Composição, diversidade e distribuição espacial de epífitos vasculares em diferentes estágios sucessionais na floresta atlântica do sul de Santa Catarina, Brasil
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências
Ambientais da Universidade do Extremo Sul Catarinense
(UNESC), como requisito parcial para a obtenção do título de
Doutor em Ciências Ambientais.Os epífitos representam 9% de todas as plantas vasculares da terra, sendo encontrados
preferencialmente em florestas tropicais, representando 25% das espécies em muitos países.
Este estudo teve como objetivo analisar a composição, diversidade e distribuição espacial de
epífitos vasculares em diferentes zonas de forófitos e estágios sucessionais na Floresta
Ombrófila Densa no sul do Estado de Santa Catarina, propondo espécies para restauração
ecológica. O estudo foi realizado em três áreas da região sul do Estado, com as mesmas
fitofisionomias, incluindo todas as etapas sucessionais (inicial, médio e avançado). Um total de
45 forófitos foram amostrados (15 em cada área, cinco forófitos por estágio sucessional) usando
a técnica de escalada. Inicialmente, dados bibliométricos sobre epífitos vasculares no Brasil
foram obtidos utilizando duas bases de dados eletrônicas, SciELO e Web of Science. Para
verificar a abertura do dossel, foi utilizada fotografia hemisférica. Foram calculadas frequência
absoluta e relativa de cada segmento (fuste baixo, fuste médio, fuste alto, copa interna e copa
externa), cálculo para curva de rarefação, perfil de diversidade e Análise de Coordenadas
Principais (PCoA) para analisar a distribuição das espécies nos estágios sucessionais e por
segmentos dos forófitos. Para calcular a distribuição de epífitos e variáveis, foi realizada análise
de redundância baseada na distância (dbRDA). A indicação das espécies para restauração
ecológica foi realizada pelo teste qui-quadrado e pelo teste IndVal, e as frequências posteriores
foram calculadas por estágio sucessional. Encontramos 238 artigos sobre epifitismo no Brasil,
mostrando aumento no número de artigos ao longo dos anos. Microgramma squamulosa
(Kaulf.) De la Sota, Vriesea flammea L.B.m., Rhipsalis teres (Vell.) Steud tiveram o maior
valor de importância. A curva de rarefação mostrou assíntota tanto nos estágios sucessionais
quanto nos segmentos do forófito. O índice de diversidade apresentou valores mais elevados
para o estágio avançado, enquanto nos segmentos, os valores que contrastaram foram na copa
interna. Na análise de dbRDA, o estágio sucessional e o micro-habitat foram as variáveis mais
significativas. A PCoA apresentou diferenças na composição de espécies nos estádios
sucessionais, enquanto que para o micro-habitat a variação das espécies foi maior. Na etapa
sucessional 23 espécies apresentaram valores significativos e 22 espécies nas zonas ecológicas,
segundo o IndVal. O teste do qui-quadrado apresentou 14 espécies com valores significativos
em relação aos estágios sucessionais. Tem sido demonstrado que a persistência e rugosidade da
casca facilitam o estabelecimento de epífitos, além da temperatura e precipitação serem as
variáveis ambientais que mais influenciam na distribuição dos epífitos vasculares na Floresta
Atlântica. Embora os resultados não apresentaram uma resposta tão significativa quanto à
luminosidade e aos micro-habitats, outros gradientes microclimáticos não avaliados
(temperatura e umidade) podem ter uma resposta mais expressiva. Outro fator que pode estar
fortemente relacionado aos epífitos é a inclinação da copa do forófito, que pode facilitar a
estabilização das espécies. O uso de espécies epifíticas em áreas em processos de restauração
ecológica é uma maneira de acelerar a sucessão, principalmente pelo enriquecimento das
florestas. Pesquisas futuras podem envolver estudos que abordem a escassez de conhecimento
na relação entre epífitos vasculares e florestas em processo de restauração, principalmente em
relação à sobrevivência a longo prazo e à áreas em diferentes estágios sucessionais, fortalecendo
o conhecimento sobre o enriquecimento epifítico