Santana, Kamila F.A.

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Repositório do INPA

XVllI Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA PODRIDÃO DE Sclerotium rolfisii,EM TOMATEIRO (So/anum /ycopersicum), POR MEIO DO USO DEEXTRATOS DE PLANTAKamila F.A. SANTANA1; Cleci DEZORDI2; Rosalee A. C. NETT03; Rogério E. HANADA4.lBolsista PIBIC/CNPq/INPA; 20rientador e bolsista PCI/NCT/INPA; 3; Co-orientador CPCA/ INPA; 4Colaborador CPPF/ INPA.1. IntroduçãoO tomate (Solanum Iycopersicum), no Brasil, é o segundo mais importante fruto entre ashortaliças. Na Amazônia é de difícil realização, pela sensibilidade da planta ao surgimento depatógenos, principalmente fungos e bactérias, devido à umidade e as temperaturas elevadas, ondeencontram o ambiente perfeito (Embrapa, 2006). Dentre as principais doenças ocorridas no cultivodo tomateiro, encontram-se a murcha ou podridão de Sclerotium. Provocada pelo fungo Sclerotiumrolfsii, que ocorre sob condições de alta umidade e temperatura entre 25-35°C. Plantas afetadasmurcham em conseqüências de necrose na região do colo. Próximo ao tecido doente, observa-se ocrescimento micelial branco, formando escleródios pequenos, arredondados, inicialmente decoloração branca e depois pardo-escura. Podendo, também, atacar frutos em contato com o solocontaminado. Comumente permanece no solo em forma de escleródio, por aproximadamente cincoanos, infectando outras espécies de -plantas (Kurozawa et.al., 2005). O controle de doenças vemsendo aperfeiçoado por meio de utilização de métodos alternativos aos agrotóxicos, com o objetivode assegurar a rentabilidade ao agricultor e diminuir os riscos à saúde humana e ao meio ambiente(Sanhueza, 2001). Surgi como nova opção, os extratos de plantas, que vem sendo estudados, porapresentar substâncias contidas no tecido destas, que podem desempenhar ação biológicadiretamente contra os patogénos ou ativar mecanismos de defesa, nas plantas que são aplicados,contra vários tipos de patógenos (Stangarlin et aI., 1999). Na literatura existem vários estudos queobtiveram resultados positivos na utilização dos extratos vegetais, dentre eles estão àquelesrealizados por Rodrigues et ai. (2007), que avaliou o controle de S. sclerotiorum em alfaceutilizando EBA (extrato bruto aquoso) de gengibre; Kuhn et ai. (2006), que estudou o efeito deCurcuma longa sobre Xanthomonas em mandioca; e, Bonaldo et ai. (2004), que verificou que oEBA de Eucalyptus citriodora pode controlar Co/letotrichum lagenarium em pepino. Ainda não éconhecida à eficiência e a viabilidade do uso de extratos vegetais no controle da podridão deSclerotium em tomateiro, essa prática poderá se constituir em uma opção de manejo desta doençapara os produtores do Estado do Amazonas.Este trabalho tem como objetivo selecionar extratos vegetais com potencial utilização no controlede doenças do tomateiro, causadas por Sclerotium rolfsii, visando provocar menor impacto ao meioambiente; por meio da seleção de plantas nativas ou não da Amazônia, que possam expressarpotencial fungitóxico/fitotóxico ao Sclerotium rolfsii, em tomateiro.2. Material e métodosO trabalho foi desenvolvido em casa-de-vegetação e no Laboratório de Fitopatologia daCoordenação de Pesquisas em Ciências Agronômicas-CPCA do INPA, em Manaus, entre os mesesde Fevereiro a Julho de 2009. A multiplicação do patógeno foi realizada em grãos de trigoautoclavado. Para a elaboração do extrato bruto aquoso (EBA) foram selecionadas cinco espéciesde plantas para serem utilizadas nos tratamentos, elas são: crajiru (Arrabidaea chica), gengibre(Zingiber officinale), pimenta longa (Piper aduncum L.), caapeba (Pothomorphe umbe/lata) e nim(Azadirachta indica), as plantas foram desidratadas em estufas 72°C e trituradas em moinho, paraobter fragmentos pequenos de vegetais. Para a elaboração dos EBAs foram pesado 200 g devegetaljL de água, durante 24 h sob temperatura ambiente. Após foi realizada a filtragem emcoador comum obtendo-se extrato liquido a 20 %. O material retido no coador comum foicaracterizado como massa de planta (MP). Foram utilizadas mudas com 30 dias de idade, cv. SantaClara, cultivadas em substrato PLANTAMAX (EUCATEX®) contido em bandejas de isopor. Ainfestação do solo foi realizada por meio de adição do patógeno na proporção, de 13 g de grãos detrigo por kg de composto vegetal que foi homogeneizado por meio de agitação manual dentro desacos de poliestireno, e distribuídos em copos de plástico, 300 g/ copo contidos de solo vegetal. E,então se procedeu ao transplante das mudas. Os tratamentos foram constituídos de aplicação deEBA 20 %/ 20 rnl./copo de EBA ou 5 q/copo de MP ao redor do colo das plantas, semanalmente. Aprimeira aplicação dos extratos das plantas nos tomateiros foi realizada três dias após otransplante. Cada parcela foi composta por quatro blocos ao acaso, sendo que cada bloco foiconstituído por uma bancada na casa de vegetação (mesa: dois x um metro). Cada tratamento foiconstituído por quatro parcelas subdivididas em quatro repetições, sendo cada repetição67XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009constituída de 10 plantas, perfazendo no total de 480 plantas. Os tratamentos foram: Tl (aplicaçãodo EBA de crajiru), T2 (aplicação da MP de pimenta longa), T3 (aplicação de água no solocontaminado), T4 (testemunha, somente água), T5 (aplicação do EBA de pimenta longa), T6(aplicação da MP de crajiru), T7 (aplicação do EBA de Nim), T8 (aplicação da MP de nim), T9(aplicação do EBA de Gengibre), TlO (aplicação da MP de gengibre), Tl1 (aplicação do EBA decaapeba) e Tl2 (aplicação da MP de caapaba). Foi realizada a primeira avaliação de incidência eseveridade no terceiro dia após o transplante das mudas, e depois foram executadas diariamenteaté que a testemunha atingisse 70 % de plantas mortas. Os parâmetros de severidade utilizadosforam: número de plantas sadias (1); plantas que apresentaram colo apodrecido (2); plantas queapresentaram o sintoma da murcha (3); plantas que apresentaram tanto colo apodrecido como osintoma da murcha (4) e plantas mortas (5). A incidência foi analisada por meio de mediçõesdiárias de plantas com e sem sintomas. As medias dos tratamentos foram comparadas através doteste de Tukey (P d< 0,05) e Schott Knot (P d< 0,05).3. Resultados e discussãoO controle da podridão de Sclerotium nos tratamentos com extrato bruto aquoso (EBA) de crajiru(Arrabidaea chica) e a massa de planta (MP) de pimenta longa (Piper aduncum L.), foramsuperiores em relação à testemunha. As plantas que foram tratadas com crajiru (EBA)apresentaram inibição de 66,2 % de podridão causada por S. rolfsii, e, aquelas tratadas compimenta longa (MP) apresentaram 58,1 %, conforme se pode observar na Figura 1.Crajiru (EBA) 66.260.7 a58.1 ab55.4 abc52.9 abc44.0 abc43.7 abc39.8 abc38.3 bc29.7 bc27.3 c20.2 caControle sem inoculação S. rolfsiiPimenta longa (MP)Tratamentos Capeba (EBA)Gengibre (EBA)Capeba (MP)Pimenta longa (EBA)Nim (EBA)Crajiru (MP)Gengibre (MP)Controle com inoculação de S. rolfsiiNim(MP)10 20 30 40 50 60Taxa de sobrevivência (%)70*Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si no nível de 5 % de probabilidade pelo teste Tukey (P d <0,05).Figura 1: Inibição da incidência de podridão causada por Sclerotium rolfsii em tomateiros, tratadoscom diferentes plantas em forma de extrato bruto aquoso (EBA) e massa de planta (MP).Os tratamentos apresentaram redução da enfermidade, por meio do EBA de pimenta longaobservando (43,7 %), MPde crajiru (38,3 %), EBA de Nim (39,8 %), MPde nim (20,2 %), EBA deGengibre (52,9 %), MPde gengibre (29,7 %), EBAde caapeba (55,4 %) e MP de caapeba (44 %).Apresentando resultado parecido com os das testemunhas, com solo contaminado (27,3 %) e seminoculo (60,7 %). Os tratamentos com caapeba não apresentaram controle satisfatório de podridãode Scleritium, não diferindo estatisticamente da testemunha. Estes resultados demonstram que apimenta longa pode exercer atividade antifúngica sobre S. rolfsii. Concordando com Lee et aI.(2001), em que verificou redução da mortalidade em 60 % de plantas de tomateiro inoculados comP. infestans, quando tratadas com EBA de pimenta longa. Outras piperáceas, também, jádemonstraram ação antimicrobiana sobre patógenos de solo, a exemplo de pimenta de macaco quefoi estudada por Carnaúba (2008). As plantas que foram tratadas com extrato bruto aquoso decrajiru (Arrabidaea chica) apresentaram 66,2 % de inibição dos sintomas de murcha, podridão decolo e morte, demonstrando a existência de atividade antimicrobiana sobre S. rolfsii, em tomateiro.No entanto, existem poucos estudos relacionados a esse efeito fungitóxico exercido por crajiru emplantas. Porém, sabe-se que a planta é considerada, pela população amazonense, como umaplanta medicinal que apresenta efeito anti-séptico e cicatrizante (Portal Amazônia, 2007). Osresultados mostraram que o crajiru só é efetivo no patossistema S. rolfsii em tomateiro quando6869XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009aplicado em forma de EBA, pois quando aplicado como MP não ocorreu controle satisfatório dapodridão de Sclerotium. No entanto, os tratamentos com (MP) de pimenta longa apresentarammaior controle do que aqueles em que foram aplicados os EBAs da mesma planta. O que pode terocorrido devido à degradação ou a não liberação de compostos com capacidade antimicrobiana. Avariação de resultados foi observada, também por Rodrigues et aI. (2007), em estudos com opatossistema alface e s. sclerotiorum no qual verificaram que o tratamento com MG (massa degengibre) foi o mais eficiente para controle, ainda que parcial, do patógeno, proporcionando menorincidência da doença, quando comparado aos tratamentos EBA e água. Na literatura técnico-científica não há relatos do controle de S. rolfsii em tomate por nim. Conforme a Figura 1, aaplicação de EBA e/ou MP de nim não apresentou atividade antifúngica significante em relação aotratamento controle. Alguns autores investigaram metabólitos de nim - azadirachtina, nimbina esalanina e verificaram possível atividade bactericida e fungicida (Conventry & Allan, 2001;Govindachari et al., 1998), no entanto, esta atividade não foi observada no patossistema emestudo. No experimento o EBA e a MP de gengibre não apresentou controle da doença. O quedemonstra que o gengibre não tem ação fungitóxica sobre S. rolfsii ou que nenhum composto comtal capacidade foi liberado para exercer esta função. Pois segundo a literatura o gengibreapresentou resultados de controle em outros patossistemas. Conforme se pode observar nosestudos feitos por Kane et aI. (2002), em que observaram redução de 100% do crescimentomicelial de Rhizoctonia solani quando utilizaram o extrato de gengibre. Tylkowska & Dorna (2001),observaram inibição do crescimento micelial de Alternaria brassicae, Alternaria brassicicola,Botrytis allii e Stemphy/ium botryosum com o extrato dessa planta. Não foram encontradasinformações sobre o controle de Sclerotium rolfsii em tomateiro por gengibre. Porém existemreferencias que relatam ação de controle do gengibre em outros patossistemas, por exemplo, ocontrole de Pyricularia grisea em casa-de-vegetação pelo extrato de gengibre a 20 % e, na inibiçãoda S. sclerotiorum em alface também pelo extrato de gengibre (Rodrigues et al., 2007). Estesresultados indicam o potencial do crajiru e pimenta longa para o controle de S. rolfsii emtomateiro, o qual pode ocorrer tanto por atividade antimicrobiana direta quanto pela ativação demecanismos de defesa. Entretanto estudos adicionais devem ser conduzidos visando possibilitar arecomendação prática de uso de massa de plantas ou extrato aquoso no colo das plantas para ocontrole da podridão ou murcha de Sclerotium em cultivos agroecológicos.4. ConclusãoNeste estudo, o extrato bruto aquoso (EBA) de Crajiru (Arrabidaea chica) com 66,2 % e a massade planta (MP) de pimenta longa (Piper aduncum L.) com 58,1 % de inibição da incidência daPodridão de Sclerotium. Fato que os torna candidatos potenciais a serem empregados no controleda doença. Estudos futuros, visando à utilização de meios alternativos como o uso de extratos deplantas poderá ser forte candidato à substituição do uso de fungicidas para um meio natural decontrole de fitopatógenos em plantas.5. ReferênciasBonaldo, S.M.; Schwan-Estrada, K.R.F.; Stangarlin, J.F.; Tessmann, D J.; Scapim, C.A.Fungitoxicidade, atividade elicitora de fitoalexinas e proteção de pepino contra Colletotrichumlagenarium, pelo extrato aquoso de Eucalyptus citriodora. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.29,n.2, p.128-134, 2004.Carnaúba, J.P. Efeito de óleos na germinação de esporos de Fusarium oxysporum f. sp.tracheiphilum, CAL-087, Tropical Plant Pathology 33 (suplemento) p: 127, IN: XLI CongressoBrasileiro de Fitopatologia. Brasília, 2008.Conventry, E. & Allan, E.J. Microbiological and chemical analysis of neem (Azadirachta indica)extracts: new data on antimicrobial activity. 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São Paulo, 2005.Lee, S.E., Park, 8.5., Kim, M.K., Choi, W.S., Kim, H.T., Cho, K.Y., Lee, S.G. & Lee, H.S. Fungicidalactivity of pipernonaline, a piperidine alkaloid derived from long pepper, Piper longum L., againstphytopathogenic fungi. Crop Protection 20:523-528. 2001.Portal Amazônia, 2007 (www.Portalamazonia.com.br ). Acesso: 03/06/2009.Rodrigues, E. ; Schwan- Estrada, K. R. F.; Fiori- Tutida, A. C. G.; Stangarlin, ]. R.; Cruz, M. E. S.Fungitoxicidade, atividade elicitora de fitoalexinas e proteção de alface em sistema de cultivoorgânico contra Sclerotinia sclerotiorum pelo extrato de gengibre. Summa Phytopathologica,Botucatu, v. 33,n. 2, p 124-128, 2007.Sanhueza, R. M. V. 2001. 8iocontrole de Rosellinia necatrix com rizobactérias em macieiras.Summa Phytopathologica, Jaboticabal, 27(1): 43-49.Stangarlin, ].R.; Schwan-Estrada, K.R.F.; Cruz, M.E.S. & Nozaki, M.H. 1999. 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Avaliação do Controle da Podridão de Sclerotium Rolfisii, em Tomateiro (so/anum /ycopersicum), por Meio do Uso de Extratos de Planta

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