Em Portugal, nos últimos dez anos, as iniciativas que usam a abordagem “CLIL” – na qual Content (currículos não linguísticos) e Language (língua estrangeira) são aprendidos ao mesmo tempo (Integrated Learning) – têm vindo a crescer, nos vários níveis de escolaridade. Contudo, a investigação acerca de programas CLIL no Ensino Básico não tem tido um desenvolvimento sistemático. Visando uma compreensão e interpretação do processo de articulação e reciprocidade entre didática das Ciências e prática do Inglês, a nossa investigação (SFRH/BD/102895/2014) – um estudo de caso sobre um projeto CLIL no 3.º CEB de uma escola no Distrito de Aveiro – enquadra-se no paradigma do construtivismo social.
A relevância deste trabalho torna-se evidente, não apenas pela contribuição na construção de conhecimento no âmbito CLIL em Portugal, mas também pela importância que a língua e a comunicação têm vindo a assumir nas Ciências e em geral. Em efeito, numa Educação em Ciências de qualidade almeja-se que os alunos se tornem sujeitos com literacia científica e participantes envolvidos na discussão responsável de questões socio-científicas. Para participar, é fundamental saber comunicar sobre as Ciências e através delas, e usar outras línguas como o Inglês para a discussão ao nível global. Professores conscientes da barreira que a (falta de) compreensão da língua pode constituir para os alunos nas aulas de Ciências, são também mais abertos a mudar e melhorar as estratégias e os recursos para a própria disciplina.
Mais em concreto, este estudo apresenta as conceções das 4 professoras envolvidas no projeto CLIL (2 de Ciências e 2 de Inglês) sobre o papel que a língua e as linguagens têm no ensino e aprendizagem das Ciências Naturais no 3.º CEB. Para o caso, os dados foram recolhidos através de um inquérito por entrevista semi-estruturada às professoras e da informação resultante do questionário aos alunos e da observação das aulas (aqui, fontes secundárias), e foram tratados qualitativamente mediante análise de conteúdo. Emerge a evidência que numa abordagem como o CLIL, que implica um trabalho didático para o desenvolvimento dos conteúdos com uma outra língua, os professores são “levados” a tomar consciência da(s) Língua(s) da Ciência, o que pode tornar a didática das Ciências mais transparente e eficaz, para além de criar espaços autênticos para a aprendizagem do Inglês. Os resultados, portanto, permitem a identificação de padrões conceptuais cuja interpretação virá a apoiar a proposta de inovação na prática docente.Este trabalho é financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto UID/CED/00194/2013 e da bolsa SFRH/BD/102895/2014.publishe