Trabalho, educação e saberes : experiências de mulheres Quilombolas em Porto Alegre/RS

Abstract

O tema da pesquisa é a produção de saberes em comunidades quilombolas e o objeto de estudo são as relações de continuidade e de descontinuidade entre saberes tradicionais e contemporâneos sobre ervas medicinais de mulheres da comunidade quilombola urbana Areal da Baronesa, situada em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. Objetiva-se analisar as práticas de mulheres quilombolas na manutenção dos modos de vida e na (re)produção ampliada da vida de sua comunidade, particularmente nos modos de acessar e de estabelecer relações entre suas experiências atuais e memórias sobre ervas medicinais (re)produzidas nas suas relações de trabalho. Busca-se, assim, compreender o lugar ocupado pelos saberes sobre as ervas nas suas vidas e na vida da comunidade em que se inserem. Fundamenta-se nos conceitos de território étnico, de saberes populares, de experiência, de reprodução ampliada da vida, de modos de vida e de saberes do trabalho. Como caminhos metodológicos, foram criados espaços de diálogo como as oficinas de manualidades, que atuaram como estratégia multimétodo, integrando diferentes técnicas de pesquisa, como rodas de conversa e grupo focal, nas quais a pesquisadora se posiciona numa ação participante, para compor espaços de diálogo mais aberto e acessível com as mulheres. Foram realizados três tipos de oficinas: produção de sabonetes artesanais, uso de ervas e relógio do corpo humano e produção de incensos. Utilizou-se, como parte do processo de análise e de interpretação dos dados, a Análise de Conteúdo. Ao analisar as relações de continuidade e de descontinuidade entre saberes tradicionais e contemporâneos sobre ervas medicinais das mulheres da comunidade quilombola urbana, constata-se que é nas suas relações de trabalho cotidiano que essas mulheres preservam e, ao mesmo tempo, modificam tais saberes. Esses saberes são percebidos como recuperação de experiências vividas, acrescentadas de informações e renomeadas no presente pelas mulheres ou pelos grupos que os recebem, como parte da manutenção de sua cultura e de seus modos de vida.The general theme of this research is the production of knowledge in Quilombola communities and the object of study is the relations of continuity and discontinuity between traditional and contemporary knowledge of women about medicinal herbs from the urban Quilombola community Areal da Baronesa, located in Porto Alegre, capital of Rio Grande do Sul. The objective is to analyze the practices of Quilombola women in maintaining the ways of life and the expanded (re) production of life of their community, particularly in the ways of accessing and establishing relationships between their current experiences and memories about medicinal herbs (re) produced in their work relationships. We seek to understand the place that knowledge about herbs occupy in their lives and in the life of the community in which they operate. It is based on the concepts of ethnic territory; popular knowledge; experience; expanded reproduction of life; ways of life, knowledge of work. As methodological paths, spaces for dialogues were created with manuals workshops that acted as a multi-method strategy, thus integrating different research techniques: Conversation´s Group and Focus Group (FG) in which the researcher positions herself in a participatory action, to compose spaces for more open and accessible dialogue with women. As fieldwork, three types of workshops were carried out: production of handmade soaps; use of herbs and The Human Body Clock; and production of incense. As part of the data analysis and interpretation process, it was used the Content Analysis. The analysis of the continuity and discontinuity relationships between traditional and contemporary knowledge about medicinal herbs of women in the urban Quilombola community allows us to understand that these women preserve in their daily work relationships and, at the same time, modifying such knowledge. This knowledge is perceived as a recovery of lived experiences, added to information and renamed in the present, by the women or groups that receive them, as part of the maintenance of their culture and their ways of life

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