“A Terra da Liberdade na Amazônia”: faces da história e memória do abolicionismo na antiga colônia agrícola de Nossa Senhora do Carmo de Benevides.

Abstract

Este artigo busca analisar a construção da imagem do município de Benevides, no estado do Pará, como sendo a “Terra da Liberdade na Amazônia”, slogan oficial da referida cidade. Em 1884, a então colônia agrícola de Nossa Senhora do Carmo de Benevides, através da Sociedade Libertadora de Benevides celebrou em meio aos moradores do lugar e personalidades ligadas ao abolicionismo na capital da província do Grão-Pará, a libertação dos escravos existentes na colônia. A partir do ocorrido, o território de Benevides era considerado livre da escravidão, tendo sido bastante comemorado na época, recebendo inclusive notas de congratulações na imprensa local, inclusive por parte dos periódicos menos afeitos à causa abolicionista. Acontece que, aos poucos a localidade passou a receber um número cada vez maior de escravos em fuga buscando viver em liberdade, o que passou a causar o incômodo entre os senhores de escravos da região. Benevides passou a não ser vista mais como um modelo a ser seguido, agora a desconfiança pairava sobre os colonos, tendo a atuação policial na repressão aos escravos em fuga como uma constante. No entanto, passado mais de cem anos desses acontecimentos, em meio às comemorações, nota-se um silenciamento quanto aos momentos de hostilidade vividos pelos moradores de Benevides em fins do Império

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