Abundância, uso do habitat e interações ecológicas da jaguatirica em áreas protegidas da Mata Atlântica

Abstract

Exportado OPUSMade available in DSpace on 2019-08-14T08:13:52Z (GMT). No. of bitstreams: 1 tese_rodrigo_lima_massara_completa.pdf: 3936399 bytes, checksum: 68fc46ae201dd2584b3eea9f6e327f95 (MD5) Previous issue date: 29A fragmentação e a perda de habitat são as maiores ameaças para a biodiversidade. Para prevenir um aumento na atual taxa de perda da biodivesidade, a maioria dos países têm implementado áreas protegidas. Entretanto, é incerto se as áreas protegidas são adequadas para uma conservação a longo prazo das espécies em todo o mundo, especialmente nos trópicos. Na Mata Atlântica, mais de 80% dos remanescentes florestais são pequenos (50 ha) e 61% destes estão isolados das áreas protegidas, as quais protegem apenas 9% da floresta remanescente e estão imersas em uma matriz manejada pelo homem. Este atual cenário é ineficaz para a persistência de grandes espécies de mamíferos, como a onça-pintada e a onça-parda, o que pode resultar em uma cascata trófica. Apesar da jaguatirica ser uma espécie oportunista, com características de história de vida que poderia permitir com que a mesma substituísse os predadores de topo (onça-pintada e onça-parda) em áreas de Mata Atlântica, ela possui uma alta afinidade por áreas de floresta densa. Portanto, não se sabe se esta espécie está substituindo os predadores de topo e se beneficiando nestes remanescentes florestais, possivelmente causando efeitos deletérios em outros mesocarnívoros (isto é, liberação do mesopredador), ou se a abundância e a distribuição da jaguatirica é similarmente influenciada pela perda de grandes áreas de floresta. Neste estudo nós utilizamos um protocolo padronizado de armadilhas fotográficas para investigar o status populacional da jaguatirica em seis áreas protegidas da Mata Atlântica, quantificando sua abundância, densidade e distribuição (probabilidade de uso). Do mesmo modo, exploramos como feições da paisagem (por exemplo: áreas de matriz e tamanho da reserva) e covariáveis individuais afetam a espécie neste atual cenário. Nós também investigamos se a jaguatirica representa uma potencial ameaça para outros mesocarnívoros ou se potenciais competidores (isto é, predadores de topo e cães domésticos) influenciam a abudância, a distribuição ou a detecção da jaguatirica. Nós exploramos fatores adicionais que poderiam causar diferenças na probabilidade de detecção entre nossas localizações de amostragem e ajustamos essas diferenças para obter estimativas não enviesadas dos parâmetros de interesse. A abundância da jaguatirica e a probabilidade de uso correlacionaram-se positivamente com a presença dos predadores de topo e negativamente com o número de cães. A abundância da jaguatirica também correlacionou-se positivamente com o tamanho da reserva. Nós encontramos maiores probabilidades de detecção em áreas menos florestadas e em áreas com maior quantidade de eucalipto. Nós suspeitamos que menores áreas de vida e maiores taxas de movimentação em áreas menores e mais degradadas aumentam a detecção. Adicionalmente, o eucalipto parece servir como uma importante e mais protegida rota de deslocamento para conectar habitats naturais da Mata Atlântica. Nossos dados sugerem que a ocorrência da jaguatirica não influencia o uso do habitat por outros mesocarnívoros e que a habilidade de algumas espécies (jaguarundi, gato do mato pequeno, quati e irara) ajustarem seus padrões de atividade para evitar um contato direto com jaguatiricas, possa facilitar suas coexistências nestes remanescentes de Mata Atlântica. De modo geral, nossos achados indicam que áreas protegidas com ambos os predadores de topo e circundadas por matrizes permeáveis, como o eucalipto, podem ser fundamentais para a persistência de jaguatiricas no atual cenário da Mata Atlântica. Adicionalmente, nossos dados não corroboram a hipótese da liberação do mesopredador. Contrariamente, nossos dados indicam que as jaguatiricas respondem negativamente à perda do habitat e que sobrepõem temporalmente e espacialmente com os predadores de topo em grandes áreas protegidas.Fragmentation and habitat loss are the main threats to biodiversity. To prevent an increase in the current rate of biodiversity loss, most countries have implemented protected areas. However, it is uncertain whether protected areas are adequate for the long-term conservation of species worldwide especially in the tropics. In the Atlantic Forest, > 80% of forest remnants are small (50 ha) and 61% of these are isolated from protected areas, which protect only 9% of the remaining forest and are embedded in a human-managed matrix. This current scenario is ineffective for the persistence of large mammal species, such as jaguars and pumas, which may result in trophic cascades. Although the ocelot is an opportunistic species with life-history characteristics that may allow it to replace top predators (jaguar and puma) in Atlantic forests remnants, it has a high affinity for closed canopy forested areas. Therefore, it is unknown whether the species is replacing top predators and flourishing in these forest remnants, possibly causing deleterious effects on other mesocarnivores (i.e., mesopredator release), or if ocelot abundance and distribution is similarly influenced by the loss of large forested areas. In this study we used a standardize camera trap protocol to investigated ocelot status in six Atlantic Forest protected areas, quantifying its abundance, density and distribution (probability of use). Likewise, we explored how landscape features (e.g., matrix areas and reserve size) and individual covariates affect the species in this current scenario. We also investigated whether ocelots represent a potential threat to other mesocarnivores or if potential competitors (i.e., top predators and domestic dogs) influence ocelot abundance, distribution or detection. We explored additional factors that may cause differences in detection probabilities among our sampling locations and adjusted for these differences to obtain unbiased estimates of the parameters of interest. Ocelot abundance and use were positively correlated with the presence of top predators and negatively correlated with the number of dogs. Ocelot abundance was also positively correlated with reserve size. We found higher detection probabilities in less forested areas and in areas with more eucalyptus. We suspect that smaller home ranges and higher movement rates in smaller, more degraded areas increased detection probabilities. Additionally, eucalyptus appear to serve as an important and more protected travel route for connecting natural habitats of Atlantic Forest. Our findings suggest that ocelot occurrence did not influence the habitat use of other mesocarnivores and the ability of some species (jaguarundi, little spotted cat, coati and tayra) to adjust their activity patterns to avoid a direct contact with ocelots may facilitate their coexistence in these Atlantic Forest remnants. Overall, our findings indicate that protected areas with both top predators and surrounded by permeable matrices, such as eucalyptus, may be critical to the persistence of ocelots in the current scenario of the Atlantic Forest. Additionally, our data do not corroborate the hypothesis of mesopredator release. Rather, our data indicates that ocelots respond negatively to habitat loss and overlap temporally and spatially with top predators in large protected areas

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