INTRODUÇÃO: O CrossFit é caracterizado por movimentos funcionais constantemente variados realizados
a uma intensidade elevada. Apesar da sua popularidade, os dados científicos sobre a sua prática e efeitos
são escassos. Logo, o objetivo desta investigação foi: 1) Caracterizar a resposta fisiológica a tarefas típicas
de CrossFit®; 2) Averiguar o efeito de um período de treino de CrossFit® nas capacidades aeróbia e
anaeróbia.
MÉTODOS: Participaram 12 atletas do sexo masculino no estudo I (Idade: 28,67 ± 5anos; Peso: 75,34 ±
8,26kg; Altura: 175,5 ± 6,10cm; %MG: 10,64 ± 3,30%; MIG: 65,07 ± 6,10kg; ̇O2PICO: 49,33 ± 4,23ml.kg-
1min-1) e 8 atletas no estudo II (Idade: 28,62 ± 7,63anos; Peso: 78,39 ± 10,03kg; Altura: 175,9 ± 4,28cm;
%MG: 12,51 ± 5,33%; MIG: 65,05 ± 4,85kg; ̇O2PICO: 48,88 ± 4,91ml.kg-1min-1;). O estudo 1 envolveu a
caraterização da resposta fisiológica a duas tarefas típicas da modalidade, executados de modo a que o
tempo da sua realização seja o mínimo possível, (Wod1: 3x (500metros em remoergómetro + 12 x Peso Morto
+ 21 saltos para a caixa com 61cm e Wod2: (21 x Peso Morto + 21 x “HSPU”) + (15 x Peso Morto + 15 x
“HSPU”) + (9 x Peso Morto + 9 x “HSPU”) e a verificação da sua associação com parâmetros da capacidade
aeróbia e anaeróbia para o que realizaram dois testes laboratoriais, um progressivo máximo e supramáximo.
Nos testes laboratoriais, todos os atletas foram avaliados em passadeira, sendo as trocas gasosas
quantificadas com a utilização de um analisador portátil (Metamax 3B, Cortex, Alemanha). A concentração
de lactato no sangue [La-] foi medida usando o dispositivo portátil Lactate Pro 2™ (Arkray, Koji, Japão). A
estimativa do custo aeróbio foi realizada a partir do volume de oxigénio acumulado utilizado durante a tarefa
(WAER). A estimação da componente anaeróbia lática (W[La-]) foi realizada levando em conta o gradiente de
lactatemia antes e depois do esforço a caracterizar. O custo anaeróbio alático (WALA) foi calculado a partir da
fase rápida da curva de V̇ O2 de recuperação (EPOCRAPIDO). De modo a modelar a curva do V̇O2 (ml.kg-1.min-
1) para estimação da respetiva cinética, os dados foram recolhidos no modo “respiração a respiração” e
sujeitos a uma modelação monoexponencial. No estudo 2 foram determinados os mesmos parâmetros
fisiológicos antes e após 6 semanas de treino de CrossFit® tipificado e após 3 semanas de destreino. Foi
ainda avaliado, nos mesmos momentos, o desempenho e a resposta fisiológica ao Wod1.
RESULTADOS: No estudo I, a contribuição energética relativa (WAER; W[La-] e WALA) foi, no Wod1, 73,75 ±
3,4%; 17,61 ± 3,9% e 8,63 ± 4,9%, e no Wod2 46,83 ± 13,5%, 36,45 ± 14,2% e 16,7 ± 8% manifestando
predominância do sistema aeróbio em ambos. As diferenças são decorrentes da duração exigida para a
realização de cada um. No Wod1 foi encontrada uma correlação positiva entre a DuraçãoTOT e a constante
temporal da cinética do V̇O2(tp) (r=0.582; p = 0.046), denotando a importância das adaptações aeróbias
musculares para o desempenho. No Wod2 o V̇O2PICO mostrou-se associado à DuraçãoTOT (r=0,635; p=0,027),
provavelmente indicando que o melhor desempenho depende das adaptações anaeróbias dos indivíduos.
Relativamente ao estudo II, foram verificadas diferenças significativas no teste progressivo em: ̇O2PICO
(ml.kg-1.min-1) (p = 0,000; +4,6% [pré - pós]); ̇O2PICO (L.min-1) (p = 0,016; +4,3% [pré - pós]) and LV2 (p =
0,000; +4,4% [pré - pós]) e no teste supramáximo, em: ̇O2PICO (ml.kg-1min-1) p = 0.03; [+4,4%]) e no ̇O2PICO
(L.min-1) p = 0.03; [+4.8%]). Ainda no supramáximo, verificou-se um decréscimo da capacidade anaeróbia
dos momentos de pré e pós treino para o destreino (p = <0,05). No Wod1 observou-se uma melhoria na
vi
DuraçãoTOT do Wod1 (p=0.000 [-3.3%]) diminuição significativa na FCPICO (bat.min-1) (p=0.010[-4.69%]);
%FCPICO (p=0.014 [-5,29%]); ̇O2PICO (p=0.009 [-7,38%]) . Simultaneamente, verificou-se um aumento da
contribuição do WAER (p=0.028; [+4,45%]). Relativamente à ̇O2k (intensidade moderada), observaram-se
diferenças significativas ao nível da Ap (p=0.042); tdp (p=0.023) do pré para o pós treino e do pré-treino para
o destreino (p=0,017) e (p=0,022) respetivamente. Na ̇O2k na intensidade supramáxima verificaram-se
diferenças do pós-treino e pré-treino para o destreino na Ap (p=0.030 [pós]; p=0,046[pré]); ̇O2PICO (ml.kg-
1.min-1) (p=0.043 [pós]; p=0,045[pré]).
CONCLUSÃO: Tanto quanto sabemos este é o primeiro estudo a caracterizar a resposta fisiológica a tarefas
típicas de CrossFit® e averiguar o efeito de um período de treino de CrossFit® nas capacidades aeróbia e
anaeróbia. Os dados indicam uma alta taxa metabólica no CrossFit®. Embora os exercícios com cargas
adicionais elevadas exijam intensidades quase máximas sendo dominantemente anaeróbias, o elevado
volume dos exercícios tornam a exigência dos Wod’s mais dependente da capacidade anaeróbia, mas
também da potência aeróbia. Quer sejam longos (>10min) ou curtos (<2:30min), os Wod’s promovem
concentrações láticas muito altas. Os dados também mostram que seis semanas de CrossFit®, induzem
mudanças positivas nos indicadores cardiorrespiratórios e metabólicos, e que um período de destreino de
três semanas é suficiente para causar perdas significativas nestes mesmos indicadores, no desempenho,
assim como alterações na composição corporal.PURPOSE: CrossFit is characterized by high intensity, constantly varied, functional movement. However,
scientific data regarding the practice of CrossFit is sparse. Therefore, the aim of this study was to: 1)
characterize the physiological response in different CrossFit® Wod's and 2) to evaluate training effect in six
weeks on aerobic and anaerobic capacity’s.
METHODS Twelve male athletes participated in study I (Age: 28,67 ± 5.00yrs; Height: 175,50 ± 6.10cm;
Weight: 75,34 ± 8,26kg; %BF:10,64 ± 3,30%; FFM: 65,07 ± 6.10kg; V̇O2PEAK: 49,33 ± 4,23ml.kg-1min-1) and
8 athletes in the study II (Age: 28.62 ± 7.63 years; Weight: 78.39 ± 10,03kg; Height: 175.9 ± 4.28cm;%BF:
12.51 ± 5.33; FFM: 65,05 ± 4,85kg; V̇O2PEAK: 48.88 ± 4.91ml.kg-1min-1; 3,82 ± 0,33L.min-1). Study I involved
characterization of physiological response to two typical workouts (Wod’s), performed as quickly as possible
(Wod1: 3x (500m on an indoor rower + 12x Dead Lifts + 21x box jump at 61cm and Wod2 (21x Dead Lifts +
21x HandStand Push-Up “HSPU”) + (15x Dead Lifts + 15x “HSPU”) + (9x Dead Lifts + 9x “HSPU”) and identify
its association with aerobic and anaerobic capacity parameters for which two laboratory tests were performed,
a maximal incremental test and a supramaximal test (110% Maximal Aerobic Speed). In the laboratory test,
all athletes were evaluated on a treadmill, where the gas exchanges being quantified with the use of a portable
analyzer (Metamax 3B, Cortex, Germany). Blood lactate [La-] was measured using the Lactate Pro 2 ™
portable device (Arkray, Koji, Japan). The estimation of aerobic cost (WAER) was performed from the
accumulated oxygen volume used during the task. The estimation of lactic anaerobic component (W[La-]) was
performed by taking into account the gradient of lactatemia before and after the effort to be characterized.
The alactic anaerobic component (WPCR) was calculated from the V̇ O2 fast recovery phase curve (EPOCFAST).
In order to modelling V̇O2 kinetics curve, data were collected by breath-by-breath mode and exposed to a
monoexponential modelling. In study II, the same physiological parameters were determined before and after
6 weeks of CrossFit® training, and after 3 detraining weeks. Was also assessed at the same period, the
performance and physiological response to Wod1.
RESULTS: In study I, the relative energy contribution (WAER; W[La-] e WPCR) was, in, Wod1, 73,75 ± 3,4%;
17,61 ± 3,9% e 8,63 ± 4,9%, e no Wod2 46,83 ± 13,5%, 36,45 ± 14,2% e 16,7 ± 8% revealing aerobic system
predominance in both Wod’s. The differences are due to the duration required for each one. In Wod1, a positive
correlation was found between TimeTOT and the time constant of V̇ O2 kinetics (tp) (r=0.582; p=0.046),
indicating the meaning of aerobic muscular adaptations for the performance. In Wod2 V̇ O2PEAK was associated
to TimeTOT (r=0,635; p=0,027), denoting probably that the best performance depends of the anaerobic
adaptations of the athletes. Regarding to study II, significant differences were shown in the maximal
incremental test in: V̇ O2PEAK (ml.kg-1.min-1) (p=0,000; +4,6%[pre - post]); V̇ O2PEAK (L.min-1) (p=0,016; 4,3%[pre
- post]) and VT2 (p=0,000;4,4% [pre - post]), and in the supramaximal test in: V̇ O2PEAK (ml.kg-1min-1) p=0.03
[+4,4%]) e no V̇ O2PEAK (L.min-1)p=0.03 [+4.8%]). Yet, in the supramaximal test there was a decrease in the
anaerobic capacity from pre and post training to detraining (DT)(p=<o.05). In Wod1, an improvement in
TimeTOT (p=0.000 [-3.3%]) was observed; significant decrease in HRPEAK (bpm) (p=0.010 [-4.69%]); % HRPEAK
(p=0.014 [-5,29%]); V̇O2PEAK (p=0.009 [-7,38%]). Simultaneously, there was an increase in WAER contribution
(p=0.028; [+4,45%]). Concerning to à V̇O2k (moderate intensity), significant differences were observed at Ap
iv
(p=0,042); tdp (p=0,023) from pre to post training and from pre-training to DT (p=0,017); tdp (p=0,022)
respectively. At V̇O2k (supramaximal intensity) showed significant differences from post and pre-training to
detraining (DT) in Ap (p=0,030[post]; p=0.046[pre]); V̇O2PEAK (ml.kg-1.min-1) (p=0,043[post]; p=0.045 [pre]).
CONCLUSION: To the best of our knowledge, this is the first study to characterize the physiological response
to typical CrossFit® Wod’s and to investigate the effect of CrossFit® training period on aerobic and anaerobic
capacity’s. Data indicate a high metabolic rate in CrossFit®. Although exercises with high additional loads
require almost maximum intensities to be anaerobic dominance, the high volume of exercises makes the
Wod’s supplies more anaerobic capacity dependence, but also aerobic power. Whether long (> 10min) or
short (<2:30min), Wod's endorse very high lactic concentrations. Data also shows that six weeks of CrossFit®
induce positive changes in cardiorespiratory and metabolic indicators and that three week detraining period
is enough to cause significant losses in these same performance indicators as well as changes in body
composition