O carcinoma de células escamosas é a neoplasia maligna mais comum em lábio inferior. O
sistema de estadiamento clínico de tumores (TNM) tem sido utilizado como padrão
internacional para classificar as neoplasias malignas em estádios e estimar a resposta clínica à
terapia e a sobrevida dos pacientes. No entanto, esse sistema nem sempre é capaz de
estabelecer o desfecho clínico para os pacientes, fato que tem suscitado a busca por outros
fatores prognósticos capazes de suplementá-lo, com destaque para os sistemas de gradação
histopatológica de malignidade (SGHM). O objetivo deste estudo foi avaliar o grau
histopatológico de malignidade em uma série de casos de carcinomas de células escamosas de
lábio inferior (CCELI), por meio do sistema de gradação no front de invasão (BRYNE et al.,
1992), do sistema de gradação da Organização Mundial da Saúde (OMS) (CARDESA et al.,
2005) e do modelo histopatológico de análise de risco (BRANDWEIN-GENSLER et al.,
2005), e relacioná-los com parâmetros clínicos. Cortes histológicos corados em hematoxilina
e eosina, obtidos de 59 casos de CCELI, foram avaliados sob microscopia de luz. Possíveis
associações entre o grau histopatológico de malignidade das lesões e os parâmetros clínicos
(tamanho/ extensão do tumor, metástase em linfonodos regionais e estádio clínico) foram
avaliadas pelos testes do Qui-quadrado e exato de Fisher. Para a gradação no front de invasão,
foi observada associação significativa do baixo grau de malignidade com a ausência de
metástase regional (p = 0,030) e com o estádio clínico inicial (p = 0,043). Por outro lado, o
alto grau de malignidade no front de invasão revelou associação significativa com o maior
tamanho/ extensão do tumor (p = 0,040). Em relação ao sistema da OMS, não foram
observadas associações estatisticamente significativas entre os parâmetros clínicos analisados
e o grau histopatológico dos tumores (p > 0,05). Para o modelo histopatológico de análise de
risco, foi constatada associação altamente significativa do escore de risco com a metástase em
linfonodos regionais (p = 0,004) e com o estádio clínico (p = 0,002). Além disso, foi
observada associação significativa do infiltrado linfocítico com a metástase regional (p =
0,017) e com o estádio clínico (p = 0,040). Em conclusão, os achados do presente estudo
sugerem que, dentre os SGHM analisados, o modelo histopatológico de análise de risco pode
constituir o melhor sistema para indicar o comportamento biológico dos CCELI.Squamous cell carcinoma is the most common malignant neoplasm in lower lip. The clinical
staging system for tumors (TNM) is an international system for staging malignant neoplasms
that has been used to estimate both the clinical response to therapy and patients survival.
However, this system does not always predict clinical outcome for patients, a fact that has
driven the search for other prognostic factors that could improve it, particularly the
histopathologic malignancy grading systems (HMGS). The aim of this study was to evaluate
the histopathologic grade of malignancy in a case series of lower lip squamous cell
carcinomas (LLSCC), by means of malignancy grading of the deep invasive front (BRYNE et
al., 1992), World Health Organization (WHO) grading system (CARDESA et al., 2005) and
histopathologic risk assessment (BRANDWEIN-GENSLER et al., 2005), relating it to clinical
aspects. Tissue sections stained with hematoxylin and eosin, obtained from 59 cases of
LLSCC, were examined under a light microscope. Chi-square test and Fisher s exact test were
performed to verify possible associations between the histopathologic grade of malignancy of
the tumors and clinical aspects (size/ direct extension of the tumor, regional nodal metastasis,
and clinical stage). Regarding the histopathologic grading at the invasive front, the low grade
of malignancy showed a significant association with absence of regional metastasis (p =
0.030) and early clinical stage (p = 0.043). On the other hand, the high grade of malignancy at
the invasive front disclosed a significant association with the larger size/ direct extension of
the tumor (p = 0.040). With respect to WHO grading system, no statistically significant
associations were observed between the clinical aspects and the histopathologic grade of the
tumors (p > 0.05). For histopathologic risk assessment, the risk score showed a highly
significant association with regional nodal metastasis (p = 0.004) and clinical stage (p =
0.002). In addition, the lymphocytic infiltrate exhibited a significant association with regional
metastasis (p = 0.017) and clinical stage (p = 0.040). In conclusion, the results of the present
study suggest that, of the HMGS evaluated, the histopathologic risk assessment may
constitute the best system to indicate the biological behavior of LLSCC