Estudo de hábitos visuo-posturais associados à miopia, em adolescentes

Abstract

A miopia é cada vez mais uma preocupação para a saúde pública, pois tem-se verificado que está em ascensão em várias partes do mundo, principalmente, nos países em desenvolvimento. A comunidade científica aponta os estilos de vida que os indivíduos estão a adotar, para se adaptarem à nova realidade, como um dos principais fatores que contribui para este aumento. Este estudo, tem como objetivo explorar quais são os hábitos visuo-posturais, referidos na literatura como potenciais fatores de risco para o desenvolvimento e progressão da miopia, que mais frequentemente são adotados pelos estudantes portugueses, que frequentam o 2º e o 3º ciclo do ensino básico, em escolas da região centro do país do concelho da Covilhã. Os 364 participantes incluídos neste estudo, que frequentavam o 2º e o 3º ciclo do ensino básico, tinham idades compreendidas entre os 10 e 15 anos. Da amostra em estudo, 176 eram do sexo feminino, 160 residiram no meio rural e 157 frequentavam o 2º ciclo de estudos. Para a aquisição de dados foi realizado um questionário sobre os hábitos visuoposturais e a recolha de dados refrativos, como a acuidade visual habitual, a refração habitual e a medição da refração ocular com o auxílio do auto-refratómetro. O estudo das diferenças proporcionais foi inferido pelo teste do qui-quadrado, o estudo das diferenças foi efetuado pelo teste de Mann-Whitney, ou o teste de Kruskal-Wallis. Observou-se que o dispositivo digital mais utilizado é o smartphone e que a maioria dos adolescentes utiliza todos os dias dispositivos digitais, cerca de 1 a 3 horas. Quanto ao número de horas que os jovens utilizam os dispositivos digitais, observaram-se diferenças estatisticamente significativas em função do ciclo de estudos, onde o 3º ciclo reporta ter hábitos menos saudáveis. Verificou-se que a maioria dos jovens pratica hábitos recomendados pela literatura quanto à distância quando está utilizar os dispositivos digitais, ou seja, utiliza estas tecnologias a mais de 30 centímetros. Assim como se observou que o uso continuo destas novas tecnologias até fazer uma pausa, estão dentro dos limites que são recomendados pela literatura. No entanto, observaram-se diferenças estatisticamente significativas no uso contínuo destes equipamentos, até fazer-se uma pausa, em função sexo, ou seja, é a população masculina que faz menos pausas. Quanto ao número de horas que os jovens vêm televisão, a maioria indicou ver 1 a 3 horas, o que é considerado normal pela literatura. Contudo, verificou-se que são os não usuários de correção ótica e o sexo masculino que mais abusavam a ver televisão. Em relação às atividades visuais ao perto observaram-se diferenças na distância de leitura, entre os emetropes e sujeitos com outro tipo de ametropia e entre míope e sujeitos com outro tipo de ametropia, sendo que são os indivíduos com outro tipo de erro refrativo que tendem a ter distâncias de leitura mais curtas. Não foi possível provar que os adolescentes míopes adotam distâncias mais curtas do que os sujeitos emetropes. Estes fatores de risco, tais como, o uso de tecnologias digitais, atividades visuais ao perto e o número de horas que os adolescentes passam ao ar livre podem estar associados ao desenvolvimento e progressão da miopia, nesta faixa etária, contudo tem que se sensibilizar os adolescentes adotarem hábitos visuo-posturais mais saudáveis de forma a retardar a progressão da miopia.Myopia is increasingly a public health concern, as it has been found to be on the rise in various parts of the world, especially in developing countries. The scientific community points out the lifestyles that individuals are adopting, in order to adapt to the new reality, as one of the main factors that contributes to this increase. This study aims to explore what are the visual and postural habits, referred to in the literature as potential risk factors for the development and progression of myopia, which are most often adopted by Portuguese students who attend the 2nd and 3rd cycle of education in schools in the central region of the country in the municipality of Covilhã. The 364 participants included in this study, who attended the 2nd and 3rd cycle of basic education, were between 10 and 15 years old. Of the sample under study, 176 were female, 160 lived in rural areas and 157 attended the 2nd cycle of studies. For data collection, a questionnaire about visuo-postural habits was carried out, and refractive data were measured, such as visual acuity, habitual refraction and the measurement of ocular refraction with the aid of the auto-refractometer. The study of proportional differences was inferred by the chi-square test, the study of differences was performed by the Mann-Whitney test, or the Kruskal-Wallis test. It was observed that the most used digital device is the smartphone and that most adolescents use digital devices every day, about 1 to 3 hours. As for the number of hours that young people use digital devices, statistically significant differences due to the cycle of studies were found, where the 3rd cycle reports having less healthy habits. It was found that most young people practice habits recommended by the literature regarding distance when using digital devices, that is, using these technologies more than 30 centimeters. However, there were significant differences in the continuous use of this equipment until a break depending on the gender, it is the male population that takes fewer breaks. As for the number of hours that young people watch television, the majority indicated watching 1 to 3 hours, which is considered normal by the literature. However, it was found that it is the non-users of optical correction and the male gender who most. abused watching television. In relation to visual activities nearby, differences in reading distance were observed between emetropes and subjects with another type of ametropia and between myopic and subjects with another type of ametropia, and it is individuals with another type of refractive error that tend to have shorter reading distances. It was not possible to prove that myopic adolescents adopt shorter distances than emetrope subjects. These risk factors, such as the use of digital technologies, visual activities nearby and the number of hours that adolescents spend outdoors may be associated with the development and progression of myopia in this age group, however, adolescents must be sensitized to adopt healthier visuo-postural habits in order to slow the progression of myopia

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