Evolução de pacientes cirróticos pelo vírus da Hepatite C submetidos a transplante renal

Abstract

Background: The prevalence and clinical epidemiological profile of hepatitis C virus (HCV) infection has changed over time and the renal transplant (RTx) in cirrhotic patients is still a challenge. Aim: To verify changes in renal transplant recipients comparing two different decades and to analyze evolution of cirrhotic patients after the RTx. Material and methods: RTx with HCV referred to renal transplant from 1993 to 2003 (A) and from 2004 to 2014 (B) were retrospectively studied. Demographic and clinical characteristics and outcomes of decompensation, loss of graft and hepatic cause of death were compared between groups A and B as well as between cirrhotic (C) and non-cirrhotic (NC) patients. Results: Among 11,715 RTx, the prevalence of HCV was 7%in A and 4,9%in B. In the more recent period (B) mean age was higher (46.2 vs 39.5 years), with more males(72% vs 60.7%), larger number of deceased donors (74% vs 55%), higher percentage of previous renal transplant (27% vs 13.7%), less frequent history of blood transfusion (81% vs 89.4%), lower prevalence of HBV co-infection(4.7% vs 21.4%) and higher percentage of cirrhotic patients (13% vs 5%). Patients of group B more frequently underwent HCV treatment (29% vs 9%), less frequently used azathioprine (38.6% vs 60.7%) and cyclosporine (11.8% vs 74.7%), and more frequently used tacrolimus (91% vs. 27,3%). In the outcomes, graft loss had no difference between periods; however, decompensation was more frequent (p=0.007) and patient’s survival was lower in the more recent period (p=0.032). NC (n=201) and C (n=23) were compared. C patients were older (49 vs 41.6 y), with more males(87% vs 65%), greater number of previous RTx (48% vs 18%), lower use azathioprine (26% vs 54%), less use of cyclosporine (13% vs 46.5%), more use of tacrolimus (87% vs 55%), lower count of platelets x 1000 cells/mm3 (110 vs 187) and higher pré-RTx INR (1.20 vs 1.1).The Kaplan-Meier survival curves differed C vs NC only in hepatic decompensation. Cox regression analysis identified pre-transplant cirrhosis HR6.64, p<0.001 and the use of tacrolimus HR 3.17, p=0.041 as variables that were independently associated with decompensation. Conclusions: The profile of RTx with hepatitis C has changed over the last 20 years. Despite a decrease in the prevalence of HCV, new clinical challenges have emerged, such as a more advanced age and a higher prevalence of cirrhosis. Cirrhotic exhibit higher morbidity when submitted to RTx than non-cirrhotic, with a higher risk of hepatic decompensation. However, no difference was observed in liver-related mortality, suggesting that RTx is a feasible option in cirrhotics without decompensation, even if they have portal hypertension.Introdução:A prevalência e o perfil epidemiológico e clínico da hepatite por vírus C (HCV) têm mudado ao longo do tempo e o transplante renal (TxR) em pacientes cirróticos continua a ser um desafio. Objetivos:Avaliar as mudanças nos transplantados renais, comparando-os em duas décadas distintas e avaliar a evolução de cirróticos submetidos ao transplante.Casuística e Método: Estudo retrospectivo de pacientes transplantados renais com HCV no período de 1993 a 2003 (período A) e 2004 a2014 (período B). Características demográficas, clínicas e desfechos foram comparados entre os grupos A e B e foram avaliados os seguintes desfechos: óbito de causa hepática, sobrevida do enxerto e descompensação hepática. Os mesmos desfechos foram comparados entre cirróticos e não cirróticos. Resultados: Foram avaliados 11.715 TxR. A prevalência de hepatite C no período Afoi de 7,0% e no B, 4,9%. No período mais recente (B) observou-se: média da idade maior (46,2 vs. 39,5 anos), predomínio do gênero masculino (72 vs. 60,7%), maior frequência de doador falecido (74% vs. 55%) e transplante renal prévio (27% vs. 13,7%), menor frequência de história de transfusão de sangue (81% vs. 89,4%), menor prevalência de coinfecção HBV (4,7% vs. 21,4%) e porcentagem maior de pacientes cirróticos (13% vs. 5%); maior porcentagem de tratamento de HCV (29% vs. 9%), uso menor de azatioprina (38,6% vs. 60,7%) e Ciclosporina (11,8% vs. 74,7%), maior uso de tacrolimo (91% vs. 27,3%). Quanto aos desfechos, não houve diferença para perda de enxerto, porém, descompensação hepática foi mais frequente (p=0,007) e a sobrevida do paciente foi menor no período mais recente (p=0,032), quando comparado ao período anterior. Na análise comparativa entre (C) n=23 vs (NC) n=201, observou-se no grupo C, as seguintes variáveis estatisticamente significantes: idade mais avançada (49 ± 9 vs. 41,6 ± 12); maior frequência de homens (87% vs. 65%); maior taxa de TxR anterior (48% vs. 18%), menor uso da azatioprina na imunossupressão (26% vs. 54%); menor uso da ciclosporina (13% vs.46,5%); maior uso de tacrolimo (87% vs. 55%); mediana menor de contagem de plaquetas x 1000 céls/mm3 110 vs. 187, mediana maior de índice de RNI pré-TxR 1,20 vs.1,1. Quanto aos desfechos, houve diferença significativa apenas para descompensação hepática e os fatores preditivos desta ocorrência foram cirrose pré-TxR HR 6,64; p < 0,001 e uso de tacrolimo HR 3,17; p=0,041. Conclusões:Nos últimos 20 anos o perfil de transplantados renais com HCV modificou-se substancialmente. Embora tenha havido queda na prevalência, impuseram-se novos desafios clínicos e terapêuticos, como idade mais avançada e maior prevalência de cirróticos. Pacientes com cirrose compensada apresentaram maior morbidade (descompensações) quando submetidos ao TxR, comparados aos NC. A sobrevida do enxerto e a mortalidade de causa hepática não foram diferentes entre os grupos, sugerindo que o TxR é uma prática viável em pacientes cirróticos compensados, mesmo com hipertensão portal.Dados abertos - Sucupira - Teses e dissertações (2019

    Similar works

    Full text

    thumbnail-image