Rocha, Maria do Perpetuo Socorro Silva da

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Repositório do INPA

VIII Jornada de Iniciação Científica do INPA • 21 a 23 de Julho de 1999 • Manaus - AMVER-07VITAMINA C DIETÁRIA EM Colossoma macropomum: RESISTÊNCIAAO ESTRESSE CAUSADO PELA DEPRESSÃO ALIMENTAR.Maria do Perpetuo Socorro Silva da Rocha (I); Adalberto Luís VaI (2)Bolsista CNPq/PIBIC (I); Pesquisador INPA/LEEM (2)o tambaqui (Colossoma macropomum) é o segundo maior peixe de escamas da regiãoamazônica, sendo uma das espécies de maior potencial econômico, a qual vem apresentandonos últimos anos sinais de super exploração (MERONA, 1993). Sabe-se que alimentação daespécie varia de acordo com a enchente e a vazante (ALMEIDA- VAL & VAL, 1995), porém,um conhecimento mais aprofundado da biologia alimentar é de grande relevância para odesenvolvimento de projetos de piscicultura.Até o presente momento, poucos peixes produzidos em cativeiros são alimentadoscom rações balanceadas, muitas das quais são deficientes em alguns nutrientes principalmentequanto às vitaminas e em especial o ácido ascórbico (vitamina C). Quando esses animais sãocultivados e restritos a um ambiente artificial, ficam quase que dependentes da suplementaçãoalimentar que contenha ácido ascórbico em quantidade suficiente para atender as suasnecessidades em cativeiro (NUNES et al.,1998). A importância do ácido ascórbico consiste,essencialmente, em promover o bom funcionamento do sistema imunológico dos peixes(WAAGBOE, 1994) e de fazer a inibição da peroxidação lipídica, atuando como antioxidantejuntamente com a vitamina E (SHARMA & BUETTNER, 1993). Sua carência ou ausênciacompromete a integridade do organismo e aumenta a susceptibilidade à doenças causadas porbactérias e vírus. A introdução de maiores níveis de ácido ascórbico na dieta de C.macropomum apresentou um papel benéfico em resposta ao estresse hipóxico, sendo que osanimais apresentaram um melhor crescimento e uma melhor conversão alimentar (CHAGAS,1998). As exigências nutricionais de vitamina C e as conseqüências da privação alimentar empeixes da Amazônia são assuntos pouco conhecidos, sendo necessário estudos para que sepossa obter os níveis ideais de ácido ascórbico requerido em espécies destinada ao cultivo.Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da ingestão de vitamina C sobre osníveis de estresse causado pela depressão alimentar em C. macropomum através da análisedos níveis de glicogênio e TBARS, do crescimento e do ganho de peso.Os animais foram adquiridos na fazenda Amazon Fish, transportados para oLaboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular - INPA e aclimatados em tanques comfiltro biológico e oxigenação constante sendo diariamente realizadas a manutenção dos140VlII Jornada de Iniciação Científica do INPA • 21 a 23 de Julho de 1999 • Manaus - AMtanques experimentais. Após a biometria, os exemplares de C. macropomum foram separadosem 3 grupos e distribuídos em 6 tanques com 16 indivíduos cada (n=16). Os peixes foramalimentados durante 60 dias com uma refeição diária que ocorria sempre às 13 horas, onde adieta oferecida aos 3 grupos apresentava níveis diferentes de ácido ascórbico (AA) (Grupo I -ração comercial; Grupo II - ração sem Vitamina C e Grupo III - ração com Vitamina C = 500mgAA/Kg), sendo as duas últimas rações elaboradas na Coordenação de Pesquisas emTecnologia de Alimentos -INP A. As quantidades de alimento consumi das diariamente foramregistradas, sendo que após este período a alimentação foi suspensa. Nos tempos O, 7 e 35dias de carência alimentar foram amostrados 3 indivíduos de cada tanque aleatoriamente,analisando-se o crescimento, o ganho de peso e os níveis de glicogênio e TBARS. Paradeterminação dos níveis de peroxidação dos lipídios (TBARS) foi usado a técnica descrita porOHKA WA, (1979). Os valores estão expressos em umoles de substância reativas ao ácido tiobarbitútrico (TBARS) por ml de sangue. A determinação da concentração de glicogêniohepático foi realizada segundo KEPPLER e DECKER (1974), com modificações. Os teoresestão expressos em umoles de unidades glicosil por g tecido úmido. Os níveis de glicose nofígado foram determinados através do sistema enzimático do GLUCOX 500 da marca DolesS.A, usando a micro técnica e estão expressos em milimolar. Os dados estão expressos comomédia ± erro padrão da média (SEM). A significância das diferenças entre as médias foiverificada através de análise de variância simples (ANOV A), assumindo o intervalo deconfiança de 5% (P<0,05).A tabela abaixo indica que os animais que receberam ácido ascórbico na suaalimentação apresentam um melhor ganho de peso quando comparados ao grupo que recebeuuma dieta sem vitamina C. O grupo que recebeu ração comercial obteve um melhordesempenho inicial e isto se deve ao fato que estes animais já estavam acondicionados ao tipode ração (pellet), ao contrário dos outros dois grupos que levaram 12 dias para se adptar aonovo tipo de ração. Vários estudos tem sido realizados para se determinar os níveisvitamínicos ideais para espécies sob cultivo (CHAGAS, 1998). Maiores níveis de vitamina C(500mg/kg) resulta numa resposta melhor ao estresse hipóxico, possibilita a regulação deparâmetros hematológicos e resulta num melhor crescimento.141VIII Jornada de Iniciação Científica do INPA • 21 a 23 de Julho de 1999 • Manaus - AMTabela 01 - Índices médios de crescimento em peso e comprimento furcal do tambaqui (Colossomamacropomum), obtidos no período experimental (Grupo I = ração comercial; Grupo 11= ração destituída deácido ascórbico e Grupo III = ração constituída de ácido ascórbico 500 mg/Kg). Os valores estão expressos comomédia ± erro padrão da média.GRUPO n Peso (g) Ganho de pes Comp. furcal Ganho de Biomassa Alim. Conv. Alim.I (%) (em) Comp. (%) produzida (g) ingerido (g) (g)Início 32 I 59,5±4,8 19,0±0.2 26,7 0.16O 6 202,6±11,8 27,0 19,9±0,6 4,5 161,97 6 183,7±18,6 15,1 19,4±0,8 1,8 90,935 6 I69,9±13,4 6,5 19,2±0,6 0,7 39,0GRUPO II n Peso (g) Ganho de pes Comp. furcal Ganho de Biomassa Alim. Conv. Alim.(%) (em) Comp. (%) produzida (g) Ingerido (g) (g)início 32 144,5±5,1 18,5±0,2 22,6 0.32O 6 161,3±11,9 11,6 19,1±0,4 3,4 69,67 6 I 58,9±7,7 9,9 18,8±0,4 1,7 59,735 6 I57,6±8,7 9,0 18,6±0,1 0,5 54,4GRUPOIlI n Peso (g) Ganho de pes Comp. furcal Ganho de Biomassa Alim. Conv. Alim.(%) (em) Comp. (%) produzida (g) Ingerido (g) (g)início 32 I43,9±5,2 18,4±0,22 17,5 0,20O 6 164,8±10,1 14,5 19,2±0,52 4,2 87,37 6 161,1±12,3 12,0 18,7±0,20 1,5 71,935 6 159,1±5,1 10,6 18,9±0,34 0,6 63,5Os níveis de produtos celulares oxidados encontrados no plasma de C. macropomumestão mostrado na Figura IA. No grupo que recebeu ração com vitamina C houve umadiminuição significativa (P<0,05) nos níveis de TBARS em função do tempo de carênciaalimentar. Na figura lB está apresentada a mudança na reserva de glicogênio hepático. Após.0, 7 e 35 dias de carência alimentar, as concentrações de gliocogênio hepático de cada grupodecresceram em função do tempo de carência, comparadas ao seu valor inicia, porém foi maisacentuada nos animais que receberam vitamina ç..As anális~s .de TBARS e glicogênio semostram importantes para a melhor compreensão do papel da Vitamina C, sob condições deestresse. Um dos efeitos mais importante do ácido ascórbico é o de inibir a peroxidaçãolipídica, no entanto depende da concentração usada, como demostrado ateriomente emtrabalhos "in vitro" e em experimentos com ratos (KIMURA, 1992). A duração do período derestrição alimentar e as condições experimentais podem influenciar na escolha do substratousado como fonte de energia metabólica alimentar. Trabalhos com outras espécies indicamque as reservas de glicogênio hepático e muscular foram totalmente diminuídas em 10 dias derestrição alimentar (MEHNER & WIESER, 1994).Os níveis de ácido ascórbico devem ser testados sobre situações de estresse. Oexperimenteencontra-se em andamento para futuras análises.142------,!iVIII Jornada de Iniciação Científica do INPA • 21 a 23 de Julho de 1999 • Manaus - AM16,'------------~,~---••==~ra-ça~-o-w-m-,e~1i A T, c:::::J sem Vil. I-E 14 ~ •• com Vil. Ir'lCii 11~ 12 ]E::t10~ro.oI- 8!~TI1 I! -I"I6o 7 35Tempo (diàs)r--.o 350"O'ü Bs 30001)E-- 250cn~oE 200:i'-'01) 150o~O 100•• Ração comere.E:JJ]J sem v it."wmvit.Io 7 35Tempo (dias)Figura 1. Níveis endógenos de TBARS (A) e concentração de glicogênio hepático (B) em Colossomamacropomum, alimentados com diferentes níveis de ácido ascórbico e expostos ao estresse causado pela carênciaalimentar em relação ao tempo.Almeida-Val, V. M. F. & VaI, A. L. 1995. Adaptação de peixes aos ambientes de criação. In:Criando Peixes na Amazônia. VaI, A. L. & Honczaryk, A. (eds.) Manaus, INPA. 45-59pp.Chagas, E. C. 1998. Efeito do ácido ascórbico (vit. C) sobre a resistência ao estresse hipóxicoem Colossoma macropomum (Cuvier, 1818). Monografia, Faculdade de CiênciasAgrárias/FUA. 32pp.Kimura, H.; Yamada, Y.; Morita, Y.; Ikeda, H. & Matsuo, T. 1992. Dietary Ascorbic Aciddepresses plasma and low density lipoprotein lipid peroxidation in geneticallyscorbutic rats. American institute ofnutrition J. 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Vitamina C Dietária em Colossoma Macropomum: Resistência ao  Estresse Causado Pela Depressão Alimentar

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