This study analyzed the diet of the Harpy Eagle (Harpia harpyja), including the
influences of seasonality and land cover (forest vs. deforested) in a 3 km buffer
around nests, and the frequency of occurrence and biomass of prey delivered to
nestlings and fledglings. The nests were located in areas of lowland forest in
settlements of Villa Amazônia (INCRA). Skulls, jaws and bones of prey consumed by
Harpy Eagles were collected on the ground beneath the nest trees and from the
nests at five sites between 2003 and 2005. Prey species were identified by
comparison to reference collections in the Paraense Museum (MPEG) and the
National Institute for Amazonian Research (INPA). Biomass of prey were estimated
using regression equations. Harpia harpyja consumed: Bradypus variegatus (39 %),
Choloepus didactylus (40 %), Callicebus hoffmannsi (4 %), Cebus apella (1 %),
Chiropotes albinasus (1 %), Pithecia irrorata (0.4 %), Coendou koopmani (2.4 %),
Didelphis marsupialis (0.8 %), Potos flavus (0.8 %) e Ara chloroptera (Aves) (0.4 %).
About 99 % of prey were arboreal, the rest arboreal/terrestrial, also most were of
habits solitary (84 %) and folivore (81 %). Sloths contributed with 86 % of the total
biomass estimated. The monthly biomass consumed was on average 6.5 kg, 3.6 kg,
3.5 kg, 3.2 kg e 3.2 kg, but when material collected from nests was considered, the
monthly biomass increased to 7.9 kg, 5.4 kg, 4.3 kg, 5.6 kg e 3.2 kg respectively, for
the nests of Nova Esperança, Quebra-Curuá, Murituba, Laguinho and Alternativo do
Ney. The number of individuals of sloths eaten was greater in the dry season. Harpy
eagle revealed to be a specialist Levin ́s trophic level index for Parintins region, that
is 0.105 for individuals and 0.069 for biomassa. Forest cover in the 3-km zone
around four of the nests averaged just over 50% and 92% around the fifth. The
amount of forest was reduced only about 1% during the course of the study, and
there was no relationship between the amount of available forest in the 3-km zone
around the nest and what was consumed by this eagle species in the different nests.O presente estudo analisou a dieta do gavião-real (Harpia harpyja), incluindo
influências da estacionalidade e da área de cobertura florestal sobre a composição,
a freqüência e a biomassa de indivíduos por espécie de presas trazidas pelo casal
para o filhote no ninho. Crânios, madíbulas e fragmentos de ossos de presas
consumidas pelo gavião-real que permanecem no solo sob a árvore do ninho e no
interior do ninho foram coletados entre 2003 e 2005. Os cinco ninhos estavam
localizados em florestas de terra-firme no Assentamento do INCRA – Vila Amazônia,
município de Parintins, Amazonas. As presas foram identificadas em comparações
com espécimes de coleções de referência no Museu Paraense Emilio Goeldi e no
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, para quantificar o número de
indivíduos por espécie de presa e a biomassa de cada indivíduo predado. A
biomassa das espécies predadas foi estimada por meio de equações de regressão.
As espécies de presas consumidas, em termos de proporção de indivíduos foram:
Bradypus variegatus (39 %), Choloepus didactylus (40 %), Callicebus hoffmannsi (4
%), Cebus apella (1 %), Chiropotes albinasus (1 %), Pithecia irrorata (0,4 %),
Coendou koopmani (2,4 %), Didelphis marsupialis (0,8 %), Potos flavus (0,8 %) e
Ara chloroptera (Aves) (0,4 %). Primatas não identificados pertencentes ao taxon
Cebidae/Pitheciidae perfazem um total de 5,2 %, enquanto Aves não identificadas,
4,6 %. Considerando os hábitos ecológicos das espécies predadas nos cinco ninhos,
99 % eram indivíduos arborícolas, 1 % terrestres/arborícolas, 81 % folívoros e 84 %
solitários. Em termos de biomassa, as preguiças foram as presas mais importantes
na dieta do gavião-real, contribuindo com 86 % da biomassa total estimada de
presas consumidas. A biomassa mensal consumida nos cinco ninhos foi em média
6,5 Kg, 3,6 Kg, 3,5 Kg, 3,2 Kg e 3,2 Kg, respectivamente para os ninhos Nova
Esperança, Quebra-Curuá, Murituba, Laguinho e Alternativo do Ney. Incluindo a
biomassa estimada das presas coletadas na limpeza dos ninhos, a biomassa mensal
aumentou para 7,9 Kg, 5,4 Kg, 4,3 Kg, 5,6 e 3,2 Kg. A dieta do gavião-real para a
região de Parintins, revelou que o uso de presas foi especializado, cujos valores de
amplitude de nicho trófico de Levins resultaram em 0,105 para número de indivíduos
e 0,069 para a biomassa das presas consumidas. As preguiças foram consumidas
com maior freqüência na estação seca. A cobertura florestal reduziu cerca de 1 % na
área de floresta no entorno dos ninhos durante o período de monitoramento, mas
não houve relação entre o tamanho de floresta disponível no raio de 3 Km e o que é
trazido para o filhote nos ninhos