Uso do misoprostol em uma maternidade pública do estado do Paraná : uma abordagem farmacoepidemiológica

Abstract

Orientadora: Profª. Drª. Yanna Dantas RattmannDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Defesa : Curitiba, 27/06/2018Inclui referências: p.110-119Resumo: O misoprostol é um análogo sintético da prostaglandina E1, inicialmente indicado para tratamento e prevenção de úlceras gástricas e duodenais. Entretanto, a descoberta de sua função uterotônica contribuiu para o seu uso ilegal como abortivo, ocasionando a sua proibição e posterior uso clínico exclusivamente em hospitais licenciados. Esta pesquisa consiste em um estudo observacional transversal, de caráter descritivo e analítico, com objetivo de caracterizar, por meio de dados secundários, o perfil clínico e epidemiológico do uso do misoprostol em gestantes atendidas em um hospital e maternidade do Paraná, entre julho de 2015 e junho de 2017. Foram encontradas 717 prescrições do medicamento. Destas, 50,5% para a indução do parto, 39,5% para manejo do aborto e 10% para tratamento da hemorragia pós-parto. Analisando o uso do misoprostol para a indução do parto verificou-se que as mulheres eram predominantemente primíparas (60,8%), com 41 semanas de gestação (40,9%) e fizeram uso de somente um comprimido de misoprostol para indução (61,9%), com a principal indicação de gestação prolongada (35,6% - CID O48). Do total, 13,5% fizeram uso de outro método ou medicamento auxiliar e menos da metade atingiu o desfecho do parto vaginal (48,6%). A principal justificativa para a realização de cesárea de 51,4% das gestantes foi a falha da indução (48,4%). Após a introdução do medicamento no hospital, houve um discreto aumento no número de cesáreas durante o período estudado, porém este não foi significativo. Ao analisar o uso do misoprostol para o manejo do óbito fetal e aborto, a justificativa mais prescrita foi o "aborto retido" (64,3%) e houve um caso de aborto legal. Para o esvaziamento uterino, no primeiro trimestre, obteve-se a taxa de sucesso de 100% com a média de uso de 2,9 comprimidos de 200 yg; no segundo semestre, 77,7% de sucesso com 8,9 comprimidos de 25 yg ou 96,5% de sucesso com 2,4 comprimidos de 200 yg; e no terceiro trimestre, a taxa de sucesso foi de 72,7% após o uso médio de 3,4 comprimidos de 25 yg. Aproximadamente 30% das mulheres usaram o medicamento para amolecimento do colo uterino para posterior curetagem ou aspiração manual intrauterina. Sobre a análise do misoprostol para a hemorragia pós-parto, a mediana da idade gestacional foi de 39 semanas, sendo a maioria multípara (68,1%), com 25% com antecedentes de cesárea. Relativo ao parto realizado, 51,4% teve cesariana. Houve o uso profilático de ocitocina em 47,2% das mulheres e 84,7% das gestantes que usaram misoprostol tiveram sucesso. Deste total, 79,2% também usaram ocitocina e 54,2% metilergometrina. A principal causa da hemorragia ocorreu devido a atonia uterina. Houve 13 casos de complicações e um óbito materno. Concluiu-se que o uso do misoprostol para a indução do parto não reduziu o número de cesáreas no estabelecimento. Porém, seus usos para o manejo do óbito fetal e aborto e tratamento da hemorragia pósparto demonstraram ser uma alternativa segura e eficaz às mulheres. Palavras-chave: farmacoepidemiologia, misoprostol, indução do parto, óbito fetal intrauterino, hemorragia pós-parto.Abstract: Misoprostol is a synthetic analogue of prostaglandin E1, initially indicated for the treatment and prevention of gastric and duodenal ulcers. However, the discovery of its uterotonic function contributed to its illegal use as abortive, causing its prohibition and subsequent clinical use exclusively in licensed hospitals. This study is a crosssectional observational, descriptive and analytical study, aiming to characterize, through secondary data, the clinical and epidemiological profile of the use of misoprostol in pregnant women attended at a maternity hospital in Paraná, between July 2015 and June 2017. There were found 717 drug prescriptions. Of these, 50.5% were used for labor induction, 39.5% for abortion management and 10% for postpartum haemorrhage treatment. Analyzing the use of misoprostol for induction of labor, most women were primiparous (60.8%), with 41 gestational weeks (40.9%), and they used only one tablet of misoprostol for induction (61.9%), with the main indication for prolonged gestation (35.6% - CID O48). Of the total, 13.5% used another method or ancillary medicine and less than half reached the outcome of vaginal delivery (48.6%). The main justification for performing a caesarean section of 51.4% of the pregnant women was the failure of induction (48.4%). After the introduction of the medication in the hospital, there was a slight increase in the number of cesareans sections during the study period, but this was not significant. When analyzing the use of misoprostol for intrauterine fetal death and abortion management, the most commonly prescribed reason was "abortion retained" (64.3%) and there was one case of legal abortion. For uterine evacuation in the first-trimester, the success rate was 100% with the average use of 2.9 200 yg of misoprostol; in the second-trimester, 77.7% success with 8.9 tablets of 25 yg or 96.5% success with 2.4 tablets of 200 yg; and in the third trimester, success rate of 72.7% after the average use of 3.4 tablets of 25 yg. Approximately 30% of women used misoprostol for cervical ripening associated with manual intrauterine aspiration or curettage. About the analysis of misoprostol for postpartum haemorrhage, the median gestational age was 39 weeks, with the majority multiparous (68.1%), with 25% with a history of cesarean section. Regarding the delivery performed, 51.4% had a cesarean section. There was oxytocin prophylactic use in 47.2% of the women and 84.7% of the pregnant women who used misoprostol were successful. Of this total, 79.2% also used oxytocin and 54.2% methylergometrine. The main cause of bleeding was due to uterine atony. There were 13 cases of complications and one maternal death. It was concluded that the use of misoprostol for induction of labor did not reduce the number of cesareans in the establishment. However, its uses for intrauterine fetal death and abortion management and treatment of postpartum hemorrhage have proven to be a safe and effective alternative for women. Keywords: pharmacoepidemiology, misoprostol, labour induction, intrauterine fetal death, postpartum hemorrhage

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