Silva, Bruna Oliveira da

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XVlII Jornada de Iniciação Científica PlBlC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009COLEOPTEROFAUNA (ARTHR~PODA: INSECTA) XILÓFOGA DETRONCOS EM DECOMPOSIÇAO DA RESERVA BIOLÓGICA DACAMPINA, KM 45 DA BR-174, MANAUS, AMAZONAS, BRASIL.Bruna Oliveira da SILVA1; Rosaly ALE-ROCHA2; Fernando Bernardo Pinto GOUVEIA3'Bolslsta PIBIC/CNPq; 20rientadora INPA/CPEN; 3Co-orientador INPA/CPEN1. IntroduçãoOs insetos degradadores de madeira, principalmente os Coleoptera e os Isoptera (besouros ecupins), exercem papel importante no processo de ciclagem de nutrientes; algumas espécies debesouros e cupins, apesar de se tornarem daninhos para o homem ao destruírem estruturas eedificações de madeira, também são úteis quando, em ambiente florestal, contribuem para atransformação de árvores mortas, e de outros produtos vegetais, em substâncias mais simples quepodem ser utilizadas pelas plantas (Borror e DeLong, 1969). Como grupo de insetos dominantes naface da terra, os coleópteros são importantes também como degradadores da madeira; algumasespécies atacam madeira úmida, outros preferem madeira seca e alguns se alimentam de seusconstituintes, por esse motivo são chamados de xilófagos (Bletchly, 1967 apud Matias e Abreu,1998). Os hábitos alimentares de coleópteros saproxilófagos aceleram e contribuem para adegradação física e biológ ica da madeira, reintegrando-a ao ciclo de nutrientes (Castillo e Reyes-Castillo, 1997). Em florestas caducifólias, coleópteros xilófagos processam de 25 a 38 % dos restosde madeira e aceleram em até um terço a decomposição dos troncos caídos (Morón, 1985). Ascampinas amazônicas são pouco estudadas; sua vegetação é muito ramificada, de cascasespessas, e coberta de epífitas (Pires, 1973 apud Lisbôa, 1975); exibem baixa diversidade e nivelelevado de endemismos (Anderson, 1981 apud Barbosa & Ferreira, 2004). Além disso, possuemárea territorial reduzida, o que as torna prioritárias para conservação ambiental (Braga, 1979;PROBIO, 2003). A vegetação é de porte baixo (3 a 4 m), aberta e escleromórfica; ocorrem emsolos arenosos de baixa fertilidade, principalmente em áreas de influência da bacia do Rio Negro(Prance, 1975; Barbosa & Ferreira, 2004). Abreu (1992), estudando a ocorrência de coleópterosem madeiras oriundas da Hidrelétrica de Balbina, encontrou como gêneros mais freqüentesXy/eborus (Scolytidae) e P/atypus (Platypodidae). Matias e Abreu (1998), avaliando a sucessão deColeoptera e Isoptera em madeiras oriundas de floresta primária do município de PresidenteFigueiredo, obteve os seguintes grupos de coleópteros xilófagos: Staphylinidae, Nitidulidae,Histeridae, Brentidae, Scarabaeidae, Coccinelidae, Erotylidae, Curculionidae, Scolytidae,Platypodidae e Passalidae. Os insetos xilófagos são importantes para os processos de ciclagem,principalmente em áreas notadamente pobres em nutrientes como as campinas, o que tornanecessário a realização de estudos sobre sua composição e distribuição.Este trabalho tem por objetivo determinar a composição taxonômica de larvas e adultos deColeoptera xilófagos (exceto Passalidae) de troncos em decomposição da Reserva Biológica daCampina, Manaus, Amazonas.2. Material e métodosA Reserva Biológica da Campina está situada no km 45 da BR-174, (Manaus / Boa Vista); possuiárea de 900 hectares. Abriga nas proximidades de Manaus um ecossistema típico de Campina. Estetipo de formação vegetal arbustiva-arbórea-graminóide difere bastante das imponentes florestasamazônicas. É localizado sobre um solo podzólico, sendo este ecossistema representativo da áreade influência do Rio Negro. É importante por suas peculiaridades biológ icas e sua proximidade comos limites da cidade de Manaus e fazendas circunvizinhas (INPA, 2008). As coletas foram realizadasnos meses de setembro, novembro e dezembro de 2008 e fevereiro e abril de 2009. Foramutilizados dois transectos paralelos de 250 metros de comprimento por 10 metros de largura,distantes 50 metros um do outro e a 150 metros da rodovia BR-174. Os transectos estãoorientados no sentido Sudeste (conforme a direção em que a campina se apresenta no terreno). Oprimeiro transecto tem início em um ponto localizado a 150 metros medidos em linha reta a partirdo portão de entrada da Reserva Biológica da Campina; o segundo tem início em um ponto 50metros ao Norte do primeiro. Os perímetros dos transectos estão definidos com fita plásticacolorida. As distâncias foram determinadas com trena e os sentidos geográfiCOS foramdeterminados com bússola. Todos os troncos mortos, caídos ou não, encontrados total ouparcialmente dentro do perímetro dos transectos, foram explorados em busca de larvas e adultosde Coleoptera xilófagos. O esforço de coleta é de quatro horas diárias por coleto r, num total de 16horas mensais. Os troncos foram explorados com auxílio de machadinhas e facões, aplicando-segolpes tanqencías para retirar lascas de madeira, até que os insetos xilófagos sejam encontrados.Em seguida, larvas e adultos de Coleoptera foram acondicionados em frascos de vidro contendo450XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAMIINPA Manaus - 2009solução fixadora tipo "pampel". O material foi transportado para o laboratório, para triagem eidentificação. Eventuais exemplares da fauna acompanhante encontrada nos troncos colonizadospor coleópteros xilófagos, constituída principalmente por insetos predadores e outros artrópodes,também foram acondicionados em frascos de vidro contendo "pampel", para estudos posteriores.Para identificação taxonômica dos Coleoptera foram utilizados os trabalhos de Boving (1930-1931),Peterson (1962), Arnett et aI. (1980), Costa et aI. (1988) e Chu e Cutkomp (1992). Todo materialzoológico coletado será depositado na Coleção de Invertebrados do INPA.3. Resultados e discussãoForam coletados 165 exemplares de coleópteros saproxilófagos, divididos em 14 famílias, sendo105 larvas e 60 adultos. As famílias mais abundantes foram Passalidae, com 53 exemplares,Scarabaeidae, com 41 exemplares, e Cerambycidae, com 17 exemplares. As famílias maisfrequentes (ocorreram em todas as coletas) foram Passalidae, Scarabaeidae e Tenebrionidae(Tabela 1). A grande maioria dos adultos e larvas coletados são de porte robusto, atingindo 2 a 3centímetros de comprimento, o que favorece a fragmentação mecânica dos troncos.Além dos Coleoptera xilófagos, foram encontrados um adulto de Carabidae (Coleoptera predador),sete larvas xilófagas de Pyrallidae (Lepidoptera) e um adulto e uma larva de Sphecidae,Hymenoptera predador que utiliza os troncos para nidificar.Tabela 1 - Coleoptera xilófagos coletados em troncos em decomposição na Reserva Biológica daCampina, nos meses de setembro, novembro e dezembro de 2008 e fevereiro e abril de 2009. Lv= larvas; Ad = adultos.Dez08Fev09Abr09TOTAL GERALFamílias deColeopteraXilófagosSet08Nov08Ad Lv Ad Lv AdAd AdLv AdLv Lv LvAlleculidaeAnthribidaeBrentidaeBuprestidaeCerambycidaeCurculionidaeElateridaeEucnemidaeNitidulidaePassalidaeRhysodidaeScarabaeidaeSthaphylinidaeTenebrionidae14 1151 515 5 23173 175253 17511621311044 2 3118 351 638 32 65 215 3111119 1 2631111 1 12Total6156317475153741876 5 105 60 165TOTAL GERAL 37 18 39 30 19 3 44As famílias mais abundantes e freqüentes encontradas em troncos em decomposição da Reserva daCampina são compostas por espécies de hábitos variados. Larvas e adultos de Passalidae vivemjuntos, formando grupamentos subsociais. As colônias ocorrem em troncos caídos que estejam emestado acentuado de decomposição. Os adultos são longevos e cavam as galerias onde as larvas sealimentam da madeira cortada pelos adultos; larvas e adultos estridulam, o que representa umimportante papel no comportamento subsocial desses insetos. Larvas de Tenebrionidae podem serencontradas em ambientes bem variados, alimentando-se em geral de material de origem vegetal,em folhiço, no solo, em troncos caídos e madeira morta; diversas espécies são cosmopolitas eoutras podem ocasionar danos consideráveis a produtos armazenados. Larvas de Scarabaeidaeutilizam madeira em decomposição como alimento, sendo comuns em troncos caídos; algumasdesenvolvem-se em folhiço ou acúmulos de matéria em decomposição; espécies mirmecófilas outermitófilas alimentam-se de alimentos vegetais acumulados nos lixos dos ninhos, ou em algunscasos das próprias paredes dos cupinzeiros; outras espécies habitam o solo e alimentam-se deraízes vivas, vir1do a apresentar importância econômica pois podem acarretar prejuízosconsideráveis á agricultura. Larvas de Cerambycidae são brocas de tecido vegetais vivos oumortos; podem ser encontradas nos caules ou nas raízes, na região subcortical ou em galeriaslongas e de seção elíptica no lenho; muitas espécies provocam consideráveis danos ás plantasutilizadas na agricultura ou na extração de madeira de lei (Costa et aI., 1988).~51XVIJI Jornada de Iniciação Cientifica PIBIC CNPq/FAPEAM/I PA Manaus - 20094. ConclusõesTendo em vista que a diversidade de famílias de Coleoptera xilófagos encontrada em troncos emdecomposição na Reserva da Campina, composta principalmente por exemplares de grande porte(comprimento em torno de 2 a 3 cm), e considerando que esses coleópteros, mediante seushábitos alimentares, processam entre um quarto e um terço dos troncos apodrecidos onde vivem,aceleram a degradação física e biológica da madeira e reintegram-na ao ciclo de nutrientes,podemos concluir que a área está bem conservada e que os processos de ciclagem que envolvem afragmentação de mate ria vegetal bruta estão sendo realizados de maneira satisfatória. Outrosestudos envolvendo a coleopterofauna de áreas de campina, principalmente a encontrada naserapilheira, devem ser realizados para complementar as informações sobre os processos deciclagem.5. ReferênciasAbreu, R. L. S. 1992. Estudo da Ocorrência de Scolytidae e Platypod idae em Madeiras daAmazônia. Acta Amazonica, 22 (3): 413-420.Arnett, Jr.; Downie, N. M.; Jaques, H. E. 1980. How to Know the Beetles. Second edition.Dubuque: The Picture Key Nature Series. 416 p.Borror, D. J.; DeLong, D. M. 1969. Introdução ao Estudo dos Insetos. Editora Edgard Blücher, SãoPaulo. 653 p.Boving, A. G. 1930-1931. An I1lustrated Synopsis of the Principal Larvae Forms of the OrderColeoptera. Entomologica Americana, Volume XI (2): 88-351.Braga, P. L S. 1979. Subdivisão Fitogeográfica, Tipos de Vegetação, Conservação e InventárioFlorístico da Floresta Amazônica. Acta Amazonica Suplemento 9 (4): 53-80.Barbosa, R. L; Ferreira, C. A. C. 2004. Biomassa Acima do Solo de um Ecossitema da "Campina"em Roraima, Norte da Amazônia Brasileira. Acta Amazonica, 34 (4): 577-586.Campos, M. L.; Marchi, G.; Lima, D. M.; Silva, C. A. 2005. Ciclagem de Nutrientes em Florestas ePastagens. Fonte: <www.geocities.com/giuliano marchi/ciclagem.pdf> acesso em 09 de maio de2008.Castillo, M. L.; Reyes-Castillo, P. 1997. Passalidae. In: Soriano, E. G.; Dirzo, R.; Vogt, R. C. (Eds.).Historia Natural de Los Tuxtlas. Universidad Nacional Autónomo de México, México. 647 p.Costa, C; Vanin, S. A.; Casari-Chen, S. A. 1988. Larvas de Coleoptera do Brasil. São Paulo: Museude Zoologia da USP. 282 p.Chu, H. F.; Cutkomp, L. K. 1992. How to Know the Immature Insects. Second edition. Dubuque:The Picture Key Nature Series. 346 p.INPA. 2008. Reservas Biológicas do INPA Campina: Reserva Biológica da Campina. Fonte:<www.inpa.gov.br/reservas/reservas2.php> acesso em 18 de abril 2008.Lisbôa, P. L 1975. Estudos sobre a Vegetação das Campinas Amazônicas II - Observações Gerais.Acta Amazonica, 5 (3): 211-223.Matias, E. O.; Abreu, R. L. 5.1998. Estudo da Sucessão de Coleoptera (Besouros) e Isoptera(Cupins) em Madeiras de Presidente Figueiredo, Amazonas. VII Jornada de Iniciação Científica doINPA. Manaus / AM. p. 92-93.Morón, M. A. 1985. 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Coleopterofauna (arthropoda: Insecta) Xilófoga de Troncos em Decomposiçao da Reserva Biológica da Campina, Km 45 da Br-174, Manaus, Amazonas, Brasil.

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