'Programa de Pos-graduacao em Ciencias Contabeis da UFRJ'
Abstract
Este trabalho objetiva fazer algumas considerações sobre os usos políticos da memória,
analisando a experiência autoritária de duas sociedades: a brasileira e a alemã. A motivação
surge a partir dos recentes discursos de Jair Bolsonaro sobre a ditadura, que fazem referência
ao período como uma época gloriosa da história nacional. Cabe perguntar: como é que as
políticas de memória, desenvolvidas pelo Estado brasileiro desde o período da abertura
política da ditadura militar, contribuem para um revisionismo histórico da experiência
autoritária nacional? Nossa hipótese é que isso surgiu a partir de políticas de silêncio,
impunidade e esquecimento sobre o que foi o regime. O que podemos aprender com o caso
de países que hoje têm uma cultura de memória mais elaborada, como é o caso da Alemanha
perante as atrocidades do nazismo? Para ilustrar melhor essa ideia, usaremos como ponto
central do lado alemão o campo de concentração de Dachau. Tanto o caso da Alemanha
quanto do Brasil são guiados pelo fio condutor da discussão sobre a memória do
autoritarismo