Entre bandeiras, árvores e bonecas: festas em escolas públicas primárias de Minas Gerais (1906-1930)

Abstract

Exportado OPUSMade available in DSpace on 2019-08-14T15:31:30Z (GMT). No. of bitstreams: 1 maria_aparecida.pdf: 4598950 bytes, checksum: 229a9c33c3023c8047eb2b9d781841ce (MD5) Previous issue date: 9O objetivo com este trabalho foi analisar indícios de festas escolares realizadas em instituições públicas de ensino primário em Minas Gerais, de 1906 a 1930, problematizando os sentidos a elas atribuídos. Na delimitação do período de interesse tomou-se como referência duas reformas de ensino em Minas Gerais, com importante repercussão na organização das escolas: a Reforma do Ensino Primário, realizada no Governo de João Pinheiro, em 1906 (e as reformas realizadas pelos governos que o sucederam, continuando e expandindo suas prescrições nas duas décadas seguintes), e a chamada Reforma Francisco Campos, no Governo de Antônio Carlos, em 1927, que se configuraram como de maior relevância para esta investigação, ambas prescrevendo festas como práticas que deveriam ser realizadas nas escolas por motivos diversos, de acordo com o calendário cívico e religioso, em permanente conformação. A primeira delas foi responsável pela proposição dos Grupos Escolares como molde para o ensino primário, com programas de ensino e prescrição de práticas até então inéditas, dentre elas as festas, especialmente a Festa da Bandeira, em 19 de novembro, que se configurou como a principal festa escolar preconizada, mobilizada pelo apelo ao sentimento de nação. A segunda reforma marcou uma tentativa de reorganização do ensino com uma aproximação ao ideário escolanovista, no qual o Auditorium se destacava como evento festivo. Foram encontradas, selecionadas e mobilizadas fontes diversas dentre as quais se destaca a variada documentação produzida na então Secretaria de Interior do Estado de Minas Gerais (responsável pela chamada instrucção pública), guardada no Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte, composta, dentre outros documentos, por ordenamentos legais; relatórios de inspetores e diretores escolares; impressos de destinação pedagógica, como o boletim Vida Escolar e a Revista do Ensino de Minas Gerais; e imagens (especialmente fotografias). O primeiro capítulo é dedicado às prescrições da legislação e aos programas festivos nas escolas; o segundo analisa os diferentes tipos de registros discursivos sobre as festas escolares presentes em documentos produzidos nas escolas; o terceiro aborda a Festa da Bandeira, que ganhou centralidade de análise. Nas considerações finais, foram abordadas permanências, rupturas e deslocamentos nos sentidos das festas escolares, no período tratado. Assim, por exemplo, as festas estabelecidas em calendário após a reforma de 1906, das quais foram encontradas vestígios nos documentos consultados, assumiram um sentido acentuadamente cívico, em que a pretensão central era a produção de uma identidade das crianças com a nação, sentimento ainda difuso e tênue. Na reforma de 1927, ao se propor o Auditorium e a Festa da Boneca, por exemplo, deslocou-se o sentido da celebração, da nação para a criança como preocupação central, fazendo emergir um caráter lúdico na festa, indicando uma adesão ao ideário escolanovista. Por meio das estratégias discursivas, percebeu-se uma substituição de elementos de uma tradição religiosa utilizados nas festas cívicas escolares. Foram abordados também os motivos pelos quais determinadas festas foram incluídas ou excluídas dos calendários festivos no período em questão.The objective of this study is to analyze traces of school parties held in public elementary schools in Minas Gerais from 1906 to 1930, questioning the meanings attributed to them. The period of interest was delimited based on the reference of two teaching reforms in Minas Gerais, with important repercussion in the organization of the schools: the Elementary School Reform, implemented in João Pinheiros government in 1906 (as well as the reforms implemented in the following governments, continuing and expanding their requirements in the next two decades) , and the so-called Francisco Campos Reform in the government of Antônio Carlos in 1927. Both reforms were very relevant to this study as they established parties as practices that should be held in the schools for various reasons, according to the civic and religious calendar, in permanent conformity. The first reform was responsible for the proposition of the Grupos Escolares as a model for the primary education, with teaching programs and requirements for new practices, among them the parties, especially the Flag Party Festa da Bandeira on the 19th of November that was configured as the main recommended school party, mobilized by the appeal to the sense of nation. The second reform marked an attempt to reorganize the teaching with an approach to the ideas of the New School in which the Auditorium stood out as a festive event. Various sources were found, selected and mobilized, among which the distinguished varied documentation produced in the then Secretaria de Interior do Estado de Minas Gerais (responsible for the so-called public instruction) , kept in the Public Archives - Arquivo Público Mineiro in Belo Horizonte, composed of legal orderings, among other documents, reports from inspectors and school principals, printed matter for pedagogical purpose, as the School Life bulletin and the Teaching Journal of Minas Gerais, and images ( especially photographies). The first chapter is dedicated to the requirements of the law and to the festive programs in the schools; the second one analyzes the different kinds of discursive records about the school parties present in documents produced in the schools; the third chapter approaches the Flag Party Festa da Bandeira which gained analysis focus. The final considerations have addressed permanence, ruptures and displacement in the senses of the school parties in the period of time studied. Thus, for example, the parties established in calendar after the reform of 1906, of which traces in the consulted documents were found, assumed a markedly civic sense where the principal intention was the production of an identity of the children with the nation, a feeling still diffuse and tenuous. In the 1927 reform, when the Auditorium and the Doll Party were proposed, the meaning of the celebration was changed from the nation to the child as the major concern, giving rise to a playful character to the party, pointing at an accession to the New School ideas. Through the discourse strategies, a substitution of the elements of a religious tradition in the civic school parties was noted. The reasons why certain parties were included or excluded from the festive calendars in the focused period have also been approached

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