Doutoramento em Sociologia Económica e das OrganizaçõesEsta tese e dedicada ao estudo das condições de trabalho. Mais precisamente, analisa as
relações existentes entre a percepção que os trabalhadores fazem das suas condições de
trabalho, ou seja, das práticas de segurança e saúde vigentes nas empresas onde
trabalham e a sinistralidade laboral nelas ocorrida nos últimos três anos.
Como hipótese central da pesquisa admitimos a existencia de uma relação positiva entre
as percepções dos trabalhadores e os índices de sinistralidade (índice de frequência,
índice de gravidade e índice de avaliação de gravidade).
0 estudo empírico incidiu sobre oito empresas de cariz industrial, justificando-se esta
opção pelo facto de quase 50% dos acidentes do mundo laboral português ocorrerem
nestas actividades.
Em termos metodológicos a pesquisa recorreu a metodos e técnicas de natureza
qualitativa e quantitativa. Estes incluíram a análise de documentos das empresas,
(nomeadamente os relatórios de actividades dos serviços de saúde, higiene e segurança
no trabalho dos últimos anos), entrevistas semi-directivas a dirigentes empresariais ou
responsáveis pelos serviços de saúde e segurança no trabalho na empresa e urn inquérito
por questionário aplicado a 54% dos grupos profissionais do sector da produção das
empresas estudadas.
Teoricamente, o estudo alicerça-se num conceito de condições de trabalho que integra
factores intrínsecos ao conteudo do trabalho, factores extrinsecos ao próprio trabalho e a
participação e envolvimento dos trabalhadores.
Os resultados obtidos comprovam a hipótese central inicialmente formulada, ou seja, a
existência de uma correlação positiva entre a percepção que os trabalhadores fazem das
suas condições de trabalho e a sinistralidade laboral. Assim, quanto menores são os
índices de frequência de acidentes de trabalho, gravidade (dias perdidos) e avaliação de
gravidade (número de dias perdidos, em media, por acidente de trabalho ), mais positivas
sao as percepções dos trabalhadores sobre as suas condições de trabalho no seio das
empresas Portuguesas.
This thesis focuses on the study of working conditions. More specifically, it analyses
the current relationship between employees' perceptions of their working conditions,
namely the health and safety practices in force in the companies where they work, and
the accidents at work which have occurred over the past three years.
The central hypothesis of our research is that there exists a positive correlation between
employees' perceptions and the rate of accidents (frequency, severity and severity
assessment).
The empirical study covered eight industrial companies, justified by the fact that almost
50% of accidents in the Portuguese labour market occur in these industries.
As regards methodology, the research used both qualitative and quantitative techniques,
including the analysis of company documents, (health service, hygiene and safety at
work reports from the last few years), semi-directed interviews of company directors,
company health service and safety officers and a questionnaire given to 54% of the
professional groups from the production sector of the companies studied.
Theoretically, the study is based on a concept of working conditions which combines
factors intrinsic to the nature of the work, factors extrinsic the work itself and the
participation and involvement of employees.
The results obtained prove the central hypothesis formulated initially, namely that there
exists a positive correlation between the perception that employees have of their
working conditions and accidents at work. Thus, the lower the rates and frequency of
workplace accidents, their severity (working days lost) and severity assessment (number
of days lost, on average, per workplace accident), the more positive are employees'
perceptions of their working conditions within Portuguese companies