OBJETIVO: Investigar o padrão de uso de medicamentos, polifarmácia e uso impróprio de medicações entre indivíduos com 60 anos ou mais atendidos no serviço ambulatorial de saúde mental da Santa Casa de São Paulo, Brasil. MÉTODOS: Cento e oitenta e quatro pacientes atendidos de forma consecutiva foram avaliados sistematicamente quanto à dosagem e tempo de utilização de medicamentos na semana que antecedeu a consulta médica. A presença de sintomas físicos e psicológicos foi avaliada com a escala Saftee-Up simplificada. O uso impróprio de medicamentos foi avaliado através dos critérios de Stuck modificado. RESULTADOS: O número médio de medicações consumidas por paciente foi de 2,46 - 41,3% dos entrevistados utilizavam três ou mais medicamentos e 10,9% utilizavam cinco ou mais medicações por dia. Antidepressivos (42,4%), drogas anti-hipertensivas (32,6%) e benzodiazepínicos (21,2%) eram as medicações mais freqüentemente utilizadas. Pacientes utilizando três ou mais medicações apresentavam escores mais elevados na escala Saftee-Up (p=0,007). Análise de regressão logística indicou que os escores da Saftee-Up eram influenciados de forma significativa pelo número de diagnósticos clínicos (OR=1,85, p=0,030), mas não pela idade (OR=0,99, p=0,732), sexo (OR=0,67, p=0,317), número de diagnósticos psiquiátricos (OR=0,77, p=0,533) ou de medicações (OR=1,18, p=0,258). Trinta e quatro idosos (18,5%) vinham utilizando pelo menos uma medicação considerada imprópria. CONCLUSÕES: É importante que os psiquiatras estejam cientes das diretrizes internacionais para prescrição de drogas e participem ativamente para reduzir os riscos associados à polifarmácia e uso impróprio de medicamentos em idosos