thesis

Reconhecimento de odores corporais em situações de crime

Abstract

Mestrado em Psicologia ForenseUma das formas mais antigas de os organismos se relacionarem entre si e com o meio envolvente é através da estimulação química olfativa, que desempenha um papel determinante em comportamentos de sobrevivência. Os odores corporais modelam a nossa interação com os outros, funcionando como um alerta para potenciais ameaças e despoletando respostas de luta/fuga. Devido à sua relevância ecológica, este tipo de odores é processado de modo singular, relativamente aos odores comuns, constituindo uma área de investigação recente. A inexistência de estudos que explorem as aplicações dos odores corporais em situações de crime, utilizando alinhamentos em que o reconhecimento seja feito por humanos, levou-nos a conduzir esta investigação. Aliado ao facto de que somos bons na deteção e discriminação de odores e que cada indivíduo possui um odor corporal único que pode ser transferido entre pessoas e objetos, colocámos como principal questão de investigação se serão essas capacidades potenciadas em circunstâncias que envolvam maior vulnerabilidade física e emocional (e.g., crimes). Foram apresentados filmes de crime (grupo experimental) e filmes de controlo (grupo de controlo) ao mesmo tempo que os participantes cheiravam um odor corporal, que instruímos ser do perpetrador no caso dos filmes de crime, ou do homem presente no caso dos filmes de controlo. Os participantes teriam de, por aprendizagem acidental, reconhecer em alinhamento o odor a que estiveram expostos durante o filme. Os principais resultados mostraram que o grupo experimental teve maior número de acertos (68%) comparativamente com o grupo de controlo (45%), sendo esta diferença estatisticamente significativa. Os resultados apontam assim para as potenciais implicações dos odores corporais no âmbito forense ao nível da redução da probabilidade de erro no reconhecimento de pessoas inocentes e na formação de órgãos de polícia criminal que podem desenvolver estratégias para as suas investigações. A compreensão do olfato em situações onde a sobrevivência é colocada em risco pode ser crucial na intervenção com vítimas e/ou testemunhas de crimes.One of the oldest forms of how organisms relate to each other and the environment is through the olfactory chemical stimulation, which plays a key role in survival-related behaviors. Body odors shape our interaction with others, working as an alert to potential threats and therefore triggering fight and/or flight responses. Due to its ecological relevance, such odors are processed in a unique way, different from common odors, and their study represents a recent area of research. The lack of studies exploring the applications of body odors in crime situations using line-ups in which the recognition is done by humans, led us to conduct this research. Coupled with the fact that we are good at detection and discrimination of odors and that each individual has a unique body odor that can be transferred between people and objects, our main question is whether these capabilities will increase in circumstances that involve physical and emotional vulnerability (e.g., crimes). Participants viewed crime films (experimental group) and control films (control group) which were presented while they smelled a body odor that we instructed to be from the perpetrator in the case of the crime scenes and from the male presented in the control scenes. The participants’ task was to recognize the target-odor in a line-up of body odors by incidental learning. The main results showed that the experimental group had a higher number of correct answers (68%) compared to the control group (45%), with this difference being statistically significant. Thus, the results point to the potential implications of body odors in forensics in reducing the probability of error in the recognition of innocent people and in the training of criminal police forces who can develop strategies for their investigations. The understanding of smell in situations where survival is at risk can be crucial in the intervention with victims and / or witnesses of crimes

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