O transplante de córneas proporciona a recuperação da visão a um custo muito baixo. Atualmente, é o principal tratamento para pessoas que apresentam distúrbios de curvatura ou transparência da córnea. No entanto, no Brasil, não há um protocolo unificado sobre os meios de preservação, tempo de armazenamento e antibióticos utilizados. A preocupação com a eficiência dos meios de preservação, na descontaminação das córneas, é de que agentes patogênicos sejam transferidos aos receptores de transplantes, causando infecções oculares após o transplante. Este artigo realizou um levantamento de referências teóricas, já publicadas e disponibilizados por plataformas digitais governamentais, assim como periódicos científicos buscados pelo portal de periódicos da Capes, e PubMed. O levantamento mostrou que estudos baseados em cultivo de microrganismos, trazem Staphylococcus cagulase negativa em 30 a 100% das amostras isoladas de conjuntivas. Em menor quantidade estão Streptococcus, Corynebacterium e Propionibacterium. Bactérias Gram-negativas aparecem em número muito inferior, representadas pelos gêneros Haemophilus, Neisseria, Pseudomonas, Enterobacter, Escherichia, Proteus e Acinetobacter. Já os resultados baseados em técnicas independentes de cultivo trazem Pseudomonas como a principal colonizadora da conjuntiva, contrariando os resultados obtidos por técnicas dependentes de cultivo. Também, apresentam uma diversidade muito maior de colonizadores, mostrando um potencial campo de estudos. O globo ocular pode ter uma diversidade muito maior de espécies e potencias agentes patogênicos, do que era esperado. Os principais meios de preservação utilizados no Brasil, levam os antimicrobianos gentamicina e estreptomicina em sua composição. A utilização desses antibióticos já se mostra controversa, a medida em que muitas espécies bacterianas isoladas dos meios de preservação e de infecções pós transplante, são resistentes a gentamicina e algumas, resistentes a gentamicina e estreptomicina. A necessidade de se rever os antimicrobianos utilizados nos meios de preservação, seja por sua eficiência ou pelo grupo alvo a ser atingido, já que estudos indicaram a presença de uma grande quantidade de bactérias Gram-negativas no bioma ocular, pode levar ao desenvolvimento de um protocolo unificado para utilização no Brasil.Corneal transplantation provides visual restoration at a low cost. Currently transplantation is the main treatment for corneal curvature issues and corneal transparency disorders. However, Brazil lacks a unified protocol on preservation, storage, and antibiotic treatment of corneal tissue. The main concern with the efficiency of preservation and decontamination of corneas is the possibility of postoperative eye infection due to pathogen transference. This article performed a survey of theoretical references that have been published and made available in governmental digital platforms, as well as scientific journals found in Capes and PubMed resources. This survey reveals that studies based on microorganism cultures presented coagulase-negative Staphylococcus in 30 to 100% of conjunctival isolated samples. Streptococcus, Corynebacterium, and Propionibacterium were found in smaller amounts. The number of gram-negative bacteria, such as Haemophilus, Neisseria, Pseudomonas, Enterobacter, Escherichia, Proteus and Acinetobacter, was much lower in this kind of study. On the other hand, studies based on independent cultivation techniques showed Pseudomonas as the main conjunctival colonizer, contrary to the results obtained by cultivation-dependent techniques. These studies also show greater variety of colonizers, which could be a new field of study, as the human eye might have more species of bacteria and pathogens than anticipated. The main means of corneal preservation used in Brazil contain the antimicrobials gentamicin and streptomycin in their composition. The use of these antibiotics is controversial, as many bacterial species isolated from preservation means and postoperative infections are resistant to gentamicin and some resistant to both gentamicin and streptomycin. These studies presenting a large quantity of gram-negative bacteria in the ocular biome show that it is necessary to reassess the antimicrobials used in corneal preservation, which can lead to the development of a unified protocol to be used in Brazil