Aspectos epidemiológicos do tétano acidental no brasil, de 2009 a 2019

Abstract

O tétano é uma doença infecciosa desencadeada pelo Clostridium tetani,que penetra em um ferimento na pele. Caracteriza-se por espasticidade tônicageneralizada, podendo assim acarretar falência respiratória e ter um desfecho fatal.Apesar de ser eficazmente prevenível através da vacina, disponível no sistema público,ainda há número significativo de casos no país. Caracterizar o tétano acidental,segundo sexo e escolaridade, entre 2009 e 2019 no Brasil. Estudo analítico,observacional e retrospectivo. Incluiu-se todos os casos de tétano acidentalnotificados no Brasil, em pessoas acima de 14 anos, de 2009 a 2019, obtidos do Sistemade Informações de Agravos de Notificação. Obteve-se os dados populacionais do IBGE.Estratificou-se por sexo e escolaridade. Calculou-se a porcentagem dos casosnotificados no período em cada grupo, bem como a porcentagem desses casos quevieram a óbito. Obteve-se também a tendência do coeficiente de incidência no período,por meio da regressão linear segmentada (Joinpoint Regression Program versão 4.7),bem como as variações percentuais anuais (APCs) e seus intervalos de 95% deconfiança (IC95%). Houve 2829 casos, sendo a maior parte deles, 2424 (85,68%), nosexo masculino, seguido por 405 (14,32%), no feminino. Quanto à escolaridade,observa-se que 1013 (35,81%) indivíduos se declaram “analfabetos” ou “fundamentalincompleto” (A/FI), 276 (9,76%) como “fundamental completo” ou “médioincompleto” (FC/MI), 159 (5,62%) como “médio completo” ou “superior incompleto”(MC/SI) e 31 (1,1%) como “superior completo” (SC), sendo que 1350 (47,72%) não tiveramsua escolaridade informada. A notificação de óbito pelo agravo ocorreu em 755pessoas do sexo masculino e 172 do feminino, totalizando 927 óbitos em decorrênciade tétano acidental. A verificação dos óbitos de acordo com a escolaridade apresentouos seguintes resultados: 328 (A/FI), 83 (FC/MI), 43 (MC/SI), 10 (SC) e não foi informadaa escolaridade do restante dos óbitos (49,95%). A incidência foi mais elevada no ano de2011 (0,22 casos/100 mil hab) e teve menor valor em 2019 (0,12 casos/100 mil hab).Obteve-se duas tendências: de 2009 a 2011, quando o comportamento foi estacionário(APC = 5,6; IC95%= - 9,4; 23), e de 2011 a 2019, com tendência decrescente (APC = -6,9;IC95%= -8,5; -5,2). Observou-se duas tendências temporais, a primeira estacionária(2009-2011) e, a segunda decrescente (2011-2019). Apesar da suscetibilidade universalda doença, percebe-se um acometimento superior nos homens (85,68%), por vezesassociado a ocupação. Há uma relação inversa entre o risco de infecção e o nível deescolaridade. Apesar da queda no número de casos, a mortalidade é elevada (33%), oque demonstra a importância da realização de campanhas de vacinação, sobretudopara os indivíduos de baixa escolaridade. Dessa forma, ameniza-se também impactoseconômicos, visto que resguarda a população ativa sujeita à infecção

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