for obtaining lymphoid tissue associate to mucosa for immunohistochemistry assessment to monitoring and ante-mortem diagnosis of scrapie in sheep and goats. However, inappropriate sampling or insufficient numbers of FL can generate the necessity to repeat the technique, which could be done 14 days after the first collection, without reduction in the number of the FL.
Keywords: immunohistochemistry; prionic disease; recto-anal mucosa associated lymphoid tissue; small ruminants; transmissible spongiform encephalopathies.
Enviado em: 14 julho de 2013
Aceito em: 20 abril de 2016
Introdução
Encefalopatias espongiformes transmissíveis (ETTs) ou doenças priônicas são desordens neurológicas, progressivas e fatais que afetam animais e humanos. Associam-se ao acúmulo de proteína priônica alterada no sistema nervoso central (SNC) e as lesões histológicas compreendem principalmente vacuolização e morte neural(1). São muitas as enfermidades que compõem o grupo das ETTs, incluindo encefalopatia espongiforme bovina (EEB) em bovinos, scrapie em pequenos ruminantes e a doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) em humanos(2).
Segundo Detwiler e Baylis(3), a scrapie tem sido relatada em diversos países do mundo e está presente em muitas regiões produtoras de ovinos. É endêmica em vários países da Europa, Canadá e Estados Unidos, porém Austrália e Nova Zelândia são consideradas livres da doença(3,4). À semelhança do que ocorre nas demais EETs, na scrapie há acúmulo da isoforma anormal (PrPSc) da proteína priônica celular (PrPC) não apenas no SNC, mas também no sistema linforreticular (SLR) e, variavelmente, em outros tecidos e fluidos corporais(1).
O acúmulo da PrPSc em tecidos linfoides levou ao desenvolvimento de procedimentos de biopsia para o diagnóstico ante mortem da scrapie em ovinos, utilizando tecidos acessíveis como a tonsila(5) e terceira pálpebra(6), e a técnica de imuno-histoquímica (IHQ). Por outro lado, a grande área de folículos linfoides presente no reto de ovinos(7) tornou a biopsia retal uma possibilidade de diagnóstico ante mortem da scrapie. Amostras da mucosa retal têm sido colhidas e analisadas por meio de provas de IHQ para avaliar a presença de PrPSc no tecido linfoide associado à mucosa retoanal (RAMALT, do inglês Recto-Anal Mucosa Associated Lymphoid Tissue)(8,9).
No Brasil, o primeiro relato de scrapie foi em 1978, em um ovino Hampshire Down, importado da Inglaterra(10). Segundo a OIE, de 2008 a 2014 foram sacrificados 41 animais no país, em surtos de scrapie(11). Desde 2008, o diagnóstico de scrapie é realizado por meio da técnica de IHQ a partir de amostras do SNC e tecidos linfoides(12). Porém, no caso de tecidos linfoides associados à mucosa retal, pode haver necessidade de novas colheitas em curtos intervalos de tempo devido à escassez de tecido para o diagnóstico da doença que, segundo Leal et al.(13), deve ser de no mínimo três folículos linfoides (FL) por amostra.
Visando ao reconhecimento de boas técnicas para o monitoramento e o diagnóstico ante mortem da scrapie, o presente estudo teve por objetivo avaliar a quantidade de tecido linfoide associado à mucosa retal obtido pela técnica de biopsia retal e com vistas à avaliação imuno-histoquímica, bem como a possibilidade de se realizarem dois procedimentos de biopsia consecutivos, em diferentes intervalos de tempo, em ovinos e caprinos