Mestrado em Psicologia - Psicologia Clínica e da SaúdeAs experiências emocionais facilitam o envolvimento em comportamentos funcionais adaptativos. Concretamente, a experiência emocional de nojo constitui um componente chave do sistema imunológico comportamental. Existe uma relação associativa entre o nojo e o medo da contaminação, na medida em que esta expressão, ao indiciar a presença de potenciais elementos contaminantes, ativa um conjunto de respostas no indivíduo no sentido de evitar a contaminação. Alguns estudos têm demonstrado que o nojo influencia alguns processos cognitivos, como a memória, sendo que esta parece funcionar de modo a potenciar as probabilidades evolutivas e/ou de sobrevivência dos indivíduos. Nesta investigação pretendemos contribuir para o estudo da influência do nojo na memória, hipotetizando que seria adaptativo recordar melhor objetos potencialmente contaminantes comparativamente com outros objetos. Deste modo, em encontros futuros com esse objeto, o indivíduo poderia evitar o contacto com o mesmo prevenindo uma possível contaminação. O presente estudo tem como objetivos explorar a existência de uma vantagem mnésica para informação associada com uma expressão emocional de nojo, e ainda investigar se este efeito seria afetado tanto pela presença de doença recente como pela fase do ciclo menstrual da participante. Foram realizadas duas experiências com estudantes universitárias do sexo feminino da Universidade de Aveiro. As participantes observaram imagens de objetos associadas com faces com diferentes expressões emocionais (expressões neutra, nojo e tristeza - Exp.1; expressões neutra e nojo - Exp. 2). Após a fase de codificação, seguiu-se uma tarefa de distração e uma tarefa surpresa de evocação livre, na qual as participantes tinham que recordar os objetos anteriormente apresentados. A tarefa terminou com questões relativas a cada uma das faces, e questões acerca do estado de saúde e ciclo menstrual da participante. Os resultados desta investigação não indicam a presença do efeito mnésico para informação associada com uma expressão emocional de nojo, ou seja, não se verificou uma performance superior na recordação de objetos associados a faces de nojo comparativamente aos objetos associados com outras expressões. Embora os resultados não tenham sido estatisticamente significativos, observou-se uma superioridade na recordação dos objetos associados a faces de nojo para as participantes que estiveram doentes recentemente (Exp. 2). Os resultados sugerem ainda que o efeito da contaminação está relacionado com a fase do ciclo menstrual da participante, isto é, verificou-se um melhor desempenho na recordação dos objetos associados a faces de nojo nas participantes que se encontravam na fase lútea do ciclo menstrual (Exp. 2). No final, são discutidos alguns fatores que poderão estar subjacentes a estes resultados. São ainda sugeridas ideias que poderão ser analisadas em estudos futuros.Emotional experiences facilitate the involvement in adaptive and functional behaviors. Specifically, the emotional experience of disgust is a key component of the behavioral immune system. There is an associative relationship between disgust and fear of contamination because this expression, indicating the presence of potential contaminant elements, activates a set of responses in the individual in order to avoid contamination. A number of studies have shown that disgust influences some cognitive processes such as memory, and this seems to work in order to maximize the evolutionary and/or survival probabilities of the individual. In this research, we aim to contribute to the study of the influence of disgust in memory, hypothesizing that better memory for objects which could potentially contaminate the individual would be adaptive, when compared with other objects. Thus, in future meetings with that object, the individual could avoid contact with it in order to prevent possible contamination. This study aims to explore the existence of a mnemonic advantage for information associated with an emotional expression of disgust; we also aim to investigate whether this effect would be affected by the presence of recent illness or the phase of the participants’ menstrual cycle. Two experiments were conducted with female university students from the University of Aveiro. The participants observed images of objects associated with faces with different emotional expressions (neutral, disgust and sadness expressions - Exp.1; neutral and disgust expressions - Exp 2). He encoding phase was followed by a distracting task and then a surprise free recall task, in which participants had to recall the previously presented objects. The task ended with questions related to each of the faces used in the experiment, questions about the health condition and the menstrual cycle of the participant. The results of this investigation do not indicate the presence of a mnemonic advantage for information associated with an emotional expression of disgust, that is, objects associated with disgusted faces were not recalled better than the objects associated with other expressions. Although the results were not statistically significant, a superiority in the recall of objects associated to faces of disgust for participants who had been recently ill was observed (Exp. 2). The results also suggest that the effect of contamination might be associated with the menstrual cycle phase of the participant, given the observation of better recall of the objects associated to faces of disgust in participants who were in the luteal phase of the menstrual cycle (Exp 2). Some factors that may underline these results are discussed. Several ideas are also suggested that could be examined in future studies