Acessibilidade na UFRJ: desafios e perspectivas

Abstract

É louvável que nossa universidade se torne mais acessível aos deficientes, e isso nas três categorias que compõem o corpus universitarium: estudantes, funcionários e docentes. Claro está que as iniciativas e medidas viabilizadoras do acesso dos deficientes à UFRJ precisam ocorrer não apenas no sentido físico, mas também no imaterial da convivência humana. Ambas as instâncias requerem adaptações. Trata-se de incluir o deficiente, o que significa que a sociedade em geral precisa se adaptar a ele (e.g., adaptações urbanísticas e arquitetônicas no campus, que favoreçam a locomoção do cego usuário de bengala); conta-se, obviamente, com a recíproca, que é a da integração: o próprio deficiente esforça-se para adaptar-se à sociedade em geral (e.g., o aprendizado do uso da bengala por parte do cego). No caso particular da UFRJ, entendo, salvo melhor juízo, que todo e qualquer projeto de acessibilidade deve ter como pré-requisito a segurança interna do campus, que tem deixado muito a desejar. Também é preciso que tais projetos concentrem-se essencialmente nas coisas a realizar; de que vale a utilização de um vocabulário adocicado para tratar da deficiência (e.g., “portador de deficiência”, pessoa com deficiência”, PPD etc.) se a realidade do deficiente continua amarga nos mais diversos aspectos da vida? Longe de beneficiar o deficiente, o vocabulário politicamente correto anestesia a consciência coletiva, dando a impressão de que, evitando certas palavras em prol de outras, cada um “já fez a sua parte”. Na Espanha, por exemplo, o vocabulário politicamente correto não tem vez; em contrapartida, o deficiente é respeitado e as leis em seu favor são cumpridas. Em vez de “discutirmos palavras”, entendo, salvo melhor juízo, que é hora de fazer coisas concretas em prol do deficiente. Aproveitando o contexto, penso também ser mais do que hora de investirmos no sentido originário da palavra universidade, descendente do termo latino universalia, por sua vez derivado da expressão unus versus alia: “um em relação aos outros”, ou, se preferirmos, “um por todos e todos por um”

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