O objetivo do presente estudo foi verificar se a unha pode ser usada como biomarcador de ingestão crônica de flúor (F) a partir da dieta, em crianças residentes em comunidades com água fluoretada ou não, bem como estimar a ingestão de F a partir da dieta consumida pelas mesmas. A amostra constou de 15 crianças (2-6 anos) residentes em Bauru-SP e 15 residentes em Itápolis-SP, cidades fluoretada (0,6-0,8 ppm) e não, respectivamente. As concentrações de F [F] presentes nas unhas, no plasma e na dieta duplicada foram analisadas com eletrodo íon-específico (Orion 9409), após difusão facilitada por HMDS. Os dados foram analisados pelo teste \"t\" pareado e não pareado e por estatística de correlação (p<0,05). A [F] média (µg/mL) encontrada no plasma das crianças de Itápolis (0,024 ± 0,020) foi ligeiramente maior que a encontrada nas crianças de Bauru (0,019 ± 0,011), no entanto esta diferença não foi estaticamente significante. A [F] média (µg/g) presente nas unhas das mãos e dos pés foi de 3,557±1,297 e 2,815±1,288, respectivamente para Bauru e de 2,292±1,250 e 1,580±0,589, respectivamente, para Itápolis, sendo as diferenças entre Bauru e Itápolis, e entre a [F] presente nas unhas das mãos e nas unhas dos pés estatisticamente significantes. As crianças de Bauru ingeriram, de acordo com a estimativa, uma quantidade significantemente maior de F a partir da dieta (0,551±0,610 mg), quando comparadas com as de Itápolis (0,088±0,056 mg), o que correspondeu a uma ingestão diária de 0,029 e 0,004 mg F/Kg peso corporal, para Bauru e Itápolis, respectivamente. Encontrou-se uma correlação positiva significante entre a [F] das unhas e a ingestão de F pela dieta (r=0,566, p=0,00112). Concluiu-se que a unha pode ser usada como biomarcador de ingestão crônica de F a partir da dieta, para diferenciar crianças na idade de risco para fluorose dentária, residentes em comunidades fluoretada ou não.The aim of the present study was to verify if nails can be used as biomarkers of chronic fluoride (F) exposure from the diet in children living in fluoridated and non-fluoridated communities. Fluoride intake frorm the diet was also evaluated. Fifteen 2-6-year-old children living in the fluoridated (0.6 -0.8 ppm) Bauru-SP and 15 living in the non-fluoridated Itápolis-SP participated in the study. Fluoride concentrations in nails, plasma and duplicate diet were analyzed with the ion-specific electrode, following HMDS-facilitated diffusion. Data were analyzed by Student\'s t test and by linear regression (p<0.05). Mean plasma F concentration (µg/mL) found in Itápolis (0.024 ± 0.020) was slightly higher than in Bauru (0.019 ± 0.011), but this difference was not significant. Mean F concentrations (µg/g) in fingernails and toenails were: 3.557±1.297 and 2.815±1.288, respectively, for Bauru and 2.292±1.250 and 1.580±0.589, respectively for Itápolis. The differences between Bauru and Itápolis, as well as between F concentrations in fingernails and toenails were statistically significant. The estimated fluoride intake from the diet was significantly higher for the children living in Bauru (0.551±0.610 mg), when compared to those living in Itápolis (0.088±0.056 mg). This corresponds to a total daily F intake of 0.028 and 0.003 mg/Kg body weight for children living in Bauru and Itápolis, respectively. A significant positive correlation was found between nail F concentrations and estimated F intake from the diet (r=0.566, p=0.00112). It was concluded that nails can be used as biomarkers of chronic F exposure from the diet to differentiate children at the age of risk for dental fluorosis living in fluoridated and non-fluoridated communities